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Tempero indesejado

Barata na comida do avião

Por Fabrício Brasiliense (edição)
Atualizado em 6 jul 2021, 18h28 - Publicado em 12 set 2011, 20h41

Em fevereiro deste ano, viajei de São Paulo para Miami com a American Airlines em um voo diurno. Quando o almoço foi servido, notei que a bandejinha com o prato quente estava entreaberta. Destapei a embalagem, comecei a comer e logo percebi umas perninhas estranhas no molho do frango. Era uma pequena barata. A pobre estava esturricada, uma vez que a comida estava muito quente. Chamei a comissária, sem alarde, que olhou e disse: “Isso é muito sério. Vou levar adiante”. Ela então levou meu prato embora e nunca mais voltou. Um de meus colegas de viagem recortou e me entregou a etiqueta com o nome da empresa que forneceu a refeição, a Gate Gourmet. Fiquei com fome a viagem toda. – Zilda Aparecida Bocato, Ribeirão Preto, SP

Encaminhamos o caso para a American Airlines e, depois de oito dias, recebemos uma resposta gentil porém evasiva do gerente-geral da companhia no aeroporto de Guarulhos, Herlichy Bastos. No comunicado, ele agradeceu por a passageira ter levado sua experiência ao conhecimento da empresa, garantiu que o relato seria encaminhado às gerências responsáveis e que ele esperava tê-la a bordo novamente. Passamos o recado para Zilda, que não se mostrou muito receptiva ao convite. “Eu só tomei um copinho de suco de laranja naquele voo porque fui pessoalmente buscar. Os comissários simplesmente não circulavam. Não pretendo mais voar com a empresa.”

Levamos o caso ao conhecimento do advogado Rui Aurélio Badaró, presidentedo Instituto Brasileiro de Ciências e Direito do Turismo (IBCDTur). “A resposta genérica da companhia aérea para um caso de falta de asseio no fornecimento de alimentos durante o voo foi triste. Pior, todavia, foi a falta de atenção para com a passageira, que passou fome durante todo o voo”, diz ele. A fidelização de clientes é um desafio para as corporações e, segundo uma famosa lei do marketing, o custo para recuperar um cliente perdido é muito mais alto que o de manter os já conquistados. Em bom português, a American Airlines teria de se esforçar muito para ver Zilda novamente a bordo de um voo da companhia.

Numa coisa a própria Zilda deve concordar: por mais limpa que seja uma casa, cedo ou tarde pode surgir aquela barata que ninguém entende por onde entrou. Mas sem dúvida é difícil aceitar quando isso acontece a bordo de uma companhia aérea tão tradicional. Para entender o que pode ter acontecido com a refeição de Zilda, conversamos com o gerente da Gate Gourmet no Brasil, Carlos Bittar, mas por uma questão de confidencialidade contratual, disse ele, somente a American Airlines poderia se pronunciar quanto ao caso.

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Segundo Rui Badaró, a passageira poderia entrar com uma ação por danos morais. “Tanto a companhia aérea como a empresa que forneceu o catering respondem objetiva e solidariamente pela reparação dos danos causados à consumidora”, diz ele. Se algum dia você passar por um infortúnio da mesma natureza, proceda com uma reclamação formal no balcão da companhia e faça uma denúncia nos postos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), presente em todos os aeroportos brasileiros que recebem voos internacionais. Em Guarulhos, a Anvisa (11/2445-5532) está situada no Terminal 2.

 

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