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Viajei de Vespa até o Paraguai e foi uma das experiências mais inesquecíveis que tive

Por Da Redação
Atualizado em 22 fev 2017, 08h14 - Publicado em 22 ago 2016, 16h16

Era um sábado sem muitas pretensões até que, em meio a uma conversa, recebo a seguinte proposta: “Quer vir com a gente até o Paraguai de Vespa?” “A gente” eram Márcio Fidelis e Walter Mariano, ambos da Scooteria Paulista. E, tanto quanto inesperada foi a pergunta, também foi a resposta: “Vamos!”

Assim começou a aventura de rodar para um destino pouco provável, para um encontro de Vespas em Encarnación, com pessoas que eu pouco conhecia. O percurso de 3 500 quilômetros por três países (Brasil, Paraguai e Argentina) foi divertido e tranquilo. Aí a diferença de rodar de moto estradeira e de Vespa, avançando a uns 80 quilômetros por hora, curtindo as paisagens em detalhes. As pessoas no caminho são uma atração à parte: curiosas, sorridentes, prontas para te cumprimentar.

Os personagens que encontrávamos na estrada são casos à parte. Como o de um conterrâneo argentino que, depois de ter dirigido até São Paulo em seu carro dos anos 60, fazia o caminho de volta com uma jovialidade inesperada aos 73 anos.

Ou da senhora de 60 anos que morava sozinha, cultivando plantas próximo à estrada; o segurança de um posto de gasolina paraguaio que fez questão de posar com sua escopeta para uma foto; as crianças que vendiam chipa, o pão de queijo argentino, e ofereceram os melhores descontos para que comprássemos algo delas; o grupo de motoqueiros Quatis das Cataratas, que nos convidaram para um churrasco; o dono de um hotel na Argentina, que só faltou não nos cobrar para ficarmos por lá; um mecânico da cidade paulista de Assis que nos falou sobre várias corridas de Vespas nos anos 70 e tantas outras.

São histórias que ainda lembro com a mesma nitidez com que recordo dos detalhes de espetáculos à parte, como pilotar em meio a um bando de borboletas amarelas. Voando ao nosso redor aos milhares, elas provocavam uma sensação de epifania durante quase 10 quilômetros de estrada.

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Momentos que não esqueci nem mesmo naqueles instantes tecnicamente mais difíceis da viagem, quando percorremos os últimos 400 quilômetros de Curitiba a São Paulo, com chuva, frio e neblina pela Régis Bittencourt em meio a “centos” caminhões. Aliás, só de volta a São Paulo, já em casa, eu soube que o apelido dessa estrada é “Rodovia da Morte”. Ainda bem, porque, para mim, nem foi tão terrível assim.

Hernán Rebaldería tinha medo de moto, mas achou a Vespa tranquila

Texto publicado na edição 220 da revista Viagem e Turismo (fevereiro/2014)

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