Como é esquiar no Snowbasin Resort, em Utah
Pistas para todos os níveis, restaurantes aconchegantes com vistas de cair o queixo, mais a conveniência de estar a um bate-volta da capital, Salt Lake City

Utah é um destino certeiro para quem quer aproveitar a temporada de esqui no Hemisfério Norte. Nos meses de inverno, montanhas e cânions ficam cobertos com a melhor e mais cobiçada neve do país, a do tipo powder – fresca, macia, seca e bem leve. Não é à toa que em Utah encontram-se alguns dos melhores resorts de esqui norte-americanos.
Minha primeira incursão pelo estado foi em Park City, que você pode ler aqui. Nessa segunda vez, o meu destino foi Snowbasin Resort. Desembarquei na capital, Salt Lake City, onde também fiquei hospedada e me serviu como base – a estação de esqui não conta com alojamentos, o que está longe de ser um problema, como eu contarei a seguir.

Para início de conversa, Snowbasin já foi eleito o resort de esqui número 1 na América do Norte pelas publicações USA Today, Outside e Ski Magazine. Se existe credencial melhor, desconheço. São 1.200 hectares esquiáveis, precipitação média de mais de 7,5 metros de neve e mais de 900 metros verticais de descidas.
A fama de Snowbasin não é de hoje. O lugar foi sede dos eventos alpinos das Olimpíadas de Inverno de Salt Lake de 2002, em modalidades como o downhill, combinado (downhill e slalom) e super-G. E a história se repetirá daqui uns anos: nas Olimpíadas de Inverno de Salt Lake de 2034, Snowbasin sediará as provas de esqui alpino.

Como chegar em Snowbasin
A facilidade de acesso a Snowbasin, que fica a 45 minutos do aeroporto internacional da capital de Utah, Salt Lake City, é um dos trunfos do resort. Carro alugado ou ônibus da Utah Transportation Authority (UTA) são os meios mais comuns de se chegar ao resort.
O serviço de transfer opera apenas na temporada de inverno, do início de dezembro a meados de abril, com rotas partindo dos condados de Davis ou Ogden. De Salt Lake City basta pegar um Uber até um desses pontos e então embarcar no ônibus que faz o trajeto até Snowbasin por US$5 – quem é portador do passe de esqui da temporada não paga.
Se preferir ir de carro, no problem: o estacionamento – gratuito – é o maior entre os resorts de Utah, que chega a ter um shuffle para levar o visitante do veículo até a entrada do resort. E já que falamos sobre carro, o ideal é deixar seus pertences lá mesmo, no porta-malas, porque o guarda-volumes do resort é pequeno.

Reconhecendo o terreno
Snowbasin é um dos mais antigos resorts de esqui em operação no país e um dos poucos de propriedade de uma mesma família. Aliás, sua origem faz com que a experiência em família seja bastante valorizada. Fiquei surpresa e encantada com a quantidade de crianças pequenas por lá, sendo que algumas passam o dia todo sob os cuidados de instrutores e recreadores.
Quando esquiar em Snowbasin
A neve costuma estar no ponto ideal entre novembro e dezembro. A programação oficial vai até abril, mas o período premium termina no fim de março. Se quiser evitar as multidões, fuja dos feriados de Thanksgiving (Dia de Ação de Graças), na última quinta-feira de novembro; da semana entre o Natal e o Ano Novo; do Martin Luther King Day, em 21 de janeiro, e do President’s Day, na terceira segunda-feira de fevereiro.

Hora de esquiar em Snowbasin
Depois de uma linda viagem de 45 minutos entre Salt Lake City e Snowbasin – o visual do caminho é um plus –, cheguei para o meu primeiro dia de esqui. Fiz uma parada no Grizzly Center para pegar meu equipamento alugado. Como eu tinha uma aula agendada, já estava tudo separadinho. Só precisei ter o meu próprio óculos de proteção (goggles), todo o restante – bastões, capacetes e esquis – é possível alugar. Mas se quiser investir em algo próprio, há uma enorme loja no Grizzly Center que vende tudo.

Ao sair, o simpaticíssimo instrutor Kennedy Speirs já me esperava para nossa aula individual. Apesar de não ser a minha primeira experiência na neve, achei que me sentiria mais segura fazendo uma recapitulação dos movimentos e posturas. E não pense que as aulas são apenas para iniciantes: elas acolhem pessoas de todas as idades e níveis de habilidade, tanto no esqui quanto no snowboard.

