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Saída à inglesa

Fundada por britânicos, coberta de charme e de cerração, Paranapiacaba, que em julho sedia o Festival de Inverno, é um belo passeio de domingo

Por Luiz Aymar
Atualizado em 16 dez 2016, 08h33 - Publicado em 17 jul 2012, 16h41

Doutor Brown, guru de Marty McFly, protagonista de De Volta para o Futuro, não teria se esforçado tanto para criar o carro DeLorean e viajar ao passado se conhecesse o trem, chamado expresso turístico, que leva passageiros da estação da Luz, na região central paulistana, a Paranapiacaba, charmoso distrito de Santo André, a 44 quilômetros do Centro de São Paulo. Não, o trem da CPTM não lembra em nada o carro supersônico do Doutor Brown, mas sair dele, duas horas de viagem depois, dá uma sensação de viagem no tempo. O trem é uma composição de 1950, com locomotiva a diesel, que faz parada em Santo André, onde passageiros também podem embarcar, apenas aos domingos (exceto no segundo domingo do mês, dia 8/7). São R$ 29 (ida e volta) bem pagos – ligue para a CPTM (0800-0550121, cptm.sp.gov.br) e compre o bilhete com antecedência.

Ao descer da maria-fumaça, a gente encontra uma grande vila de aura inglesa, no alto da Serra do Mar, que surgiu em 1860 durante a construção da ferrovia São Paulo Railway. A finalidade? Servir de residência para os operários britânicos que trabalhavam na obra. Hoje tudo é praticamente igual. As ruelas estreitas de cascalho, o casario de madeira e a neblina montam esse ambiente alentado por lojas de artesanato e museus e pelo relógio da estação, espécie de minirréplica do Big Ben. Erguida em 1898, a construção ostenta um legítimo relógio Johnny Walker Benson cujas badaladas regulavam os pontuais trens carregados de café, que na primeira metade do século passado iam de Jundiaí até o Porto de Santos e paravam por ali.

Para resgatar a lembrança dessa época, foi construído na estação principal o Museu Ferroviário do Funicular (acesso pela passarela que liga as partes alta e baixa de Paranapiacaba; R$ 2), que reúne um acervo de fotos e equipamentos que mostram como o sistema de cabos movimentava os trens em planos inclinados, os chamados funiculares. aos domingos e feriados, uma locomotiva de 1867 faz um passeio de 700 metros (15 minutos) ao redor do museu (R$ 5). A casa do engenheiro-chefe da antiga ferrovia, o Castelinho (Rua Caminho do Mendes; R$ 2), também virou museu. Construída em 1897 em estilo vitoriano no alto de um morro, virou um mirante de onde é possível avistar todo o vilarejo.

Pôr do sol em Paranapiacaba, onde tudo é serra e ferrovia

Pôr do sol em Paranapiacaba, onde tudo é serra e ferrovia – Foto: Luiz Aymar

Por falar em morro, há mais de 100 trilhas na região que podem ser percorridas a pé ou de bike, mas é importante ter a companhia de um guia. O Centro de Informações Turísticas (11/4439- 0237) agenda passeios que levam a 23 cachoeiras, sete mirantes (três deles com vista para o mar), quatro cavernas, rios e vales.

Se bater a fome, vá ao eclético SPR (Avenida Antônio Olyntho, 481, 11/4439-0276), cuja estrela é o salmão defumado com molho de maracujá e alecrim. De barriga cheia, ande alguns passos até o Clube União Lyra Serrano (esquina das avenidas Antônio Olyntho e Fox), que inclui salão de baile e cinema. trata-se de uma construção de 1936, outra herança dos ferroviários ingleses. Entre um soar e outro do relógio, eles, como inventores do futebol, batiam uma bola ali mesmo.

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O Serrano sedia os principais eventos de Paranapiacaba. o maior deles é o gratuito 12º Festival de Inverno (0800-0191944), que acontece durante todo o mês de julho. Shows de música popular e clássica, peças teatrais e filmes foram vistos por 151 mil pessoas em 2011 – a prefeitura não confirmou as atrações deste ano até o fechamento desta edição, mas no ano passado trouxe nomes como Pato Fu e Mombojó.

Orgulho local, a cachaça feita com cambuci abre os trabalhos para apreciar o pôr do sol

Orgulho local, a cachaça feita com cambuci abre os trabalhos para apreciar o pôr do sol – Foto: Luiz Aymar

E, já que não há mais ingleses entre os 1 300 habitantes, é justo que a bebida que acompanha os festejos não seja o chá. Abundante na Mata Atlântica, a fruta cambuci serve para fazer sucos, doces e a tradicional cachaça de cambuci. Docinha, ela combate esse friozão delicioso. Beba-a à vontade no Bar da Zilda (Rua Direita, 420), mas tenha em mãos o bilhete de volta à estação da Luz ou retorne para casa de carona.

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