Torre de Londres guarda histórias sangrentas e joias da realeza

Construção de quase mil anos de história já funcionou como prisão, residência real e zoológico. Hoje, as joias da monarquia britânica são guardadas lá

Por Valentina Bressan
23 abr 2025, 10h00
Torre de Londres
Às margens do Tâmisa, a White Tower foi a primeira construção do complexo que hoje é a Torre de Londres (David Stanley/CC BY 2.0/Flickr)
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No século 16, dificilmente alguém acreditaria que, no futuro, a Torre de Londres seria uma das principais atrações turísticas da cidade. Nos anos 1500, a rainha Ana Bolena foi decapitada na Torre, que funcionava como uma prisão – a lenda diz que o fantasma da monarca vaga até hoje pela fortaleza. Ela foi apenas uma das pessoas condenadas ao confinamento e execução no local, que começou alojar prisioneiros no século 14.

Histórias macabras à parte, a construção que data de 1078 guarda séculos de acontecimentos em suas paredes de pedra. Os espaços que, além de prisão, já funcionaram como zoológico e Casa da Moeda, hoje são o abrigo das Joias da Coroa Britânica: coleção de coroas, cetros, anéis, vestimentas e outros objetos que fazem parte de cerimônias reais.

Hoje é possível ver in loco as joias e aprender mais sobre essas histórias em um passeio pela Torre. Saiba como visitar e planeje seu roteiro.

De prisão a acervo de joias

À beira do Tâmisa, o rei Guilherme I ordenou que uma fortaleza fosse erguida. A construção, marco do estilo de arquitetura normanda, foi finalizada em 1078 e costumava ser o prédio mais alto de Londres.

A Torre servia inicialmente como palácio, arsenal e acervo de registros públicos. Atualmente, o local é um complexo de torres e prédios que guardam essa história.

Depois, passou a receber prisioneiros de classes nobres. Antes de sua coroação, Ana Bolena, esposa do Rei Henrique VIII,  viveu na parte residencial da Torre, no mesmo endereço em que seria executada anos depois. Hoje, há um monumento no ponto onde ela foi decapitada.

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Outros prisioneiros nobres que passaram pela torre foram sir Thomas Moore, condenado por traição em uma vingança pessoal de Henrique VIII; Jane Gray, conhecida como a Rainha dos Nove Dias, também condenada por traição; e a rainha Elizabeth I, aprisionada durante uma rebelião no país. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Torre também enjaulou espiões.

Torre de Londres – monumento
Monumento em memória aos executados na Torre (Rachelle Haun/ CC BY 2.0/Wikimedia Commons)

Outra função inusitada da Torre de Londres foi a de zoológico: ali eram alocados os animais que a realeza ganhava de presente de outras famílias nobres. De 1200 a 1835, uma variedade de espécies exóticas habitava a fortaleza, que foi considerado o primeiro zoológico da cidade. Muitos dos animais foram transferidos para o atual Zoológico de Londres, no Regent’s Park.

Mas alguns bichos ainda moram na Torre. Desde a época de Carlos II, seis corvos vivem permanentemente ali. O Rei queria que os pássaros fossem mortos, mas chegou aos seus ouvidos uma profecia que o fez mudar de ideia: se os corvos fossem eliminados, tanto a edificação quanto a monarquia britânica poderiam ruir. Os pássaros que vivem lá ainda hoje ganharam nomes (os atuais moradores são Jubilee, Harris, Poppy, Georgie, Edgar e Branwen) e cuidados especiais. Se você tiver sorte, pode avistar um durante o passeio.

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Outro legado vivo na Torre são os Beefeaters, a guarda real responsável por vigiar e conduzir as cerimônias no local. O termo oficial para eles é Yeoman Warders, mas o apelido pegou porque eles podiam comer toda a carne que desejassem da mesa do rei. Há 700 anos eles realizam a Cerimônia das Chaves, em que abrem os portões toda manhã e os trancam à noite, sempre no mesmo horário.

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Guardas da Torre, chamados de Beefeaters, são marca registrada das cerimônias reais inglesas (Michel wal/CC BY-SA 3.0/Wikimedia Commons)
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Já no século 18, a Torre começou a receber visitantes fascinados pelas histórias sangrentas do local. Além da memória desse período, também é possível espiar a coleção de armaduras reais, que incluem peças usadas pelo rei Henrique VIII.

Hoje, o lugar é mais conhecido por alojar as joias da realeza. São cerca de cem joias que somam mais de 23 mil gemas de pedras preciosas. O destaque é a coroa de St. Edwards, feita de ouro sólido e decorada com pedras, usada nas cerimônias de coroação desde o século 13. Lá também fica a “Estrela da África”, maior diamante lapidado do mundo, colocado no cetro do Rei Charles. Na sala do acervo, não é permitido tirar fotos.

Como visitar a Torre

A Torre de Londres fica bem perto de várias outras atrações da capital inglesa: a Tower Bridge, o Borough Market e a St. Paul’s Cathedral. Planeje um roteiro para aproveitar o entorno no mesmo dia. A estação de metrô mais próxima é a Tower Hill. 

O horário de funcionamento da Torre varia de acordo com a estação do ano. Em geral, ela abre às 9h ou 10h e fecha às 16h30 ou 17h30. Consulte a programação para as datas da sua viagem no site oficial da fortaleza.

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Comprar o ingresso com antecedência é mais uma dica para ter um bom passeio. Nos períodos de maior alvoroço turístico, as filas podem ser grandes. O valor é um pouco salgado: a entrada custa 35,80 libras (cerca de R$ 280) para adultos e 17,90 libras  (R$ 140) para crianças e jovens de 5 a 15 anos. Menores de 5 anos não pagam, e idosos ou pessoas com deficiência tem meia-entrada.

De meia em meia hora, há um tour liderado pelos beefeaters. Não é necessário agendar ou pagar um valor extra, mas vale chegar cedo, já que o grupo pode lotar rapidamente. Esse passeio guiado começa às 10h de terça-feira a sábado e às 10h30 no domingo.

Se você quiser um tour privado guiado por um dos guardas, é preciso pagar um valor adicional: o total do ingresso fica em cerca de 270 libras. Para um guia em português, procure o gaúcho Rafael Maciel, do Guri in London.

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