Snowbasin tem uma área dedicada para iniciantes na base da montanha, onde foi nosso ponto inicial. Fomos primeiro até um ponto com uma leve inclinação, onde treinei o básico movimento de pizza (quando os esquis se unem na frente, formando um triângulo, o que serve tanto para reduzir a velocidade quanto para frear), curvas e postura durante os movimentos. Essa área tem um magic belt, uma esteira automatizada que, ao fim da descida, nos leva de volta ao topo sem muito esforço.
Depois de um tempinho, já me senti segura para evoluir para a montanha em uma trilha fácil, de nível básico. Nas estações, os percursos são sinalizados no mapa da montanha por cores: verde (básico); azul (intermediário); vermelho (avançado); preto (expert). Então, é importante espiar o mapa para não correr o risco de ir parar inadvertidamente em uma trilha que você ainda não é hábil o suficiente para encarar.

O transporte para o alto das montanhas é feito por meio de lifts (os teleféricos abertos) ou gôndolas (as cabines fechadas). O acesso a eles é feito com um passe, que dá direito a uso ilimitado ou podem ser comprados para um turno do dia.
Onde comer em Snowbasin
Como saco vazio não pára em pé e cair é uma péssima ideia em se tratando de esqui, Snowbasin tem algumas ótimas opções de alimentação, algumas delas com vistas deslumbrantes. São seis áreas de refeições: dois restaurantes com bares, três lanchonetes com pratos rápidos e uma área de alimentação ao ar livre.
No Earl’s Lodge, localizado na base da montanha, fica o sofisticado Cinnabar, um restaurante amplo com decoração de casa de montanha em estilo europeu e lustres requintados vindos diretamente da Itália. Uma chiqueza. No cardápio, drinks autorais e pratos como risotos, salmão, sopas, saladas e, a estrela da casa, a fondue. É também o point de um animado après ski, o happy hour dos esquiadores, quando a turma se reúne no fim do dia para relaxar e beber, com shows ao vivo em alguns dias da semana.





Logo ao lado, também dentro do Earl’s Lodge, fica a lanchonete que serve pratos rápidos como sanduíches, pizzas, hot dogs, chilli, sopas, saladas e noodles.
Para quem quiser um upgrade, basta pegar a Needles Gondola, que leva ao Needles Lodge, a 2650 metros de altura. O caminho já é um passeio e tanto, com vistas lindas e toda a função de esquiadores – os mais experientes – descendo a montanha.

Lá no topo, você tem a opção de comer do lado de fora, em um grande pátio panorâmico com vista do DeMoisy Peak. Se preferir mais conforto, dentro do Needles Lodge há uma lanchonete com pratos rápidos e, logo ao lado, o restaurante The Overlook, que serve comida e muita beleza. O lugar é cercado por janelões de vidro de onde se observa as montanhas, o vale logo abaixo e uma imensidão de neve. É de tirar o fôlego. Você pode relaxar com drinks saborosíssimos e ótimos pratos como sopas, sanduíches de queijo em diversas e deliciosas variações, pizzas e quetais.

Os esquiadores mais experientes podem fazer a digestão já descendo a montanha desde lá de cima, em uma trilha de dificuldade máxima. Quem ainda não tem as manhas, basta pegar a gôndola de volta para a base.
Onde se hospedar em Salt Lake City
Apesar de estar próximo a algumas cidades, hospedar-se na capital Salt Lake City é o mais conveniente. Primeiro, por estar próximo do aeroporto; segundo, por oferecer mais opções de hospedagens; e, terceiro, por ter diversas opções de programas além do esqui.
O Little America Hotel, meu endereço em Salt Lake City, fica no coração da cidade e é um dos mais conceituados. Ele é irmão caçula do mais famoso hotel da capital, o luxuosíssimo The Grand America, que fica do outro lado da rua e recebe figurões e celebridades. Apesar do nome, de pequeno o Little America não tem nada. O hotel fica em um terreno de 40 mil metros quadrados lindamente adornado com fontes, jardins de flores e centenas de árvores. O clima é o de uma requintada casa de montanha, com lareira no lobby, tons sóbrios e móveis de madeira.

