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Roteiro: 48 horas em Chicago

No estado de Illinois, a "cidade do vento" está mais para furacão que pra brisa leve, com seu sem-fim de atrações surpreendentes entre pontes e arranha-céus

Por Victor Gouvêa
Atualizado em 14 mar 2024, 08h30 - Publicado em 4 set 2018, 14h22

Dia 1

9h – Glub-glub

A longa distância do mar não impede que Chicago ostente um dos melhores aquários dos Estados Unidos. Primeiro exemplar do interior do país, o Shedd Aquarium foi aberto ao público em 1930 em um imponente edifício de mármore com colunas gregas, um domo de vidro e muita pompa.

Shedd Aquarium
O Shedd Aquarium (Instagram @shedd_aquarium/Divulgação)

Entre os destaques que fazem a graça do lugar estão o túnel transparente em que se atravessa observando a bicharada nadar tranquila, e o espetáculo com golfinhos e leões-marinhos. Há também os aquários abertos, onde se pode tocar em arraias e estrelas-do-mar.

11h – Manhã no parque

Bem no coração de Chicago, o Grant Park é, na verdade, um enorme conjunto de parques. O mais visitado do grupo é o Millennium Park, na esquina da East Randolph St. com a South Michigan Av. Está plantado ali o cartão-postal da cidade, a obra Cloud Gate, do artista Anish Kapoor, que os locais chamam carinhosamente de “feijão”.

As pessoas se contorcem na frente desse feijãozão prateado em ângulos inusitados para arriscar cliques criativos. Logo ao lado dele fica a pista de patinação no gelo montada no inverno, o impressionante Harris Theater, a céu aberto, e a Crown Fountain, obra do artista espanhol Jaume Plensa que cospe água pra alegria da criançada.

Millenium Park
O Millenium Park – e a fotogênica Cloud Gate, cercada por curiosos (Steve Geer/iStock)

Mas não limite o giro ao Millenium. Há muito o que ver nos parques vizinhos, como a Buckingham Fountain, de 1927, e outros pontos que podem ser visitados, em tours guiados, de maio a outubro, partindo do Chicago Cultural Center, às 11h30 e às 13h.

13h – À beira-lago

Quem não gosta de um passeio no lago? Com essa premissa, o arquiteto que planejou o urbanismo de Chicago, Daniel Burnham, projetou um píer que se lançava na água como um espaço de convivência.

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Foi um enorme sucesso: desde que abriu, em 1916, o Navy Pier sediou eventos, serviu para treinamento militar de tropas da Segunda Guerra Mundial e abrigou temporariamente a Universidade de Illinois.

Navy Pier
O Navy Pier (Agnieszka Gaul/iStock)

Depois do encerramento das atividades portuárias, ele passou por uma bela reforma e reabriu, em 1995, mais ou menos no formato que se pode ver hoje.

Recebeu público recorde de 9 milhões de pessoas em 2016, atraídas pela boa oferta gastronômica de restaurantes. A roda-gigante já se tornou símbolo da cidade, e a vista incrível rende ótimas fotos.

15h – Surra de arte

Um dos museus mais incríveis do mundo é o Art Institute of Chicago, com mais de 300 mil obras em seu acervo e 1,5 milhão de visitantes por ano.

Art Institute Chicago
Leão de bronze da entrada estilo beaux-arts do Art Institute (Christopherarndt/iStock)

Para dar uma olhada nesse mastodonte cultural, reserve no mínimo duas horas – mas ratos de museu podem passar facilmente um dia inteiro perambulando pelos corredores das galerias.

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Fundado em 1879, o museu segue desenvolvendo novos tentáculos e se expandindo: a ala mais recente foi inteiramente dedicada à arte moderna. Além das coleções grega, romana, bizantina, de arte islâmica e asiática, algumas obras mundialmente famosas estão no instituto.

Art Institute of Chicago
A ala moderna do AIC (Zoonar/Valerio Rosat/AGBPhoto/Reprodução)

Preciosidades como a escultura Little Dancer Aged Fourteen, a bailarina de Edgar Degas; o trem que atravessa a lareira no quadro Time Transfixed, de René Magritte; e a clássica solidão de três personagens sentados no balcão de um bar na pintura meio soturna Nighthawks, de Edward Hopper, são alguns dos mais ilustres moradores do AIC.

