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Santana de Parnaíba, a Ouro Preto paulista

Ótimo passeio de domingo, Santana de Parnaíba tem casario preservado, comidinhas, música, arte e uma versão brasileira do Caminho de Santiago

Por Luiz Aymar
Atualizado em 16 dez 2016, 08h13 - Publicado em 17 dez 2012, 15h56

Cheia de construções históricas e ao lado dos residenciais de dois dígitos de Alphaville, o charmoso centrinho de Santana de Parnaíba, a 41 quilômetros de São Paulo, é uma espécie de miniEmbu das Artes sem as multidões. À beira do Tietê, Santana de Parnaíba foi mais uma cidade que surgiu no caminho dos indômitos bandeirantes paulistas, que subiam o rio em busca de índios e dos confins do Brasil em formação. O primeiro registro da cidade é de 1561, apenas 61 anos após o Descobrimento, quando o então governador-geral do Brasil, Mem de Sá, se instalou por ali. Hoje a gente ainda sente o clima colonial exatamente em seu pequeno Centro Histórico, que conserva 209 edificações dos séculos 17, 18 e 19 tombadas pelo Patrimônio Histórico estadual – um dos motivos que geraram o apelido de “Ouro Preto paulista”. a maioria delas agora abriga pousadinhas, órgãos municipais e comerciais. Duas legítimas representantes desse casario estão no agradável Largo da Matriz: a Igreja Matriz de Sant’Ana (4154- 2401; 8h/18h), erguida em estilo eclético em 1580 e reconstruída em 1880, e a Casa do Anhanguera (4154-2377), antiga residência do bandeirante Bartolomeu Bueno da silva. Construída no século 17, essa representante das primitivas moradas paulistas é feita de taipa de pilão, técnica de construção que empregava cascalho socado. a ex-residência é hoje um museu, mas passa por restauração e está com as visitações suspensas.

Dali a gente anda um pouquinho e faz uma parada estratégica em outra praça, a 14 de Novembro, onde está localizada a Andrea Doces (4154-6390), loja que nos “obriga” a sucumbir a musses e bom-bocados, e o Bartolomeu Chopp Bar (4154- 2679). A praça também guarda o belo Coreto Maestro Bilo, de 1892. Aos domingos, assim como em Embu, acontece uma feirinha de artesanato, que também tem suas barraquinhas de iguarias açucaradas e outras menos, caso do caloroso acarajé.

A cena parnaibana de restaurantes pode não ser hype, mas tem um charme que remete a pequenas cidades portuguesas. Os estabelecimentos se concentram principalmente na rua Bartolomeu Bueno da silva, onde fica o Abujamra (nº 10, abujamra.com.br), que serve desde esfihas abertas e fechadas até especialidades árabes mais apuradas, como cordeiro com grão-de-bico e Batenjen Mehchi, uma berinjela recheada com carne e arroz. outro ponto gastronômico vintage é o São Paulo Antigo (Rua Álvaro Luís do Valle, 66, sao pauloantigo. com.br), com vocação mineira self-service e um suculento leitão à pururuca.

Outra praça, a da Bandeira, no segundo sábado de cada mês serve de ponto de partida do grupo Parnahyba em Seresta e Serenata (4154-5666). Às 20h30, um grupo de músicos se reúne ali para percorrer as ruas do Centro Histórico tocando canções populares de intérpretes como Pixinguinha, Cartola, Lupicínio rodrigues, Lamartine Babo e Francisco matoso.

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Santana Parnaíba: artesanato e quitutes

Artesanato na feirinha – Foto: Douglas Luccena

Santiago de Parnaíba

O místico caminho de santiago de Compostela, que leva peregrinos a pé até a desafiadora conclusão na espanha, tem um protótipo tupiniquim em santana de Parnaíba. Trata-se do Caminho do Sol (R$ 93). A aventura, que dura 11 dias, percorre 241 quilômetros por 12 municípios até chegar a Águas de são Pedro, onde os andantes terminam o árduo passeio diante da imagem de São Tiago. Segundo José Palma, idealizador do caminho, o roteiro nasceu com o objetivo maior de oferecer aos amantes de caminhadas uma paisagem agradável, passando em sua quase totalidade por áreas rurais. “Ele também é feito para buscar a introspecção e o desapego material”, explica Palma, que calcula média de gastos diária de R$ 85 durante a peregrinação, incluindo refeições e pernoites. Se você acha que não dá conta, fique sabendo que o roteiro também pode ser realizado em etapas. Não deixa de ser, no fim das contas, uma boa oportunidade para encarnar o espírito bandeirante que está na essência dessa cidade.

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