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Qatar: melhor época, hotéis, restaurantes, passeios e mais

Por Adrian Medeiros
Atualizado em 20 nov 2022, 14h53 - Publicado em 3 ago 2022, 18h25

A pequena península que se projeta do oeste da Arábia Saudita em direção ao Golfo Pérsico viu tudo mudar nas últimas duas décadas. As terras planas e desérticas do Qatar, quase inóspitas, eram povoadas por pescadores, criadores de pérolas e camelos até os anos 1940. A descoberta e a exploração do petróleo trouxe um afluxo de recursos que transformaria a paisagem de vez. Hoje, o país tem um dos maiores PIB per capita do planeta e investe seus lucros para garantir seu futuro quando as jazidas de óleo e gás se esgotarem.

O Qatar vem criando estrutura e meios para tornar-se um pólo cultural, educacional e tecnológico dentro do Oriente Médio, mais ou menos nos mesmos moldes que seus vizinhos dos Emirados Árabes Unidos. Em 1996, o governo inaugurou a rede de TV Al Jazeera, a maior do mundo árabe, transmitindo em árabe e em inglês. Foi nesse período que a antes calma Doha, sua capital, se transformou numa metrópole frenética e moderna, com um skyline de prédios caros e arquitetura ousada.

E foi pela soma de todas essa ambições que o país conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022, a primeira em um país da região. Mais de um milhão de turistas são aguardados nas cinco cidades-sede: Doha, Al Khor, Al Rayyan, Al Wakrah e Lusail – esta última foi construída especialmente para a Copa, e abrigará em seu moderníssimo estádio os jogos de abertura e encerramento. No total, serão oito os estádios, climatizados, destinados aos jogos das 32 seleções.

Embora se abra cada vez mais para o mundo, o Qatar pede atenção nas restrições impostas pela lei islâmica, como a separação de sexos nos quartos de hotel (um problema para casais de namorados), a proibição de bebidas alcóolicas, a moderação nas roupas. Sem contar a total impossibilidade de manifestações públicas de casais LGBTQIA+.

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QUANDO IR

As temperaturas são muito altas no verão, podendo passar bastante dos 40ºC entre junho e setembro – por conta disso, aliás, a Copa do Mundo de 2022 não será nos tradicionais meses de junho e julho, mas em novembro e dezembro, no outono. Começa aí o melhor período para visitar o país, estendendo-se até abril e maio.

COMO CHEGAR

O Qatar vem se consolidando como um importante hub aéreo para as viagens entre o Brasil e destinos asiáticos, dentro e fora do Oriente Médio. A Qatar Airways possui não só excelentes equipamentos, como serviço impecável. Aliado ao moderníssimo e eficiente aeroporto de Doha, tudo fica mais fácil. O voo direto entre São Paulo e Doha pela Qatar dura a partir de 14 horas. Curiosamente, voos com uma escala em Dubai (Emirates), Londres (British Airways) e Paris (Air France), entre outros, podem sair mais baratos.

Doha, Qatar
Aérea de Doha: modernidade e tradição andam juntas no Qatar. (Kazuo Ota/Unsplash)

COMO CIRCULAR

Parte do pacote de obras para a Copa do Mundo, o metrô de Doha promete revolucionar o transporte público na capital. Em funcionamento desde 2019, os trens atingem até 100 km/h e são equipados com câmeras internas e wi-fi gratuito. O sistema liga o Aeroporto Internacional Hamad de Doha com cinco dos oito estádios que receberão os 22 jogos do campeonato mundial. Em Doha, o metrô contempla três linhas (Vermelha, Verde e Dourada), que atravessam cerca de 76 km. Há ainda uma linha de trem ligando a linha vermelha à estação de Lusail, palco da abertura e encerramento da Copa. A Qatar Rail vende bilhetes de viagem única (QR$ 2, cerca de US$ 0,55) e de um dia (QR$ 6, US$ 1,65), além de um cartão pré-pago.

Nos lugares ainda não atendidos, vale se deslocar de Uber ou táxi. Para rumar para outras cidades do país, os turistas não precisam vencer grandes distâncias – com 11.500 quilômetros quadrados, o Qatar é menor que a cidade de Pequim, por exemplo, e muitos dos roteiros podem ser feitos de táxi ou com carro alugado (é necessário tirar carteira de habilitação internacional).