18h – Comer de pauzinho

Talvez pelas temperaturas negativas do inverno ou, quem sabe?, seguindo a tendência hipster ao redor do planeta, um hit gastronômico de Chicago são as casas de ramen, o delicioso macarrão japonês servido em um caldo com trilhões de variações.

Entre tantas opções que brotaram na cidade, duas se destacam pelo sabor. O Ramen Misoya não tem nada de atraente no ambiente, é um espaço discreto por onde você pode passar batido na East Ohio Street. A magia acontece quando a garçonete entrega o bowl bem servido com aquele caldo delicadamente cozido e a massa fresquinha. Aí, tudo fica mais bonito.

Ramen
Prato do High Five Ramen (Divulgação/Divulgação)

E o High Five Ramen, no West Loop, segue a cartilha hype na decoração, com lâmpadas de filamento, paredes descascadas e balcões de madeira de demolição. Nem precisava se esforçar tanto: as carnes defumadas ganham os comensais pelo cheiro, antes mesmo que eles cruzem a porta.

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19h – Touros das quadras

Time local do coração, o Chicago Bulls existe desde a década de 1960, mas só virou a coqueluche do basquete e alcançou fama global a partir de 1984. Isso é culpa da estrela maior das cestas, o genial jogador nova-iorquino Michael Jordan.

O time abocanhou seis campeonatos da NBA na década de 1990 e parecia imparável. Dessa época data o estádio United Center, até hoje a casa do time, sede dos jogos dos touros na cidade.

O United Center, casa dos Chicago Bulls
O United Center, casa dos Chicago Bulls (Instagram @unitedcenter/Divulgação)

Além de assistir a uma partida da liga na quadra oficial, é possível comprar produtos licenciados do Bulls na loja e, se a idolatria for realmente grande, tirar uma foto com a estátua do ídolo que fica na porta.

Mas, se você estiver em Chicago fora da temporada de jogos, cheque a agenda de eventos no site do estádio mesmo assim. O lugar costuma receber shows de superbandas.

Dia 2

09h – Veneza americana

Mais de 20 pontes cruzam o Rio Chicago e dão um certo charme à cidade. Você pode bater perna pelas suas bordas na Chicago Riverwalk, e curtir esse ângulo, ou comprar ingresso para um dos cruzeiros que navegam pelo rio.

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Os tours mais interessantes e completos são realizados pela Chicago Architecture Foundation, com arquitetos liderando os grupos, contando sobre a formação da cidade e dando informações técnicas dos edifícios icônicos.

Chicago Riverwalk
Uma passagem para a Chicago Riverwalk (Pgiam/iStock)

Também há um tour fotográfico em busca dos melhores pontos, com paradas estratégicas para clicar. Outro, ainda, parte ao pôr do sol para assistir às luzes da capital se acendendo, com um coquetel na mão.

Os cruzeiros são operados pela companhia Chicago’s First Lady Cruises, partindo ao pé da DuSable Bridge, a mais importante do pedaço.

11h – Museu prafrentex

Verdadeiro playground para amantes da arte contemporânea, o Museum of Contemporary Art completou 50 anos, em 2017, com a missão de continuar sendo o espaço de experimentações artísticas, a vanguarda de sempre.

Ainda na década de 1960, o MCA foi embrulhado pelo casal de artistas Christo e Jeanne-Claude, sediou a primeira exposição individual do consagrado Dan Flavin e abriu espaço para performances quando nem se falava muito nisso.

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Marisol, no Museum of Contemporary Art
O restaurante Marisol, dentro do MCA (Divulgação/Divulgação)

Atualmente exibe obras de expoentes como Ron Mueck, Jeff Koons e Damien Hirst. Uma agenda cheia de discussões, debates e pocket shows gratuitos e o ótimo restaurante Marisol são outras boas razões para conhecer o museu.