Meu quarto era amplo, elegante e confortável, perfeito para me receber depois de um dia de esqui. A cama era tão boa que parecia me abraçar. Já as hot tubs na área de lazer eram tudo o que meu corpo precisava para relaxar depois de um dia inteiro descendo montanhas. E para quem ainda tem energia sobrando para um pouco mais de atividade física – o que definitivamente não era o meu caso – o hotel conta com piscina aquecida indoor e outdoor, mais uma academia.
O Little America tem boas opções de restaurantes: The Coffee Shop, aberto do café da manhã ao jantar, serve panquecas, sanduíches, massas, sopas e saladas; já o Lucky H, mais arrumadinho, opera em sistema de buffet e, às sextas-feiras e sábados, serve um menu no jantar com caranguejo, ostras, salmão defumado e costela.

Quanto custa esquiar no Snowbasin?Passes Os passes para a temporada 2026 já estão à venda e a compra com antecedência garante preços mais baixos. Premier Passes: dá direito a esqui e passeios ilimitados, com opção de atualização para um Premier Platinum Pass. O upgrade permite acesso a 50 destinos globais e três resorts adicionais em Utah, passe de ônibus UTA gratuito para a temporada de 2025-26 além de outros benefícios, como descontos em aulas, passeios, aluguéis e hospedagens. Preços do Premier Passes Adultos (27–64) – US$1239 Jovens (19–26) – US$889 Adolescentes (13-18) – US$709 Criança (5-12) – US$479 Senior (65+) – US$929 Se você tem planos mais pontuais para sua viagem, pode comprar passes diários. Passes dias de semana (2ª/5ª) Adultos/Adolescentes (13–64) – US$ 169 Jovens (5–12) – US$ 115 Senior (65+) – US$ 135 Crianças (0-4) – Grátis Passes fim de semana/feriado (6ª/dom) Adultos/Adolescentes (13–64) – US$ 219 Jovens (5–12) – US$ 155 Senior (65+) – US$ 189 Crianças (0-4) – Grátis Preços do Lift – Dias de semana (2ª/5ª) Adultos/Adolescentes (13–64) – US$ 169 Jovens (5–12) – US$ 115 Senior (65+) – US$ 135 Crianças (0–4) – Grátis Preços do Lift – Fins de semana/feriados (6ª/dom) Adultos/Adolescentes (13–64) – US$ 219 Jovens (5–12) – US$ 155 Senior (65+) – US$ 189 Crianças (0–4) – Grátis Para detalhes sobre aulas em grupo ou individuais, acesse o link |
Check-list do vestuário
Apesar do clima frio e toda a neve ao redor, você vai se movimentar tanto que vai acabar sentindo calor se estiver com muita roupa. Então o ideal é se vestir nem de mais nem de menos, como na lista abaixo:
– blusa térmica de manga comprida por baixo;
– um casaco de frio básico (um moletom ou uma malha);
– jaqueta de esqui (pode ser acolchoada ou não, mas impermeável, com resistência térmica);
– calça térmica por baixo;
– calça de esqui impermeável (evita que você fique molhado depois de cair na neve);
– proteção para o pescoço como a gola alta da blusa térmica ou uma balaclava;
– luvas grossas impermeáveis; se quiser garantir o aquecimento, pode colocar hand warmers dentro delas;
– em vez de calça e jaqueta, pode usar macacões que são bem práticos e não saem do lugar com os movimentos;
– meias grossas e compridas para que seus pés fiquem confortáveis dentro da bota e não machuque sua perna.

Aluguel de roupas
O Snowbasin não conta com serviço de aluguel de roupas. Se quiser ter suas próprias, você pode comprar na Amazon, Walmart ou lojas como a Columbia.
Se preferir alugar, há empresas como a Kit Lender que oferecem kit completo com jaqueta, calça, luvas e goggles a partir de US$ 41 por dia para adultos e US$ 27 para crianças. Você aluga pelo site, eles entregam no seu hotel e, para retornar, basta colocar tudo em um saco e deixar na recepção.
Equipamentos
Todos os pacotes de equipamentos alugados no Snowbasin incluem esquis/snowboard, botas, bastões (para o esqui) e capacete. Você pode alugar na hora, mas o mais recomendado é fazer sua reserva antecipadamente online.
Pacote Jovens (até 12 anos) – a partir de US$ 43/dia
Pacote Básico – a partir de US$ 60/dia
Pacote de Aluguel de Demonstração – a partir de US$ 74/dia
(para aqueles que querem testar equipamentos de esqui e snowboard para depois comprar ou alugar)
Pacote All-Inclusive para Adultos – US$ 359/dia
(inclui uma aula de um dia inteiro, um pacote de aluguel de equipamento e um ingresso de teleférico de um dia inteiro)

