Achados na Bélgica: 5 locais históricos na surpreendente Mechelen

Cidade fora dos roteiros convencionais conserva tesouros de vários períodos históricos

Por Clarice Sena
Atualizado em 1 Maio 2025, 10h39 - Publicado em 1 Maio 2025, 10h00
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Arquitetura pujante é marca do centro de Mechelen (@generein/Unsplash)
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Situada a meio caminho entre Bruxelas e Antuérpia, a cidade belga de Mechelen sempre foi um ponto incontornável na região de Flandres. Banhada pelo rio Dijle, a localidade viveu o seu apogeu durante o século 16, quando a cidade se tornou a capital administrativa e legislativa dos Países Baixos, que então incluíam partes do que hoje é a Bélgica e de Luxemburgo.

Durante o reinado da poderosa Margarida da Áustria, tia de Carlos V, Sacro Imperador Romano-Germânico, a nata cultural e intelectual da Europa passou pela cidade deixando marcas que resistiram através dos tempos.

Mesmo com o fim dos seus períodos mais áureos depois da passagem de muitas guerras religiosas e políticas ao longo dos séculos, Mechelen continuou sendo palco de episódios históricos marcantes.

Confira 5 pontos emblemáticos da cidade:

Catedral de São Romualdo

Construída entre 1200 e 1520, a Catedral de São Romualdo (ou Sint-Romboutskathedraal) foi erguida para abrigar os restos mortais do santo que lhe empresta o nome, padroeiro de Mechelen.

A igreja sofreu muitos danos durante as guerras religiosas ao longo da Idade Média na Europa, mas conservou belos detalhes. Em seu interior encontram-se algumas obras originais de grandes mestres flamencos, como a pintura “Cristo na Cruz” de Anthony van Dyck, e o altar-mor esculpido por Lucas Faydherbe.

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Projeto da torre da catedral de São Romualdo tinha ambição de ser a mais alta do mundo, mas ainda assim tem quase 100 metros (Pierrevasic/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons)
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A princípio, a ideia era que a Catedral de São Romualdo fosse a igreja mais alta do mundo, mas a verba para a construção acabou antes de atingir a altura desejada. Felizmente, a Torre de São Romualdo permanece de pé e tem 97 metros de altura. Hoje, os visitantes podem percorrer essa subida até um mirante onde se vê a cidade de 360º.

A Catedral de São Romualdo está aberta todos os dias para visitação gratuita das 8h30 às 17h30. Já a Torre está disponível para visita diariamente, das 13h às 18h, e sábado das 10h às 18h. As subidas ocorrem a cada 20 minutos em grupos de 25 pessoas. Os ingressos para a Torre custam € 8 para adultos (€ 6 se estiverem em um grupo de dez pessoas) e € 3 para pessoas de 4 a 26 anos. Compre ingressos no site.

Grote Markt e Prefeitura de Mechelen

Localizado bem em frente à Catedral de São Romualdo, a praça do centro histórico de Mechelen é cercada por casas de diferentes épocas e estilos medievais. Ali, todos os sábados pela manhã se instala um mercado de produtos locais.

Ao atravessar a Grote Markt você encontrará os edifícios históricos que compõem a prefeitura de Mechelen. A cidade teve três edifícios para essa função: a Schepenhuis, a Huis de Beyaert e a atual prefeitura.

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Grote Markt é repleta de edifícios históricos e o coração comercial no centro antigo de Mechelen (Qwertzu111111/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons)
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Na Casa de Beyaert, atualmente funciona uma agência dos correios, mas o edifício foi erguido durante o século 12 destinado a ser um abrigo noturno para peregrinos. Durante a Idade Média, foi adquirido para funcionar como parte da prefeitura após uma ampliação.

Já a Schepenhuis é a prefeitura mais antiga preservada em Flandres e foi a primeira construída em pedra. A estrutura foi erguida em duas etapas durante os séculos 13 e 14. Durante o século 15, foi ali que se instalou o Parlamento que transformou a cidade na capital dos Países Baixos. Hoje, o edifício abriga um centro de informações turísticas.

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Prefeitura de Mechelen (Ad Meskens - CC BY-SA 3.0/Wikimedia Commons)

A atual prefeitura consiste em duas partes: um grande salão com campanário e o Palácio do Grande Conselho. O campanário é Patrimônio Mundial da Unesco junto a outras 30 construções similares espalhadas pela Bélgica.

Igreja de São João e Klapgat

A Igreja de São João (Sint-Janskerk) é um templo gótico erguido no século 15 e foi sede de uma das paróquias mais ricas de Mechelen durante o período medieval, frequentada pelos membros mais poderosos do Grande Conselho dos Países Baixos. Essa riqueza se reflete nos tesouros e na decoração no interior da igreja, cujo ápice é o tríptico “A adoração dos três magos” de Peter Paul Rubens. Outras obras relevantes por lá são o “Anúncio do Nascimento”, do estúdio de Rubens, e “Os Quatro Evangelistas”, de Jacob Jordaens. No edifício ao lado, os fieis da paróquia costumavam se reunir para uma conversa (“klappen”) depois da missa, levando ao apelido de Klapgat.

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Jardim de Inverno das Ursulinas

O Jardim de Inverno das Irmãs Ursulinas (ou Wintertuin Ursulinen) funciona na propriedade de um antigo internato só para meninas. A instituição foi fundada em 1841 para oferecer educação para as moças da região. As primeiras irmãs se mudaram para uma modesta casa de convento neste terreno isolado e, com o tempo, ampliaram os prédios existentes para um enorme complexo com salas de aula, refeitórios, salas de estudo, dormitórios e um parque.

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Em 1900, o Instituto das Ursulinas já tinha fama internacional e recebia alunas de vários países do mundo, incluindo brasileiras. Por isso, as irmãs decidiram construir uma impressionante estrutura de recepção em estilo art-nouveau, o Jardim de Inverno. O belíssimo espaço com uma cúpula de vidro colorido foi classificado como monumento em 1987 devido ao seu excepcional valor histórico, artístico e arquitetônico. É imperdível!

Kazerne Dossin

A localização de Mechelen entre Antuérpia e Bruxelas (a cerca de 25 km de cada), as duas cidades que abrigavam a maior parte da população judaica da Bélgica, atraiu os olhares do nazismo na década de 1940. Nessa época, alemães instalaram o quartel de Dossin e um campo de trânsito na cidade para deter temporariamente judeus e ciganos antes de deportá-los para outros locais. Entre 1942 e 1944, quando o campo foi fechado por tropas aliadas, mais de 25 mil pessoas foram levadas de Mechelen para Auschwitz-Birkenau, na Polônia.

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Memorial Kazerne Dossin, dedicado às vítimas do Holocausto (Romaine/CC BY-SA 4.0/Wikimedia Commons)

Hoje, a antiga base militar abriga o Memorial Kazerne Dossin, com exposições permanentes e temporárias sobre direitos humanos e a perseguição a judeus e às etnias nômades Sinti e Roma durante a Segunda Guerra Mundial. O memorial funciona de quinta a terça-feira, exceto em alguns feriados, das 9h às 17h. Os ingressos têm valores a partir de € 10; saiba mais no site oficial.

Um hotel muito autêntico em Mechelen, para dizer o mínimo, é o Martin’s Patershof, que funciona em uma antiga igreja e convento.

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