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Perguntas e respostas: o Boeing 737 MAX, afinal, é seguro?

Se os Boeing 737 MAX voltarem a operar e o consumidor acabar comprando uma passagem para voar neles, poderá cancelar? Veja essa e outras dúvidas

Por Giovana Christ
Atualizado em 15 mar 2019, 18h59 - Publicado em 14 mar 2019, 13h25

O mundo da aviação tenta normalizar suas operações enquanto aguarda mais informações sobre o acidente que aconteceu domingo (10) com um avião do modelo Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines. Até agora, mais de 40 países já proibiram operações com aeronaves semelhantes. A preocupação ficou ainda maior por causa da queda de outro 737 MAX, da Lion Air, em outubro de 2018 na Indonésia e que vitimou 189 pessoas.

A GOL, única linha aérea brasileira que voa com o modelo, suspendeu temporariamente as atividades e assegurou que todos os passageiros que tinham passagens compradas foram remanejados para outras aeronaves ou para companhias aéreas parceiras.

Qual as minhas chances de voar com um Boeing 737 MAX 8?

Até o momento, a Boeing colocou no mercado 350 aeronaves do mesmo modelo ao dos acidentes, que foram compradas por 54 companhias aéreas. Entre elas, estão a China Airlines, China Eastern e China Southern, que juntas compraram 97 aeronaves; Air Canada, com 24 aeronaves; a American Airlines, com 22 aeronaves e a brasileira GOL, que tem 7 aeronaves do modelo.

Em quais lugares do mundo os voos com a aeronave estão proibidos?

Até o momento, 42 países proibiram todas as operações com o Boeing 737 MAX. Entre eles, os 32 países da União Europeia participantes do EASA (Agência Europeia para a Segurança da Aviação), Grã Bretanha, China, Malásia, Austrália, Indonésia, Malásia, Canadá, EUA e Brasil. Por aqui, apenas a GOL possui aeronaves do modelo e já interrompeu as atividades com o avião.

Quais as semelhanças entre os acidentes da Ethiopian Airlines e da Lion Air?

Nos dois casos, os voos reportaram problemas logo depois da decolagem, entre seis e doze minutos de voo. Enquanto um laudo sobre o acidente na Etiópia não é emitido, uma investigação sobre o acidente da Lion Air mostrou que “os pilotos tentaram estabilizar a aeronave, mas um sensor automático [que previne que a aeronave fique muito inclinada para trás] com defeito continuou puxando o equipamento para baixo durante os 11 minutos de voo”.

Segundo o The New York Times, “a caixa-preta [do voo da Lion Air] mostrou que os pilotos tentaram endireitar o avião mais de vinte vezes, lutando contra o sistema computadorizado da Boeing que foi instalado nas últimas gerações dos 737”.

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Qual a diferença entre um Boeing 737-800 e um 737 MAX 8?

O MAX 8 é uma versão mais nova que o modelo 737-800. A mudança mais importante é que eles usam um tipo diferente de motor. Os dois são baseados no mesmo conceito, de serem menores — que modelos como o 777 e o 747 — e terem apenas um corredor. O primeiro voo do MAX 8 (o último número se refere ao tamanho da aeronave, tendo disponíveis os tamanhos 7, 8 e 9) aconteceu em janeiro de 2016 e é o modelo mais recente da linha MAX, enquanto o modelo 737-800 é mais antigo e começou a voar no final de 1990.

O que a Boeing diz?

Quatro notas oficiais foram divulgadas no site da companhia desde o acidente na Etiópia. Em um deles, a empresa informa que em conjunto com a FAA (Administração Federal de Aviação), dos Estados Unidos, decidiu recomendar a suspensão das operações com aeronaves Boeing 737 MAX até que as informações das caixas-pretas do voo da Ethiopian Airlines sejam reveladas. “Nós, em parceria com os investigadores, estamos fazendo tudo o que podemos para entender as causas do acidente, implantar melhorias de segurança e garantir que isso não aconteça novamente.”

Com que frequência novos modelos de aeronaves têm problemas?

A reportagem da Condé Nast Traveler publicada em novembro de 2018 já relatava que, “antes mesmo de um novo modelo de avião levar seu primeiro passageiro, são feitos anos de testes rigorosos sob condições extremas.”

Não é incomum aeronaves apresentarem problemas no início de seu uso, mas raramente eles levam à acidentes fatais, como no caso do 737 MAX. Em 2013, a FAA (Administração Federal de Aviação) dos Estados Unidos suspendeu as operações do Boeing 787 Dreamliner no seu primeiro ano de uso, depois de incidentes em que a bateria de lítio, que inicia o processo da partida das turbinas do avião, pegou fogo.

Se o Boeing 737 MAX voltar a operar e eu acabar comprando uma passagem para voar nele, posso cancelar?

De acordo com Igor Britto, advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), “será muito difícil para um consumidor cancelar um bilhete aéreo sem arcar com multas e taxas, porque as companhias aéreas estão livres para escolher as aeronaves para seu voos e os consumidores não têm conhecimento técnico para argumentar em defesa dos seus interesses“. Se ficar comprovado que os motivos do acidente não foram defeitos no modelo da aeronave, “a agência reguladora deverá dar todas as garantias, informações e adotar as medidas para evitar reclamações de consumidores e eventuais processos“.

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Fica para a ANAC a responsabilidade de garantir a segurança dos passageiros. A suspensão das operações com o Boeing 737 MAX deve se manter até ficar provado que o modelo não oferece nenhum tipo de risco.

Como checar com qual aeronave será meu voo?

Na maioria dos sites de compra de voos é possível consultar o modelo da aeronave antes de adquirir as passagens. No exemplo abaixo, em uma pesquisa de voo de São Paulo para o Rio de Janeiro, o site da GOL mostra que a viagem será feita com um Boeing 737-700.

Print do site da GOL
Em vermelho, é possível identificar a região do site em que é informado o modelo do avião que está previsto para o voo (GOL Linhas Aéreas/Reprodução)

No buscador de passagens Kayak é possível utilizar usar um filtro para pesquisar voos por modelo de aeronave.

No site do Idec, é possível conferir as principais regras que o consumidor deve saber sobre o transporte aéreo.

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