13h – Gloriosa América

Das coisas que enchem os cidadãos de Chicago de orgulho, os cachorros-quentes e as pizzas ocupam o topo da lista. Em qualquer conversa despretensiosa com um local surgirá a recomendação para provar esse ou aquele exemplar – o melhor da galáxia, garantem.

Pizza da Lou Malnati's
Pizza da Lou Malnati’s (Divulgação/Divulgação)

Se quiser dar um tiro certeiro, os hot dogs do BIG and little’s não decepcionam. Ao estilo local, vêm com salsicha de carne, mostarda, molho relish, cebola, picles, pimenta e tomate. Outra sensação é a clássica pizza deep-dish, com borda e crosta generosas, bem representada pela tradicional pizzaria Lou Malnati’s em suas 52(!) unidades.

14h30 – Ao infinito e além

Nem sonhe deixar Chicago sem uma fotaça do skyline em seu cartão de memória. No 94º andar do edifício John Hancock Center, fica o mirante 360 Chicago, com vista envidraçada do chão ao teto, 360 graus, como o próprio nome diz.

Dos 300 metros de altura, em um dia de boa visibilidade, se enxerga os estados de Indiana, Michigan e Wisconsin na paisagem quase marítima do Lago Michigan. Em outra beirada, se levantam os prédios da zona financeira.

Tilt!, no 360 Chicago
O Tilt!, uma plataforma de vidro para os fortes (Sorbis/Shutterstock)

Quem quiser uma dose de adrenalina pode experimentar o Tilt!, uma parede de vidro que se inclina e fica suspensa no ar sobre a Magnificent Mile, espécie de Quinta Avenida local. Lá estão diversas lojas, da Uniqlo à marca queridinha de casacos de pluma de ganso Canada Goose.

15h30 – Arte da rua

Não é à toa que dois dos maiores rappers americanos nasceram ou cresceram em Chicago. Chance the Rapper e Kanye West são provas de que a cultura das ruas e dos guetos é fortíssima.

Da margem esquerda do Rio Chicago em diante estão espalhados pelos muros elaborados grafites. Desde a década de 1980, quando começou uma batalha visual com tags de gangues rivais, a cena da arte de rua tornou-se relevante.

Arte de rua, Chicago
Mural grafitado em Chicago (Sean Davis/Flickr)

A relação da administração da cidade com as obras sempre foi conturbada. Em 1992, passou até por uma proibição de qualquer pintura com spray nas ruas. Mas, nos últimos anos, principalmente nas proximidades da Logan Square, as coisas se modificaram.

A área acabou despontando como a mais descolada de Chicago. Ganhou boas lojas, restaurantes, bares e baladinhas e virou o jogo a favor dos grafiteiros. Hoje, caminhar a esmo por ali rende um passeio artístico cheio de surpresas.

17h – Uma happy hour com conforto

Reaberto depois de uma reforma de cabo a rabo, o hotel e hostel Freehand combina excelentes acomodações com localização central, próximo à maioria dos atrativos.

Drink do Broken Shaker
Drink do Broken Shaker (Instagram @brokenshaker/Divulgação)

No térreo, em clima de speakeasy e à meia-luz, o elegante e animado bar Broken Shaker apresenta um cardápio de coquetéis inventivo.

19h – O ticket, por favor

Não é só na Broadway que se assistem a musicais, não. Quem se lembra da história de Velma Kelly e Roxie Hart do musical Chicago vai saber que a tradição dos palcos começou aqui, nos anos 1920. Dividindo espaço com os edifícios imensos da região The Loop, alguns dos teatros mais prestigiados da cidade mantêm a elegância da época.

Chicago Theatre, Chicago
O luminoso na fachada barroca do Chicago Theatre, bem no meio dos edifícios arrojados da região The Loop (Fraser Hall/Getty Images)

É o caso do luxuoso Chicago Theatre, construído em estilo barroco francês e a menina dos olhos da companhia Balaban and Katz, que dominava o ramo no país. Com uma escadaria bonita inspirada na Ópera de Paris, ainda ostenta o luminoso escrito “Chicago” na fachada.

Contemporâneos a ele, o antigo Oriental Theatre é decorado com tema asiático e teve o nome mudado para Ford Center for the Performing Arts; e o The Cadillac Palace também continua na ativa.

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