PASSEIOS

No Distrito Financeiro de Doha fica o cartão-postal do país, com suas torres futuristas alinhados à beira da baía. O fausto pode ser apreciado com lentidão ao longo da Corniche, calçadão de sete quilômetros de extensão à beira-mar que pode ser percorrido a pé ou de bike. De lá também se vê à distância, numa ilha própria, o edifício arrojado do Museu de Arte Islâmica, que guarda a maior coleção de arte do gênero no mundo. Ele é cercado pelo MIA Park, onde famílias se espalham pelo gramadão para fazer piqueniques com vista para a baía. A mesma região foi escolhida para a criação da Flag Plaza, inaugurada em outubro de 2022 com as bandeiras de 119 países e entidades que possuem missões diplomáticas no Qatar.

Barcos com o skyline de Doha, no Qatar, ao fundo
Barcos tradicionais podem ser vistos ao longo da Corniche, com os arranha-céus ao fundo. (waseemlazkani/Pixabay)

Mas a principal novidade de Doha é o National Musuem of Qatar, prédio de arquitetura arrojada desenhado por Jean Nouvel que abriu as portas em março de 2019. A exposição começa com o artefato mais antigo encontrado no país, o fóssil de um peixe de 400 milhões de anos, e segue até os dias de hoje ao longo de onze galerias. Através de recursos imersivos e multimídia, o espaço aborda desde a cultura beduína e a tradição do mergulho para apanhar pérolas até a descoberta e a exploração do petróleo.

National Museum of Qatar, Doha, Qatar
A arquitetura arrojada do National Museum of Qatar. (Jirayu Koontholjinda/Unsplash)

De lá, rume para o secular Souq Waqif, mercado labiríntico onde se pode pechinchar o preço de temperos, frutas e roupas. A porção mais recente do souq é composta por dezenas de lojas de ouro que expõem em suas vitrines exemplos luxuosos da joalheria qatari. Uma opção é estender o passeio até Mshreibe Downtown, considerado o novo centro de Doha. O bairro em desenvolvimento mescla arquitetura contemporânea, grandiosas mesquitas e mansões em estilo árabe.

Na programação cultural, inclua também a Katara Cultural Village, um complexo de entretenimento que reúne teatros, galerias e salas de espetáculo. Ali, a 21 High Street funciona desde março de 2019 como uma espécie de shopping de luxo ao ar livre. Aproveite para espiar duas mesquitas próximas: a Golden Mosque, com azulejos dourados, e a Katara Mosque, com azulejos de cerâmica ornamentados. Ali também fica a Katara Beach, principal praia pública da cidade. Um pouco mais ao norte, a Pearl-Qatar é uma ilha artificial na West Bay apelidada de “Riveira Árabe” que ostenta outras tantos luxos em meio a lojas, shoppings e restaurantes.

Katara Cultural Village, Doha, Qatar
Enquadramentos no Katara Cultural Village. (Visit Qatar/Unsplash)

A maior mesquita do país, Imam Muhammad bin AbdulWahhab Mosque, possui mais de vinte cúpulas em seu telhado que recebem iluminação especial durante a noite. O interior do templo religioso, que não possui grandes ornamentos, pode ser visitado fora dos horários de oração, mas a visita deve ser marcada com antecedência através de agências de turismo locais. Mais afastados do centro de Doha, o Arab Museum of Modern Art tem uma vasta coleção de arte ligada à cultura árabe e o 3-2-1 Qatar Olympic and Sports Museum, inaugurado em 2022, conta a história do esporte e dos Jogos Olímpicos e destaca atletas e modalidades praticadas no Qatar.

Doha é colada em Lusail, que foi construída especialmente para a Copa do Mundo. Assim como a vizinha, a cidade também possui um calçadão à beira-mar, a Marina Promenade, que desemboca nos quase 70 foodtrucks que compõem a Food Arena. Shopping de luxo também não poderia faltar: o Place Vendôme Mall teve a arquitetura inspirada na Rue de La Paix em Paris, reúne quase 600 lojas e realiza um show de águas dançantes a cada hora das 19h às 23h. Para ver um pouco de verde, rume para o Crescent Park. Mas o cartão-postal da cidade já são as Katara Towers, torres gêmeas que futuramente abrigarão hotéis das redes de luxo Fairmont e Raffles.

