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Tempo de Natal, a capital do Rio Grande do Norte

Sol 233 dias por ano, camarão, dunas. A capital potiguar não precisa de muitas palavras para justificar a sua visita. Tentaremos ser econômicos

Por Simone Tobias
Atualizado em 24 abr 2023, 14h17 - Publicado em 6 nov 2012, 16h08

As virtudes de Natal, a capital potiguar, são conhecidas de muitos. Dentre os destinos de praia vendidos pela CVC, a maior operadora brasileira, é o segundo mais importante, atrás de Porto Seguro. Embora sofra com uma gestão administrativa contestada pela população, é finalista do Prêmio VT – terceira melhor cidade brasileira, atrás de Gramado e Florianópolis. Algumas das razões:

Sol, sol, sol

Eu desembarquei no aeroporto de Parnamirim às 20h38. Parecia madrugada, tamanho o negrume. Na manhã seguinte, muito antes de o despertador tocar, às 6h30, para meu primeiro passeio, a luz natural banhava o quarto.

Em Natal, o sol nasce antes das 5 horas. Por isso, se você precisa de um relógio, um alarme, uma britadeira para acordar, mude-se para o Rio Grande do Norte. O melhor é que o sol faz você sair para aproveitar ao máximo o dia. O lema latino carpe diem não foi criado lá, mas deveria. “A latitude próxima do Equador faz o lugar ter grande insolação”, diz a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo. A latitude baixa também é responsável pela mesma duração do dia e da noite. Costuma-se dizer que Natal tem 233 dias de sol, mais até que os 224 de Fortaleza, capital de um estado que faz do sol uma ferramenta de marketing. Nesta minha terceira vez na cidade, consegui contrariar a estatística: peguei chuva. Mas ela durava 15 minutos, e o sol voltava a explodir.

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Camarão com paçoca

A culinária potiguar tem toda aquela variedade da cozinha nordestina (não tem acarajé, mas a Bahia é um caso à parte) e é muito saborosa no litoral, especialmente para quem adora camarão, que dá em baldes ali. Não à toa, um dos restaurantes mais tradicionais da capital chama-se, olha só, Camarões (Avenida Engenheiro Roberto Freire, 2610, 84/3209- 2424, camaroes.com.br; Cc: A, D, H, M, V). Com vista para o mar de Ponta Negra, o salão tem 250 lugares e serve, em média, 700 pratos na alta temporada. Tem até salada, mas o que importa é o dito cujo. São 30 receitas no menu. Tem camarão de tudo que é jeito: com azeite de dendê, com leite de coco, flambado no uísque, à milanesa, feito com abacaxi ou castanha-de-caju. Eu resgatei um pouco dos meus dias de menina, da Simoninha do Canal 2 de Santos, ao pedi-lo com catupiry, arroz e purê de batatas (R$ 45). Simples e ótimo, muito por causa do crustáceo, fesquíssimo, tenro e maior do que o meu dedo indicador. Há sete anos, os proprietários inauguraram uma filial, o Camarões Potiguar (Rua Pedro Fonseca Filho, 8887, 84/3209-2425; Cc: A, D, H, M, V), mais descolado e concorrido, mas praticamente com o mesmo cardápio.

Mas, se por acaso, depois do sexto dia comendo camarão, você não o quiser mais, vá, como eu, descobrir que paçoca não é só doce de amendoim. No Nordeste é uma farofa com farinha de mandioca, pedaços de carne de sol desfiada, cebola roxa e manteiga de garrafa. Uma loucura. O da Paçoca de Pilão (Rua Deputado Márcio Marinho, 5708, 84/3238-2088), a 15 quilômetros do centro de Natal, estrelado pelo GUIA BRASIL, é o lugar aonde ir. A proprietária, Adalva Dias Rodrigues, de 75 anos, veio pessoalmente perguntar se o prato estava gostoso. Com acompanhamentos como aqueles, feijão-verde, macaxeira, banana e arroz de leite, servido em uma varanda bem ventilada… Se estava bom, Dona Adalva? Não, estava ótimo! Custa R$ 52,40 e dá para duas pessoas – na verdade, para três.

