Roteiro: 72 horas em Florença, na Itália
Um banho de Renascimento, as melhores vistas - e as inesquecíveis comidas italianas
Dia 1
8h30: Brunelleschi
O cartão-postal absoluto de Florença é a Catedral de Santa Maria del Fiore, o popular Duomo. Resultado de um trabalho de seis séculos, a igreja tem uma fachada de mármore incrivelmente bonita e um interior austero.
Não deixe de aproveitar: a entrada desse que é dos monumentos mais admirados da Europa é gratuita. Mas um bilhete de € 18 dá acesso às demais atrações do complexo: o Batistério, o Museu dell’Opera, o Campanário de Giotto e a cúpula de Brunelleschi. Nas duas últimas, é preciso subir mais de 400 degraus.
Para claustrofóbicos, o Campanário é um pouco melhor, as escadas da cúpula são bem estreitas e verticais – mas quem encara o sufoco vê de perto a curvatura da construção, os afrescos e ainda tira selfies inigualáveis no mirante. É preciso reservar horário no site ou no balcão do Museu dell’Opera.
11h30: Uma tradição
Desça a Via dei Calzaiuoli e vire à esquerda na gelateria Perchè No!… (Via dei Tavolini, 19R), com sabores como chá-verde e lavanda. Com seu cono (cone) ou coppetta (copinho) em mãos, passe pelo carrossel da Piazza della Repubblica e pela curiosa Igreja de Orsanmichele, antigo mercado de grãos.
Serão cinco minutos até os artigos de couro do Mercato del Porcellino, algo como “Mercado do Porquinho”. O nome faz menção a uma estátua ali na frente, que, na verdade, representa um javali. Seja qual for o bicho, a tradição é passar a mão no seu focinho para voltar a Florença – sempre funciona!
13h: Vândalo VIP
Mais cinco minutinhos e você estará no coração da cidade, a Piazza della Signoria. E seus olhos vão se voltar para o Palazzo Vecchio, que foi sede do governo fiorentino e residência dos Medici. Repare também na Fontana del Nettuno, nas estátuas da Loggia dei Lanzi, e chegue perto da fachada do castelo. No lado direito, está o perfil de um homem desenhado num bloco de pedra. Reza a lenda que o vandalismo renascentista foi feito por… Michelangelo.
15h: Un Panino
Siga pela lateral do Palazzo Vecchio e pela Via dei Neri até ver uma fila na calçada. É o All’Antico Vinaio, que prepara sanduíches fartos. O cliente escolhe ingredientes ou vai nas sugestões da casa: o boss leva prosciutto crudo, pecorino toscano e creme de tartufo.
17h: No Rio Arno
A forma mais inusitada de ver Florença é em um passeio de barco pelo Arno, que corta a cidade. São feitos em renaioli, que lembram as gôndolas de Veneza. Só de maio a setembro, há os tours (de 45 minutos), que saem todos os dias, às 17h e às 18h. Reserve e vá ao embarcadouro entre as pontes Alle Grazie e Vecchio.
19h: Aperitivo
Encerre o dia com o típico aperitivo italiano, em que você paga pelo drinque e petisca à vontade. Subindo a rua em frente à Ponte alle Grazie, o Gallery (Via dei Benci, 30R) cobra a bebida e tem bufê que vale por um jantar: há massas, saladas e legumes cozidos.
Dia 2
9h: As pioneiras
Comece o dia admirando a carga histórica da Santa Maria Novella. Primeira grande basílica da cidade, ela viu Galileu ser condenado por dizer que a Terra gira em torno do Sol. Depois, visite a Officina Profumo Farmaceutica di Santa Maria Novella, farmácia mais antiga da Europa. Da porta já é possível sentir os perfumes que fidelizaram Catarina de Medici. Pire no mobiliário do século 17 e nas embalagens vintage dos sabonetes.
10h: Mundo Medici
Pela Via dei Giglio, são sete minutos até ver a Basílica de San Lorenzo, cujas missas eram frequentadas pelos Medici. Alguns membros da família estão enterrados nas criptas, ao lado do escultor Donatello. Outros, que governaram Florença, nas Capelas dos Medici. São duas: a Sagrestia Nuova, feita por Michelangelo, e a Capela dei Principi, toda de mármore e pedras semipreciosas. Logo em frente, o Palazzo Medici Riccardi (Via Camillo Cavour, 3) foi a primeira residência da dinastia. Dá para conhecer alguns dos aposentos.
13h: Gourmet
Desde que foi repaginado em 2014, o Mercato Centrale é sucesso entre turistas e fiorentinos. O térreo funciona como mercado tradicional, e o primeiro andar tem dois restaurantes e 17 quiosques – cada um com sua especialidade. Aproveite para experimentar clássicos locais como a bisteca alla fiorentina (um pedação de carne bovina malpassado) e o lampredotto (sanduíche de estômago bovino). Para chegar lá, atravesse a Piazza di San Lorenzo e siga pela Via dell’Ariento.