Lusail, Qatar
Katara Towers, o cartão-postal de Lusail. (Jirayu Koontholjinda/Unsplash)

Uma viagem mais longa – cerca de 100 quilômetros de Doha –  leva a outra época ao forte de Al Zubarah, patrimônio mundial da Unesco. O sítio arqueológico guarda as ruínas de um vilarejo que prosperou com a pesca e o comércio de pérolas nos séculos 18 e 19. Doha também é base para vários passeios no deserto a bordo de um 4×4. Uma dessas jornadas, a 60 quilômetros da capital, leva às paisagens únicas de Khor Al Adaid, onde as areias do deserto encontram o mar.

ONDE FICAR

Na hora de planejar a estadia, fique atento a um detalhe fundamental neste país islâmico: homens e mulheres sem grau de parentesco comprovado não podem dividir quarto – um casal de namorados, por exemplo, precisa reservar dois deles. Os albergues também são divididos, com estabelecimentos exclusivos para cada sexo.

Com muitos dólares na conta, dá para aproveitar os luxos do extravagante Mondrian Doha, com mais de 200 quartos distribuídos em 24 andares. Ele fica perto da Pearl-Qatar, mesma região escolhida pelas grandes bandeiras hoteleiras Ritz-Carlton, Grand Hyatt e Hilton. No centro comercial, uma opção é o Wyndham Doha West Bay, enquanto o Four Seasons fica no Corniche e possui quartos inteiramente em branco e azul que foram renovados em 2020.

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Mas a última adição à hotelaria de luxo de Doha é o Banyan Tree, inaugurado em 2021. As suas acomodações suntuosas possuem janelas que vão do chão ao teto emoldurando as vistas do Golfo Pérsico. A novidadeira de Mshreibe Downtown também guarda hotéis novinhos em folha. É o caso do moderno Park Hyatt e do Mandarin Oriental, que homenageia a arquitetura típica do país em detalhes da decoração e possui uma piscina na cobertura com vista para o pôr-do-sol.

Espalhadas pelo Souq Waqif estão diferentes propriedades boutique do Tivoli, todas remetendo a mansões em estilo árabe. Uma delas é o Bismillah Hotel, o mais antigo da cidade, em operação desde a década de 1950. Seus quartos possuem varandas com vistas para o souk.

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ONDE COMER

Toda a riqueza e ambição do Qatar levaram ao país vários restaurantes premiados e de renome, muitos deles instalados dentro de hotéis de luxo. O Nobu Doha é o maior da rede mundial, ocupando a marina privado do hotel Four Seasons, com vista para o Golfo. O La Mar, do chef Gastón Acurio, está no Intercontinental, enquanto o contemporâneo Market, do chef Jean-Georges Vongerichten’s, fica no W. Esse mesmo hotel guarda o elogiado COYA, de culinária peruana. 

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Na ilha que abriga o Museu de Arte Islâmica, o IDAM, do chef Alan Ducasse, tem decoração bolada por Philippe Starck e fusiona pratos mediterrâneos com sabores do Oriente. No Pearl-Qatar, o chef estrelado pelo guia Michelin Akrame Benallal comanda a cozinha do Shirvan Métisse, cujo menu é inspirado na Rota da Seda.

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Outras experiências gastronômicas podem ser encontradas nos restaurantes e cafés do Souq Waqif, com ênfase em ingrediente e pratos locais. Primeiro restaurante aberto por uma mulher no país, o Shay Al Shoomos é especializado no ragag, pão fino como um papel servido com queijo e mel, e no balaleet, aletria aromatizada com açúcar, cardamomo e água de rosas coroada com um omelete. O Parisa serve culinária persa em um salão repleto de mosaicos e arabescos coloridos, enquanto o Damasca One foca em pratos tradicionais da Síria. Com bom custo-benefício, o Bandar Aden é famoso pelo preparo de um prato típico do Iêmen chamado mandi, que consiste em carne e arroz cozinhados com especiarias debaixo da terra.

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DOCUMENTOS

Desde 2017, o Qatar não exige mais visto de trânsito para brasileiros – o que facilitou a vida para a Qatar Airways em voos de conexão em Doha. Para o turismo, entretanto, a exigência segue valendo, mas foi simplificada: na chegada, basta apresentar um passaporte com validade de no mínimo seis meses e um bilhete de ida ou de volta confirmado. Para brasileiros, a permanência é de 30 dias, com possibilidade de prorrogação e de múltiplas entradas. As restrições relacionadas à Covid-19 foram suspensas no dia 1º de novembro de 2022.

DINHEIRO

A moeda oficial é o Rial Catarense (QAR$ 1 = US$ 0,27). Alguns estabelecimentos aceitam dólares, mas saiba que o troco será calculado por uma cotação mais alta.

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