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Eu e a duna

Sei que outras capitais têm dunas. Em Salvador, a aterrissagem no aeroporto é linda; em Florianópolis, elas comem um pedaço da estrada à beira da Lagoa. Mas as dunas de Natal têm um it, como se dizia. As dunas e o mar de Natal parecem que vão engolir a cidade e seus 800 mil moradores. Uma brisa gostosa e constante refesca o ano inteiro e vai mudando a posição e o tamanho dessas montanhas de areia. A duna do Morro do Careca, com 107 metros de altura, margeada dos dois lados por vegetação, é mesmo uma careca, daquelas do tipo “Bozo”. Eis uma vista de postal que muitos queriam ter da janela. A Via Costeira, Avenida Atlântica local, tem 10 quilômetros, concentra os principais hotéis e demarca a área do Parque das Dunas. Mas, dunas, há muitas outras.E foi nas de Genipabu, 24 quilômetros ao norte de Natal, que eu, com medo de altura, despenquei, me joguei, voei. Agências de receptivo, como a Marazul (84/3219-2221), a Natal Vans (84/3642-1883) e a SMG (84/3219-2828), levam de bugue desde R$ 110 ao destino. O bugueiro que contratei, o Pitoco, antes de meter o carro falésia abaixo, foi me mostrando as dunas, as praias do caminho (Santa Rita, Barra do Rio, Jacumã, Porto Mirim, Muriú) e, finalmente, as lagoas. Recapitulando: tem duna, tem mar, tem lagoa. A primeira, a de Pitangui, tem água esverdeada e é um lugar gostoso para as crianças. A de Jacumã é onde rolam os famosos esquibunda (desce- se sentado sobre uma prancha de madeira), aerobunda (tirolesa que acaba na água) e kamikaze (vamos sentados sobre um tapete de lona). Tudo custa R$ 10 e, apesar do meu medo de altura, enfentei os desafios. No aerobunda, respirei fundo e voei sobre a lagoa, com direito a mergulho. Arrependimento zero.

No mar e na lagoa

Ainda mais ao norte de Natal, a 57 quilômetros, fica outra atração famosa da região, Maracajaú e suas piscinas naturais, os parrachos (para ir até lá, contate as agências citadas anteriormente; R$ 110). A 7 quilômetros da costa, no meio de uma grande barreira de corais, dá para nadar com peixinhos num mar verdão, verdão. O melhor período para mergulho vai de dezembro a abril, quando a água se torna ainda mais transparente e, nos dias próximos à Lua cheia, a maré baixa atinge os menores níveis. Vai-se até lá de catamarã num percurso de 30 minutos. São duas horas para flutuação com máscara e snorkel ou mergulho autônomo, cobrado à parte (desde R$ 100). Mas não é preciso ir tão longe para curtir cenários tão bacanas.

As praias mais bonitas de Natal ficam ao sul, ao longo da Rota do Sol, como Cotovelo, Búzios e Tabatinga. Um belo passeio para fazer de carro porque aí dá também para conhecer a Lagoa de Arituba, de água doce, uma lindeza em degradês de verde, com pedalinhos para passear com as crianças e caiaques. Melhor: é ainda um lugar pouco explorado.

Mordomia no pacote

Natal é a terceira cidade do Nordeste em número de leitos hoteleiros. São mais de 19 mil, segundo o IBGE. Os três melhores hotéis da cidade para o GUIA BRASIL são resorts com grandes áreas de lazer e conjuntos de piscinas que poderiam passar facilmente por parques aquáticos. A melhor notícia é que esses hotéis, o Ocean Palace (Via Costeira, km 11, 84/3220-4144; diárias desde R$ 315), o Serhs Natal (Via Costeira, 6045, 84/4005- 2000; diárias desde R$ 400) e o Pestana (Via Costeira, 5525, 84/3220-8900; diárias desde R$ 326), aparecem nos pacotes comercializados por boa parte das operadoras. Para novembro, a Marsans (marsans. com.br) tem cinco noites no Ocean Palace, com aéreo, traslados e city tour, desde R$ 1 200; a Agaxtur (agaxtur.com.br) vende para o feriado da República quatro noites no Serhs, com traslados, desde R$ 1 689; a CVC (cvc.com.br) tem quatro noites no Serhs, com traslados e city tour, desde R$ 1 188, e quatro noites no Ocean Palace desde R$ 1 238. Tanto no Ocean como no Sehrs, onde me hospedei, o turista não precisa sair do hotel: são pé na areia, têm piscinas, restaurantes variados, incluindo comida japonesa. Recreação e atividades para crianças são pontos fortes. Os hóspedes do Serhs, por haver muitas árvores no entorno de sua piscina, acabam ficando na sombra depois das 2 da tarde. No caso do Ocean, o vento pode ser um problema. Quando estive lá, vi crianças e adultos colocarem as toalhas de praia em volta do corpo para evitar o fio. O Pestana tem cinco piscinas, spa com piscina aquecida, oficina de arte, recreação e cineminha para as crianças.

Dias melhores virão?

Embora o turismo seja uma atividade econômica muito relevante para a cidade, Natal não avançou nos últimos anos. O calçadão de Ponta Negra está com problemas. Uma ressaca fez estragos e obrigou a interdição de certas áreas. “Desculpe o buraco no asfalto, pessoal, mas a prefeita nos abandonou”, disse um dos guias durante o passeio que fiz a Maracajaú. A atual prefeita, Micarla de Souza, do PV, teve em setembro índice de reprovação de 92% da população. Mas a cidade é uma das 12 sedes da Copa de 2014 e vem recebendo investimentos. Estão previstas a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na capital e a construção de um aeroporto na região metropolitana. Um dos dois estádios de Natal se transformará na Arena das Dunas, para 42 mil pessoas. Apenas 30% das obras, segundo o cronograma da Fifa, estão prontas.

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