Além do jazz, Nova Orleans também é sinônimo de ótima gastronomia. Afinal, as raízes africanas, francesas e espanholas deixaram suas marcas não só na arquitetura como também na comida bem temperada. A lista a seguir introduz a sabores e endereços (novidadeiros ou clássicos) da cidade:
1. Antoine’s
St Louis Street, 713
O Antoine’s é uma viagem no tempo. Aberto por Antoine Alciatore em 1840, o restaurante está nas mãos da quinta geração da família e foi o berço das Oysters Rockefeller, prato que se tornou ícone de Nova Orleans.
A receita foi criada por Jules, filho de Antoine, em 1899. Assadas no forno, as ostras são cobertas por um molho feito de manteiga, farinha de rosca, salsa e outras ervas verdes (a receita exata é mantida em segredo).
Vale pedir também as Charbroiled Oysters, que admito ter gostado ainda mais. Nesse caso, as ostras levam manteiga, azeite, alho e queijo gratinado no forno. O restante do cardápio segue focado nos frutos do mar, mas há também opções de carne e frango.
Entre as sobremesas, a Baked Alaska é uma sensação toda vez que alguém pede no salão: o bolo com sorvete leva uma grossa camada de merengue, que é maçaricado na mesa.
O restaurante sempre esteve na St Louis Street, no French Quarter, mas não exatamente no mesmo edifício: em 1868, o Antoine’s se mudou para o número 713, a uma quadra de distância de seu primeiro endereço.
Ou seja, mesmo não sendo o original, o salão continua sendo bem antigo, com lustres pendurados no teto e paredes forradas de fotos de famosos que já jantaram por ali, incluindo Franklin Roosevelt, Tom Cruise e Whoopi Goldberg. O serviço mais formal e os garçons usando terno e gravata borboleta também compõem o clima do lugar.
2. Brennan’s Restaurant
Royal Street, 417
O café da manhã mais icônico de Nova Orleans é o do Brennan’s. Comandado desde 1946 pela família Brennan, o restaurante é famoso por ter inventado as Bananas Foster – servidas com sorvete e um molho feito de manteiga, açúcar mascavo e rum.
Outro clássico da casa são os Eggs Hussarde, ovos pochê sobre fatias de english muffin acompanhados de bacon, molho hollandaise e molho de vinho.
O restaurante inicialmente ficava na Bourbon Street, mas se mudou em 1956 para o número 417 da Royal Street, onde está até hoje.
O casarão cor-de-rosa que ele ocupa é especial: foi construído em 1795 pelo avô do pintor Edgar Degas (cuja família materna era uma importante produtora de algodão de Nova Orleans), se tornou a sede do primeiro banco do estado da Louisiana e mais tarde foi a residência do campeão de xadrez Paul Morphy.
A mansão no French Quarter passou por extensas renovações e reabriu em 2014, com papéis de parede estampados, murais que retratam os carros alegóricos do Mardi Gras no século 19 e espelhos onde estão pintados flamingos, pavões e outros pássaros.
3. Cafe du Monde
Decatur Street, 800
Entre as delícias introduzidas pelos franceses a Nova Orleans estão o café e os beignets, que são os dois itens que compõem o menu do Cafe du Monde, uma instituição local que está na Decatur Street, no French Quarter, desde 1862.
O café servido ali é cheio de história. Durante a Guerra Civil Americana, adotou-se o costume em Nova Orleans de misturar o café, que estava em falta, com chicória, erva que adiciona um sabor achocolatado na bebida. O mais tradicional é tomar com leite.
Se aprovar a mistura, saiba que é possível comprar o café com chicória em latas vintage – inclusive em versão descafeinada – na loja da Cafe du Monde que fica do outro lado da rua (nº 813).
Para acompanhar, os beignets são doces retangulares de massa frita, polvilhados com bastante açúcar, que lembram uma versão mais leve do nosso bolinho de chuva. A porção vem com três unidades.
Por ser muito famoso, o Cafe du Monde acumula filas a qualquer hora do dia. Decidi encarar e, ao chegar no caixa, descobri que eles só aceitam dinheiro vivo e eu não estava com uma moedinha sequer no bolso. O jeito foi procurar um caixa eletrônico e voltar depois. Os preços são bem honestos: os três beignets custam US$ 3,85 e o café com chicória e leite, US$ 2,94.
Em tempo: as outras unidades espalhadas pela cidade têm menos fila e aceitam cartão. Mas o endereço original é o da Decatur Street.
4. Cafe Beignet
Canal Street, 622 (e outras unidades)
Bem mais novo que o Cafe du Monde, o Cafe Beignet abriu em 1990 e também serve café com chicória e beignets. Os doces são fritos na hora, conforme saem os pedidos, e achei ainda melhores que os do concorrente mais famoso.
