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Jazz em Nova Orleans: Bourbon Street x Frenchmen Street

Os melhores lugares para ouvir jazz na cidade que foi o berço do estilo musical

Por Bárbara Ligero
20 ago 2024, 16h00

Ao mesmo tempo que um saxofone passa por cima da minha cabeça, dou dois passos para trás para deixar passar na minha frente um gigantesco contrabaixo. Mal tive tempo de retornar à posição original, minhas costas são atingidas pelo que descobri ser as diferentes partes que compõem uma bateria, abrindo caminho atrás de mim. Excuse me, diz o músico, mais pedindo desculpas do que licença.

Espremida entre a porta de entrada e o palco do The Spotted Cat, eu sou apresentada (ou seria esmagada?) aos instrumentos do jazz. São exatamente dez horas da noite e a banda que até então tocava clássicos do jazz está cedendo o lugar para a próxima atração da noite, a Big Fun Entertainment, o que exige um confuso vai-e-vem de maletas, cabos e instrumentos.

Os músicos jovens da Big Fun Entertainment chegam de mansinho, mas em questão de minutos colocam todo mundo para dançar com versões de jazz de hits de outros estilos musicais. O meu favorito foi Smells Like Teen Spirit do Nirvana, que ficou sensacional no trompete e no trombone e fez a galera tirar o pé do chão.

Acertei em cheio escolhendo o Spotted Cat, mas existem muitos outros estabelecimentos consagrados na Frenchmen Street, o melhor lugar de Nova Orleans para ouvir jazz.

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A rua fica na região de Faubourg Marigny, que é vizinha do famoso French Quarter. O burburinho está principalmente no quarteirão entre a Royal Street e a Chartres Street e no que fica entre a Chartres Street e a Decatur StreetA dica é espiar o que está rolando em cada bar antes de escolher em qual você deseja ficar, já que a maioria hoje cobra uma taxa de entrada – o valor depende da atração da noite.

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Com alguns poucos assentos em torno do bar, o pequenino Spotted Cat é um lugar para ouvir jazz de pé. O mesmo vale para o D.B.A, que recebe com certa frequência a banda tradicional e local Treme Brass Band.

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Já o Snug Harbor possui mesas em frente ao palco e em um mezanino, o que garante uma experiência mais intimista, além de funcionar também como bistrô. O animado Blue Nile, por sua vez, tem jeito de baladinha, especialmente aos finais de semana, e atrai um público mais jovem.

Uma coisa, porém, é certa: não dá para sair da Frenchmen Street decepcionado. 

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Compras na Frenchmen Street

A Frenchmen Street também pode render boas compras. No número 421 está a Louisana Music Factory, tida como a melhor loja de discos da cidade. Mas atenção: ela fecha às 18h. Já no número 619 acontece a feira de artesanato noturna Frenchmen Art Bazaar, que rola até meia-noite. Há muitos bons achados: fiquei babando nos pôsters, um mais lindo que o outro.

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E a Bourbon Street?

A Bourbon Street já não é mais sinônimo de jazz em Nova Orleans. Hoje, a rua é reduto de bares cheios de neon e clubes de striptease, alguns caidões. A multidão é composta principalmente por despedidas de solteiro e jovens que acabaram de completar 21 anos (a idade legal para beber no país).  

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Para quem gosta desse tipo de badalação, a tradição manda começar pelo Tropical Isle. A cadeia de bares é responsável pelo drink mais famoso da cidade: a hand grenade (granada de mão, em tradução direta). Feita com gin, licor de melão, rum e vodka, a bebida é entregue numa taça gigantesca, com o formato do acessório que a batiza, e desce doce e suave. O próprio bar avisa: com mais de duas ou três hand grenades, você pode descobrir que sabe dançar muito melhor do que imaginava. 

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Mas, em meio a esse cenário, a Bourbon Street ainda é endereço de duas importantes moradas do jazz. A primeira é o Jazz Playouse, que apresenta novos e veteranos talentos dentro do Royal Sonesta Hotel, no número 300.

A segunda é o Preservation Hall, no número 726 da St. Peter Street – quase esquina com a Bourbon. Com sete décadas de vida, a banda residente toca jazz do início do século 20 todas as noites, geralmente às 17h, 18h15, 19h30 e 20h45. É uma viagem aos primórdios do jazz que vale cada centavo: contei em detalhes como foi a minha experiência nesta outra matéria.

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New Orleans Jazz & Heritage Festival

Para os aficionados, a época ideal para aterrissar na cidade é no fim de abril e início de maio, quando acontece o New Orleans Jazz & Heritage Festival, que desde os anos 1970 reúne medalhões e revelações do jazz, blues, R&B e uma infinidade de vertentes.

 

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