Personagens de viagens: histórias de quem se dedica a escalar as maiores montanhas do mundo
Foi em 2012, assistindo a um programa de TV, que o brasileiro Cristiano Müller viu nascer uma paixão pelo montanhismo e renascer um sonho de criança de se tornar profissional em um esporte de superação de limites. Ele viu uma reportagem sobre o renomado montanhista Manoel Morgado e dali nasceu uma curiosidade que se transformou em dedicação. Na reportagem, Manoel contava que tinha acabado de escalar o monte Vinson, na Antártica, e tornar-se o segundo brasileiro a conquistar os chamados “7 cumes”, que são as montanhas mais altas de cada continente.
Foi ali que Cristiano deu início ao projeto que hoje ele chama de “No Topo do Mundo”, que envolve escalar as principais montanhas do globo em um período de um ano, finalizando com o Everest, onde tentará fincar a bandeira do Brasil a mais de 8 mil metros de altitude, em junho de 2016.
“Já me preparo fisicamente há algum tempo, já que participo de maratonas desde 2012 e já escalei importantes montanhas, como o Elbrus, na Rússia, considerada a mais alta montanha da Europa; o Aconcágua, na Argentina, que é a montanha mais alta das Américas, e o Mont Blanc, no topo da Europa Ocidental”, conta Cristiano.
Agora ele parte para Suíça, Itália, Alasca, Tanzânia, Nepal e Tibet. Durante o trajeto, fará um documentário e um livro, para compartilhar essa aventura com outros corajosos.
Ele conversou conosco e deu algumas dicas a quem quer seguir nesse caminho também e descobrir os encantos de países e cidades diferentes por meio da prática do montanhismo.
Planejamento é essencial
“Além da dificuldade técnica, é preciso levar em conta todas as variáveis que envolvem este tipo de escalada, que são disponibilidade de recursos, apoio da família, dedicação aos treinamentos, preparação, alimentação, etc. A palavra-chave é planejamento. É preciso estudar muito bem as rotas, condições e ter planos B para incidentes que venham a acontecer”.
A primeira escalada mais difícil deixa lições
“De fato o Elbrus, na Rússia, não apresenta maiores dificuldades técnicas, apesar de ser uma montanha bastante fria e com um dia de cume bastante exigente. O problema é que, em uma montanha, por mais fácil que possa parecer, as condições climáticas podem complicar dramaticamente as coisas, e foi justamente o que acabou acontecendo conosco, obrigando todo o grupo a abortar a primeira tentativa de cume (risco de avalanche) e fazendo com que somente quatro montanhistas, de um total de 16 que participaram da expedição, conseguissem chegar ao cume em uma segunda tentativa. O fato de estar entre esses quatro montanhistas que conquistaram o cume da Europa, mesmo com condições tão adversas (ventos de mais de 100km/h e temperaturas próximas a –30oC), me deixou cheio de confiança para começar a planejar desafios ainda mais extremos.”
Preparação física e técnica são fundamentais
“De volta do Elbrus, além de continuar com a preparação física por meio de corridas (em Fevereiro de 2013 corri a minha segunda maratona, desta vez em menos de 4h), e caminhadas nas montanhas, resolvi aperfeiçoar os meus conhecimentos de montanhismo fazendo um curso de escalada em rocha e um curso de escalada em gelo e trânsito em glaciares, na Argentina. Isso foi fundamental para me especializar e melhorar minha performance”.
Conheça as montanhas a serem escaladas por ele nesse projeto:
MATTERHORN – SUÍÇA/ ITÁLIA – 4478m
Foi a última grande montanha dos Alpes a ser conquistada.
EIGER – SUÍÇA – 3970m
Como trocadilho sombrio, sua vertente norte (Nordwand) recebe o nome de vertente assassina (Mordwand), pela constante queda de rochas e o consequente desafio que coloca.
MT. MCKINLEY – ALASCA (EUA) – 6194m
Montanha mais alta da América do Norte e a mais fria do mundo.
KILIMANJARO – TANZANIA – 5895m
Patrimônio da Humanidade, este extinto vulcão é o ponto mais alto da África.
CHO OYU – NEPAL/ TIBET – 8201m
No Himalaia, é a sexta montanha mais alta do mundo.
EVEREST – NEPAL/ TIBET – 8848m
Para fechar com chave de ouro, dispensa apresentações.
Vamos acompanhar essa aventura pelas montanhas mais altas do mundo e compartilhar boas histórias de lugares e percepções diferentes por aqui.
Até a próxima escalada!