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Uma visita ao lado mais alternativo de Berlim

Por Mariana Maciel
1 dez 2014, 13h44

Recentemente estive pela segunda vez em Berlim e pude comprovar todas as minhas primeiras impressões: a de que é uma cidade que não para, de uma riqueza cultural e histórica absurdas, com boa gastronomia e povo muito educado.

Um dos (en)cantos da cidade tem roteiros alternativos, para quem gosta de grafite (e arte de rua em geral), artes plásticas, rock and roll e muita história.

Berlim foge aos padrões das tradicionais visitas turísticas europeias. É claro que, uma vez na cidade, você deve fazer os roteiros clássicos como a visita ao portão de Brandemburgo, Checkpoint Charlie (onde ficava o posto militar que separava a Alemanha Oriental da Ocidental) e aos inúmeros e surpreendentes museus da cidade. Mas um tour diferente tem chamado a atenção dos que visitam o lugar em busca de algo além do turismo habitual.

Denominada de Alternative City Tour, a experiência envolve uma visita à Berlim oriental, local que ficou mais de 40 anos atrás da chamada Cortina de Ferro, na época em que o muro dividia as duas Berlins. Esse lado desenvolveu uma identidade diferente e, depois da queda do muro, atraiu as pessoas que gostariam de sair um pouco de toda aquela organização e formalidade do lado ocidental. Ali, artistas plásticos, grafiteiros, músicos e curiosos se reúnem em galpões e prédios “abandonados” para expor suas criações. É necessário um pouco de coragem para fazer esse tour que, apesar de ser seguro, te levará a alguns lugares sujos e com um cheiro nada agradável. Mas, quer saber? A experiência diferente, a visita a um lado bem real da vida dos berlinenses, a arte que vai vivenciar e toda a história que há por trás daquelas ruas vale qualquer esforço.

Para quem quer curtir esse lado alternativo, indico os guias da New Europe, um grupo que conta com pessoas de diversas nacionalidades (mas que conhecem a cidade como ninguém) e que se reúnem no início de todas as manhãs e tardes ao lado da Starbucks do Portão de Brandemburgo. O tour dura entre 3 e 4 horas e custa 12 euros. Estudantes podem pagar 10 euros. Para fazer o passeio é necessário ter tickets de metrô válidos por sua conta para circular entre diferentes zonas da cidade. Detalhe: não existem catracas no metrô de Berlim, portanto os mais “espertinhos” podem querer circular sem um ticket válido, mas sem aviso ou periodicidade fiscais passam pelos trens para conferir os tickets de todos. A multa é alta e o trabalho que a falta de bilhetes gera aos estrangeiros é grande.

Nesse tour alternativo, o guia vai contar a história da Street Art berlinense e como o grafite está inserido nesse contexto (grupos, comunicações entre eles por meio de símbolos, etc). Para quem vem de cidades como São Paulo, em que o grafite é recorrente, não é uma novidade, mas a história por trás de toda aquela conjuntura da cidade é bem curiosa. Antigas zonas de conflito, arte de protesto e desenvolvimento urbano misturados a um ambiente moderno e peculiar.

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Durante o caminho já é possível se informar também dos melhores lugares para visitar à noite. A vida noturna é bem agitada em Berlim, com grande foco para música eletrônica e rock. Entre as casas alternativas, uma delas distribuía fones de ouvido na entrada ligados a dois canais diferentes, um tocando rock e outro tocando música eletrônica. Cada um escolhia o que gostaria de ouvir e curtia a balada ao lado dos amigos que talvez tivessem um gosto diferente.

O tour termina em um dos lugares mais encantadores da cidade, a East Side Gallery, que é uma galeria de arte a céu aberto e onde fica a maior parte do que restou do muro de Berlim. Quase 1,5 quilômetro preservado com pinturas diversas. É considerada a exposição de arte ao ar livre de maior duração no mundo, além de ficar em um lugar lindo, às margens do Rio Spree. São mais de 100 obras de artistas de vários países. Uma das obras mais famosas expostas ali é “The mortal kiss”, de Dimitrij Vrubel, que retrata o beijo na boca entre Brezhnev e Honecker, líderes da Alemanha oriental e da União Soviética. Ousado, mas um símbolo comum para os socialistas da época. A imagem é uma das mais representativas da cidade e estampa objetos e cartões postais.

Visite www.newberlintours.com/daily-tours para ter mais informações sobre este e outros tours interessantes por essa cidade tão rica culturalmente e historicamente.

E se já foi à Berlim, vá de novo, porque uma segunda visita é sempre válida e interessante.

Berlim

Bares grafitados na Berlim Oriental (Crédito: Flickr/ Barbara Piancastelli)

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Berlin 2

Parte do muro na East Side Gallery (Crédito: Flickr/ Rae Allen)

 

 

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