Há três unidades em ruas importantes do French Quarter: na Decatur Street (nº 600), na Royal Street (nº 334) e na Bourbon Street (nº 311). Essa última tem jazz ao vivo todos os dias.
Mais recentemente, foi aberta uma quarta unidade em uma bonita construção de 1800 na Canal Street (nº 622), onde estão os hotéis de grandes redes.
5. Chemin à la Mer
Canal Street, 2
Por algum tempo, a construção mais alta de Nova Orleans foi um prédio de 33 andares na Canal Street, de frente para o Rio Mississippi. O arranha-céu de 1967 foi projetado pelo arquiteto modernista Edward Durell Stone, o mesmo do Museum of Modern Art (MoMA) e do Radio City Music Hall em Nova York.
A construção andava mal das pernas desde a crise provocada pelo Furacão Katrina, em 2005. Até que ele passou por três anos de renovações e foi reinaugurado em 2021 com o observatório Vue Orleans no topo e o hotel Four Seasons nos demais andares.
Sinônimo de luxo, a rede hoteleira canadense chamou o renomado chef local Donald Link para comandar o Chemin à La Mer, restaurante no quinto andar que possui uma vista e tanto para o Rio Mississippi.
O menu é repleto de pratos típicos da culinária Cajun da Louisiana – como o gumbo, uma sopa de frutos do mar servida com arroz branco. Outros, têm um toque mais francês, a exemplo do confit de pato.
Minha escolha foi o salmão Ora King, trazido da Nova Zelândia, servido sobre uma cama de lentilhas, um ingrediente importante da culinária Cajun. A combinação é surpreendente deliciosa. Entre as sobremesas, a mousse de chocolate com crème anglaise estava divina.
6. Dooky Chase’s Restaurant
Orleans Avenue, 2301
Aberto em 1941 pela família Chase, que continua no comando do restaurante, o Dooky Chase’s Restaurant era um ponto de encontro em Nova Orleans para reuniões sobre os direitos civis dos afroamericanos.
Até hoje, a cultura afroamericana está presente através da coleção de arte que decora as paredes e da autêntica culinária Creole.
O almoço de terça-feira a domingo é composto por pratos do dia a dia local, como arroz e feijão (que tem um sabor um pouco diferente do nosso) e po’boys (sanduíches na baguete, geralmente recheados com camarão empanado).
O destaque vai para o gumbo da casa, ensopado servido com arroz branco que leva caranguejo, camarão, frango, dois tipos de linguiça, presunto e peito de vitela.
Nos jantares às sextas-feiras e sábados, o menu ganha alguns acréscimos como o Shrimp Clemenceau, camarão servido com batatas, cogumelos e ervilhas.
O restaurante fica fora do French Quarter, mas relativamente perto dele. Da Jackson Square, são cerca de 30 minutos de caminhada ou 10 minutos de carro.
O Dooky Chase’s Restaurant já recebeu a visita de famosos como Ray Charles, Beyoncé, Jay-Z e o ex-presidente Barack Obama.
7. Johnny’s Po-Boys
St Louis Street, 511
Os sanduíches feitos na baguete eram consumidos principalmente por jovens pobres da Louisiana. Por isso, passaram a ser chamados de “po’boys” ou “po-boys”, uma junção das palavras em inglês poor (pobre) e boy (menino).
Até existem recheios de carne, mas na maioria das vezes os lanches são de peixes e frutos do mar, principalmente camarão empanado. Os acompanhamentos mais comuns são maionese, alface e tomate.
Os po’boys tidos como os melhores da cidade em geral ficam distantes da parte mais turística de Nova Orleans. Mas o Johnny’s Po-Boys, que existe desde 1950, é uma ótima opção em pleno French Quarter.
Só fique atento aos horários de funcionamento para não se deparar com o lugar fechado, como aconteceu comigo. A lanchonete funciona apenas de quinta-feira a domingo, das 8h às 15h30.
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8. Pêche
Magazine Street, 800
Em uma porção mais nova da cidade, a cinco minutos de caminhada do imperdível The National World War II Museum e a quinze minutos do mirante Vue Orleans, o Pêche é fruto de uma parceria entre os chefs Stephen Stryjewski, Ryan Prewitt e Donald Link – mesmo do Chemin à La Mer mencionado acima.
Os ingredientes são comprados de pescadores locais e fazendas orgânicas para compor pratos contemporâneos que misturam influências da América do Sul, Espanha e da própria Louisiana. As estrelas do menu são as ostras, colhidas no Golfo do México.
Tanto o gumbo de frutos do mar quanto o camarão no leite de coco, servido com um bolinho e arroz frito, estavam deliciosos e picantes na medida. Combinaram bem com o albariño, vinho branco da região espanhola da Galícia.
O ambiente é descolado, com vigas de madeira aparentes, parede de tijolinhos e quadros de peixes.
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