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Sete formas diferentes de se hospedar

Uma volta ao mundo das hospedagens diferenciadas

Por Eduardo Jun Marubayashi
Atualizado em 16 dez 2016, 08h57 - Publicado em 1 dez 2011, 18h30

Um hotel onde a temperatura nunca passa dos cinco graus negativos. Um quarto que tem dois metros cúbicos. Um albergue da juventude que tem decoração bacana, TV de LCD e um banheiro só para você. Um acampamento patagônico onde os jantares são divinos e ninguém dorme em sacos de dormir. Um hotel cujos quartos eram autênticas celas de prisão. E um outro que as camas são instaladas em tubos de esgoto. Muita coisa já se passou no mundo da hotelaria desde os tempos em que um teto e uma mesa à beira da estrada bastavam para suprir as necessidades dos viajantes. Resorts com todo tipo de comodidade foram instalados em desertos e savanas, estabelecimentos clamam para si o título de seis e sete estrelas, deuses do design projetaram talheres, cadeiras e lustres exclusivos para hotéis dos sonhos. A concorrência é tamanha que inovação e diferenciação tornaram-se a regra do negócio. Conheça aqui seis formas muito diferentes de se hospedar.

 

Hotel-Cápsula 9 Hours, Kyoto, Japão

Localização e comodidade versus espaço

No auge da expansão econômica japonesa, quando yuppies de Wall Street liam o Livro dos Cinco Anéis e todo mundo sabia o que era just-in-time e kanban, os executivos de multinacionais baseadas em Tóquio permaneciam jornadas intermináveis em seus escritórios. Eram tantos serões que frequentemente acabavam perdendo o último trem para casa e tendo que passar a noite em caros hotéis. A solução chegou quando um esperto empreendedor sacou a demanda e criou os hotéis-cápsula. Nada de firula, apenas um chuveiro em banheiro compartilhado e camas-sarcófago empilhadas feito casulos. O importante era estar limpinho e ter uma cama para descansar o corpo. Os tempos são outros, livros são lidos em Kindles e iPads e nenhum fabricante de TV dá mais garantia até a Copa de 2016, mas as icônicas cápsulas ganharam ares espaciais, o conhecido design japonês chegou a detalhes insanos em termos de futons e travesseiros e tudo é imaculadamente limpo, como sempre. O que não mudou foi a localização sempre conveniente e o espaço exíguo. O 9 Hours de Kyoto está na vanguarda dessa tendência, com seu estilo minimalista e ambiente etéreo.

588 Teianmaeno-cho, Shijyo, Teramachi-dori, Shimogyo-ku, 81-75-353-9005, 9hours.jp, Diárias básicas de ¥4.900

 

Baan Dinso, Bangcoc, Tailândia

Um albergue da juventude bem diferente

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Sawadee krap! É com um sorriso incrivelmente sincero e uma doce mesura que te recebem nesse albergue no centro de Bangcoc, próximo ao Palácio Real. Aqui o pessoal da recepção não vai te jogar um jogo de fronhas e toalhas, mas te levar a um quarto divinamente decorado, com ar-condicionado, TV de tela plana, cama queen size e um banheiro que é melhor do que muito hotel (bem) estrelado. O café da manhã não tem bagels duros com potinhos de manteiga, mas suco de fruta feito na hora, torradas crocantes, uma manga delicadamente cortada e uma ou outra surpresa quente. E, na hora de confraternizar com outros mochileiros (ou viajantes iniciados), nada de sofás bolorentos ou refeitórios frios, mas mesinhas ao ar-livre com uma bela cerveja Singh na mão. É por essas e outras que o Baan Dinso é considerado um dos melhores albergues do planeta por várias mídias especializadas. Nada contra os acessos de tosse (entre outros sons) nos quartos compartilhados, mas este é um albergue realmente divino. 

113 Trok Sin, Dinso Rd., Borvomnivate, 2-622-0560-2, www.baandinso.com , Diárias desde 1200 bahts

 

Ice Hotel, Suécia

Uma noite no inverno ártico (e sem aquecimento)

Imagine se hospedar numa sala de gelo onde a temperatura oscila entre -8 °C e -5 °C e você ainda paga feliz por não haver aquecimento. Localizado 200 quilômetros ao norte do círculo polar ártico, o Ice Hotel de Jukkasjärvi, na Lapônia, é o maior e mais antigo empreendimento desse tipo. A estranha combinação de frio congelante, obras de arte glaciais e drinques servidos em copos de gelo deu tão certo que hotéis similares pipocaram na Finlândia, Rússia e Canadá. A receita na hora de dormir, porém, pouco muda: pijamas térmicos, sacos de dormir sobre peles de rena e uma cama de gelo. Talvez não seja a madrugada mais confortável do ano, nem é grande recomendação para a lua-de-mel, mas é bem interessante. Na hora de acordar, uma bem-vinda bebida quente e uma sauna relaxante te farão voltar à vida. O grande bônus, porém, é a oportunidade de ver as cores da aurora boreal. Bairrismos regionais a parte, essa é uma grande maravilha da natureza que não é exclusiva de um país. 