Saúde
Esqui e snowboard são divertidos, mas envolvem muitos riscos. Sendo assim, é importante lembrar o quanto um seguro de saúde é indispensável nesse tipo de viagem. Verifique atenciosamente se o seu cobre esse tipo de atividade e faça a sua parte seguindo essas dicas:
- Mantenha-se hidratado o tempo todo.
- Use sempre protetor labial e protetor solar pois a neve e o gelo refletem até 80% dos raios ultravioleta, o que pode ocasionar queimaduras.
- Certifique-se também de que a lente do óculos que você vai usar tenha polarizador, pois a combinação do reflexo da neve, vento e raios UV pode prejudicar a visão.
- Leve anti-inflamatórios, analgésicos e pomadas de cânfora que possam aliviar as dores em casos de tombos (sim, você provavelmente vai levar vários). Nos EUA, as similares à nossa famosa Gelol são a Bengay, Voltaren e Icy Hot.
Snowbasin e as novidades da temporada de 2026
A Needles Gondola, um passeio imperdível até para quem não vai esquiar, contará com cabines reformadas e o teleférico Becker também vai ter upgrade para um quadriciclo de alta velocidade, aumentando a capacidade de subida e reduzindo o tempo de viagem de 12 minutos para menos de 7. A área para iniciantes também será reformada, passando a contar com trilhas mais largas para proporcionar mais segurança e um melhor fluxo nesta zona de convergência.

Além do esqui
Se tiver um tempinho livre em Salt Lake City, você pode aproveitar algumas de suas atrações. Tive pouco tempo para conhecer melhor essa cidade tão simpática cercada de montanhas – o que já é um bom motivo para voltar – mas curti os programas que tive a oportunidade de fazer.
Museu de História Natural de Utah
O Museu de História Natural de Utah é uma das principais instituições culturais e de pesquisa científica do país. Fundado em 1963, as 10 exposições permanentes do museu são ancoradas por suas coleções de última geração e instalações de pesquisa contendo quase 2 milhões de objetos. Ele fica em um prédio de linhas modernas e eu fiquei bem impressionada com a ala dos dinossauros, que reúne dezenas de esqueletos, muitos deles encontrados no Utah, estado rico em sítios fósseis.
Estava rolando também uma interessantíssima exposição sobre baleias orcas e, quando me encaminhava para a saída do museu, um gentil funcionário do museu me abordou para me mostrar um pedaço do Meteoro Crater, que caiu no Arizona 50 mil anos atrás, criando uma cratera de um quilômetro de diâmetro. E claro que não podia perder a chance de segurar em minhas mãos essa relíquia.






Chá da tarde no The Grand America Hotel
Para encerrar minha estada com chave de ouro, minutos antes de partir para o aeroporto fui apreciar o elegante chá da tarde no chiquérrimo The Grand America Hotel. Ele é servido em uma sala ampla, com quadros de estilo clássico nas paredes, portas de vidro com vista para um jardim interno com fonte e uma harpista tocando ao vivo. Me senti uma personagem de Bridgerton, sendo servida de chás, chocolate quente, mini sanduíches e os mais delicados doces. Uma experiência que serviu para acalmar o ritmo de dias tão cheios de adrenalina. Custa $39.50 por pessoa e vale cada cent.






Snowbasin no verão
Se você pensa que a diversão no Snowbasin se vai junto com a neve derretida, está enganado. No verão, o resort se transforma em um enorme playground repleto de atividades, como recreação ao ar livre, shows, caminhadas, mini golf, mountain bike e programação especial nos restaurantes.
Os visitantes podem também observar animais selvagens como alces, pássaros, porcos-espinhos e marmotas de barriga amarela e pegar a Needles Gondola para explorar as áreas mais elevadas do resort. São mais de 40 quilômetros de trilhas para caminhadas e ciclismo e vistas de cartão-postal.
Como chegar em Salt Lake City
Até Salt Lake City, a partir de São Paulo, a United voa com conexão em Nova York (Newark), Houston, Chicago ou Washington; a Delta com conexão em Atlanta, Nova York (JFK) ou Orlando; a American Airlines com conexão em Miami ou Dallas; e a Latam com conexão em Miami ou Nova York (JFK).

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