Eu sei que Paris é cidade pra uma viagem inteira, mais de uma, até. Mas usá-la de base para fazer bate-voltas por outras cidades francesas (e uma belga de brinde!) é uma boa para quem quer variar um pouco o cenário.
Os roteiros aqui embaixo são facilmente percorridos de trem em menos de duas horas, ou seja, pegando um trem bem cedinho (tipo 8h) dá para chegar na cidade a tempo de fazer o desjejum em um café fofo, curtir o dia com calma e voltar tranquilinho para dormir em Paris, ainda.
E o melhor: rola de fazer tudo isso gastando pouco! Pesquisando com antecedência de pelo menos três meses dá para achar tarifas bem amigáveis no site da ferrovia francesa SNCF. Veja mais sobre os destinos:
1. Paris – Estrasburgo (2h10min)
Chega-se de TGV (trem de alta velocidade) a esta cidade na fronteira com a Alemanha cuja arquitetura é tão germânica que você pode até esquecer que ainda está em solo francês.
Só uma visita à linda Catedral da cidade (que foi o mais alto edifício do mundo entre 1625 e 1874!) já valeria a viagem. Mas para completar, as ruas de paralelepípedo são cortadas por canais e ladeadas por brasseries que servem receitas regionais deliciosas, misturando o melhor da gastronomia alemã e francesa.
Este bate-volta fica mais legal ainda no fim do ano, quando a cidade abriga o maior mercado de Natal da França e o clima natalino ganha as vitrines.
Nos chalés do mercado, delícias como raclettes (peças enormes de queijo derretidas e raspadas sobre torradas ou batatas), tarte flambée (misto de pizza e crepe, com bastante queijo, bien sûr) e muito glühwein/vin chaud, o vinho quente local, cheio de especiarias. Sabe como nós, brasileiros, somos os melhores do mundo em Carnaval? Então: pois eu acho que são os alsacianos de Estrasburgo os melhores em Natal.
2. Paris – Reims (45min)
Como não amar uma tacinha de champagne? A cidade na região produtora da bebida também tem sua Catedral gótica, uma das mais famosas da Europa, programão incontornável.
Mas Reims fez fama mesmo por suas caves renomadíssimas, como a Maison Veuve Clicquot, a Piper-Heidsieck e a G.H. Mumm. Em um dia inteiro dá para conhecer duas caves e provar várias taças de alguns dos espumantes mais desejados do mundo.
Não esqueça de reservar o tour pelo site antes de ir. Os preços dos passeios variam muito. Podem custar a partir de € 10 mas o preço aumenta de acordo com os rótulos escolhidos para a degustação: a Veuve Clicquot tem tours até de € 90!
De quebra inclua uma visita às das caves para comprar souvenirs como taças, coolers e, é claro, garrafas e mais garrafas do líquido precioso. Tudo isso sem a preocupação da Lei Seca, afinal, pra quê chegar perto do volante se um trem moderníssimo te leva até Paris em menos de uma horinha?
3. Paris – Nantes (2h)
Um gostinho da Bretanha em apenas um dia. Para quem não tem tempo de explorar esta região do norte da França, um bate-volta até Nantes dá uma prévia do que se encontra por ali.
Ok, ok, Nantes não faz mais parte do departamento da Bretanha desde o final da 2ª Guerra Mundial. Mas a alma bretã da cidade se faz muito presente na arquitetura e também na gastronomia, com dezenas de brasseries à moda antiga servindo as típicas galettes bretonnes.
O gracioso centro da cidade guarda joias como o Château des ducs de Bretagne, um verdadeiro castelo do Loire bem no meio do centro urbano, e a galeria Passage Pommeraye, quase um protótipo de shopping de 1840.
Para completar um dia tranquilo de passeio na cidade, encaixe no roteiro uma passadinha no Musée Jules Verne, todo dedicado ao autor do clássico Vinte Mil Léguas Submarinas.
4. Paris – Fontainebleau (40min)
Esse roteiro aqui é feito em trens intermunicipais, os Transiliens, cuja passagem só pode ser comprada nas próprias estações, e não online. O trem parte da Gare de Lyon em intervalos regulares (cheque os horários no site da companhia). Em apenas 40 minutos chega-se à estação Fontainebleau-Avon, ao sul de Paris.
Como o centro da cidade não fica próximo à estação, pegue a linha 1 dos ônibus locais no sentido “Les Lilas” até a parada “Château”. E prepare-se para encontrar um encanto de cidade ao descer do coletivo.
A pracinha central é um charme, com pequenos bistrôs e lojinhas autênticas de uma pequena cidade do interior. Um carrossel bem antigo no centro da praça principal coroa o cenário.
Dali até o famoso castelo da cidade é um pulinho, dá para ir a pé. A cidade abriga o Château de Fontainebleau, um ótimo contraponto a Versalhes.
Isto porque, enquanto o irmão mais famoso é todo cheio de adornos dourados e vive coalhado de turistas do mundo todo, este é bem menos conhecido e quase nunca fica lotado, apesar de toda sua grandiosidade e importância histórica.
Dá pra se sentir praticamente uma rainha (ou rei) ao visitar, praticamente sozinha, os cômodos decorados, os maravilhosos jardins a perder de vista, o bucólico lago ao lado do pátio…
5. Paris – Bruxelas (1h25min)
Acho que uma das cidades mais subestimadas que já visitei é Bruxelas. Embora turistas amem Bruges, Ghent e Antuérpia, a capital belga ainda é meio que o patinho feio do país e poucos viajantes se dignam a ir até ela.
Pois eu acho que eles estão perdendo uma cidade super vibrante, que sabe rir de si própria e das suas contradições. Tem prédios feiosos de concreto armado ao lado de belezuras de fachadas rococó? Tem, é verdade. Mas eu acredito mesmo que é essa mistura que faz Bruxelas interessante.
E a exuberância da Grande Place, de longe a praça mais linda que eu já vi, deve agradar os turistas mais tradicionais em busca de pontos turísticos bem fotogênicos.
Não se apaixonou ainda por Bruxelas? Nada que uma paradinha nas chocolaterias Godiva (a primeira loja nasceu na Grand Place em 1926) ou Neuhaus (minha favorita!) não resolva.