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Marknadsvägen 63, 981 91 Jukkasjärvi, 46/980 66 800, www.icehotel.com, desde 1750 Sek

Das Park Hotel, Ottensheim, Áustria

Literalmente, entrando pelo cano

Muito mais que um hotel, o Das Park é um conceito. Os ‘quartos’ são tubos de esgoto que contam com confortáveis camas, eletricidade e espaço para bagagem. Nada de TV, wi-fi, ar-condicionado ou cosméticos. É quase como um camping urbano bem localizado, em um parque junto às margens do Danúbio, com a vantagem de seu teto ser bem mais resistente e à prova d’água. Água potável, banheiros e refeições são acessíveis em estabelecimentos públicos do Parque Rodlpark ou no Marktplatz, a praça principal da cidade. O Das Park fecha no inverno e funciona no esquema “pague o quanto achar justo”. Há ainda uma “filial” no Bernepark, em Bottrop, Alemanha.

Donaulände 21, Ottensheim; 0650/8415850, www.dasparkhotel.net

 

Ecocamp, Torres del Paine, Chile

Um acampamento para quem não foi escoteiro

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Uma terra com clima inclemente, onde São Pedro colocou o controle do tempo em modo shuffle e nem as flores são delicadas. Mas junte a isso picos verticais, geleiras colossais e lagos de matizes azul leitosos e terá o paraíso dos praticantes de trekking e escaladas. Na região de Torres del Paine, na Patagônia chilena, os turistas normais e endinheirados podem fazer o check-in no super bacana Explora, mas aqueles que querem ter um contato mais imediato com a natureza podem optar pelo curioso Ecocamp. Este é um acampamento diferente, com muito conforto e algumas mordomias. Os hóspedes têm a seu dispor barracas geodésicas com piso de madeira, leitos enormes e jogos de cama de fleece e lã de carneiro que não deixarão ninguém passar frio. Na ampla tenda central há um aconchegante espaço de convivência com lareira e convidativas mesas onde as refeições são servidas. E que refeições! Imagine-se voltando de um dia inteiro de caminhadas, molhado, exausto, morrendo de frio e fome e ser recebido com uma taça de vinho tinto chileno, sopas de cogumelos e queijo, filés altos grelhados ao ponto, trutas assadas e tortas fumegantes. É de ajoelhar e agradecer aos deuses das montanhas. E como se tudo isso não bastasse, o Ecocamp ainda tem uma pegada sustentável, com manejo inteligente de energia, água e lixo.   

Parque Nacional Torres del Paine, www.ecocamp.travel, desde $ 1470

 

Alcatraz Hotel, Kaiserslautern, Alemanha

Onde o check-out é quase uma fiança

Os muros altos com arame farpado, as janelas pequenas com gradis de ferro e o clima nada receptivo que o nome Alcatraz evoca não fazem desse lugar um destino dos sonhos. Construído nas instalações de um antigo presídio, parte dos 56 quartos desse hotel eram autênticas celas. Algumas delas, inclusive, estão como na época que encarceravam delinquentes e desordeiros, mas são só para visitação. As suítes são tal qual modernos quartos de um hotel normal, mas as habitações mais simples possuem mobiliário espartano, mas são confortáveis, com telefone, TV de tela plana e internet grátis. Nas ‘celas’, o banheiro é tal qual se vê nos filmes: um vaso e uma pia logo ali ao lado.

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67657 Kaiserslautern, Morlauterer Str. 1, www.hotel-alcatraz.de, 49/634-4140-400, Diárias desde €49

 

Felucca, Rio Nilo, Egito

Dormindo no convés de um barco

Há duas formas básicas de se fazer um cruzeiro no rio Nilo. A alternativa pé-no-chão são as barulhentas e poluidoras dahabbiyas, enormes barcaças com todo confortável que o Egito moderno pode oferecer. A segunda, mais ao gosto dos mochileiros, são as feluccas. Esses tradicionais barcos de velas triangulares percorrem silenciosamente o clássico trajeto de Aswan a Luxor navegando ao largo de ruínas em Edfu e Kom Ombo. Você passa o dia refestelado no pequeno convés, vendo os agricultores labutando às margens do grande rio, lendo seu livro favorito ou ouvindo histórias do condutor do barco. As refeições são feitas nesse mesmo espaço, preparadas pelo outro membro da tripulação. Se der vontade de ir ao banheiro, peça ao ‘capitão’ e ele ancorará o barco na tamareira mais próxima. Quando a noite cai, a felucca é encostada em um banco de areia e o jantar é servido, enquanto todos se reúnem em conversas ao pé do lampião. Na hora de dormir, todos os viajantes se acomodam sob o mesmo grande cobertor (ou no seu próprio saco de dormir). Enfim, se tudo der certo (e nem sempre dá) pode ser o ponto alto de sua visita ao país dos faraós. Para achar um bom barco, peça dicas de outros viajantes ou com o pessoal do seu hotel.

 

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