14h: Michelangelo
Além de estampar todos os suvenires, o Davi de Michelangelo tem duas réplicas: uma na Piazza della Signoria e outra na Piazzalle Michelangelo. Mas a original fica a dez minutos do Mercato Centrale, na Galleria dell’Accademia. O museu também é casa de outras estátuas do artista: São Mateus, Pietà di Palestrina e Prisioneiros – quatro esculturas inacabadas que parecem lutar para sair da pedra.
16h: Estrelas
São 15 minutos de caminhada pelas vias Degli Afani e Giuseppe Verdi até chegar à Santa Croce. Além de abrigar obras como o crucifixo de Donatello e os afrescos de Giotto, a basílica guarda os restos mortais de Michelangelo, Galileu e Maquiavel. Também fica na igreja a tradicional Scuola del Cuoio, onde é possível assistir ao trabalho dos artesãos e comprar desde porta-moedas a € 5 até bolsas a € 3.500.
19h: Picchilândia
A Via Andrea del Verrocchio é um verdadeiro império do chef celebridade Fabio Picchi, que tem cinco restaurantes no local. São dedicados à típica cozinha toscana o requintado Cibrèo Ristorante, o econômico Cibrèo Café e o Cibrèo Trattoria, focado em massas. Para uma experiência diferentona, veja o Teatro del Sale, que combina bufê à vontade com performances teatrais (em italiano), ou o recém-inaugurado Ciblèo, com menu fechado, fusão asiática e italiana.
Na medida deste roteiro, o Firenze Card dá acesso à maioria das atrações da cidade por 72 horas. Visitando todos os museus e monumentos históricos aqui mencionados, há uma economia considerável e você ganha o direito de furar as filas, que podem ser demoradas nas galerias Degli Uffizi e Dell’Accademia. Nessas duas, também há a opção de comprar os bilhetes avulsos com hora marcada, por alguns euros a mais, no Firenze Musei.
Dia 3
08h30: Intensivo
Há quem diga que a Galleria degli Uffizi é um passeio de quatro horas, já que ali está o mais importante acervo renascentista do mundo. Mas isso depende da sua paixão por arte. As peças, colecionadas pelos Medici, estão organizadas por período histórico e por artista.
Na visita completa, você verá de arte bizantina a quadros barrocos de Caravaggio. Se a ideia for agilizar, foque nos renascentistas. São imperdíveis a Alegoria da Primavera e O Nascimento de Vênus, de Botticelli (salas 10-14), Anunciação, de Leonardo (15), Tondo Doni, de Michelangelo (25), Madonna del Cardellino, de Rafael (26), e Vênus de Urbino, de Ticiano (28).
Até as janelas do museu merecem atenção: enquadram vistas privilegiadas para a Ponte Vecchio, o Palazzo Vecchio e a cúpula do Duomo.
12h: Rumo a Oltrarno
Na Gelateria dei Neri (Via dei Neri, 9/11), a cinco minutos da Uffizi, peça uma bola de caramelo salgado e outra de chocolate, que pode ser com pimenta, laranja ou avelã. Depois, atravesse devagar a Ponte Vecchio, única sobrevivente dos bombardeios na Segunda Guerra Mundial. Sobre ela havia açougues até 1596, quando os Medici se cansaram do cheiro da carne e ordenaram que fossem substituídos por joalherias, presentes até hoje. Ao final, você estará no bairro de Oltrarno, que significa “o outro lado do Arno”.
13h: Overdose de arte
Do lado de lá do rio, a principal atração é o Palazzo Pitti, que tem o Giardino di Boboli como quintal. Terceira e última residência dos Medici, a propriedade foi posteriormente ocupada pela família real Savoia, o que justifica a decoração ostentosa de seus apartamentos.
Não bastassem os afrescos e os estuques dourados, o palácio também guarda a Galleria Palatina, com a segunda leva no dia dos renascentistas: Rafael, Ticiano, Tintoretto…
15h: Hora de comer
Depois de alimentar a alma com tanta arte, siga pela Via dei Velluti e vire à direita na Via Toscanella até a Trattoria 4 Leoni. Prove o clássico toscano pappa al pomodoro (mistura de pão envelhecido com tomates) ou o fiocchetti de pera com aspargos.
17h: Igreja com vista
Se tiver disposição, encare 15 minutos de caminhada beirando o Rio Arno e mais dez de subida até San Miniato al Monte – se não for o caso, pegue o ônibus 12. A basílica domina um dos pontos mais altos de Florença e, por isso, está entre os melhores lugares para fotografar o panorama da cidade.
20h: Para fechar
Desça para dar uma espiadinha na Piazzalle Michelangelo, onde uma multidão se reúne para assistir ao pôr do sol. Dependendo da animação, dá para esticar a noite no Flò, logo ao lado, que serve bufê de aperitivo até as 23h, quando um DJ entra em cena. Independentemente da escolha, a vista para o centro histórico de Florença fecha o roteiro com o mesmo embasbacamento que inspirou tantos gênios.
Quando ir: O clima é agradável na primavera, de maio a junho, e no outono, de setembro a outubro. Julho e agosto são muito quentes. Na Toscana, vale ir no verão para ver campos de girassóis.
Dinheiro: O euro.
Língua: O italiano. O inglês é bem difundido só nas cidades mais turísticas.
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