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Pequeno manual para viajar com bebês e crianças

O planejamento, os cuidados, as tralhas e o modus operandi para os bacuris curtirem o passeio sem dar (nem ter) dor de cabeça

Por Natália Toledo
Atualizado em 7 fev 2019, 16h18 - Publicado em 6 out 2015, 16h58

Atualizado em fevereiro de 2019

Viajar com uma criança não é muito diferente do que criar uma criança – o instinto de sobrevivência, a experiência e o bom senso nos ajudam a tomar as decisões certas. Mas, às vezes, as erradas também.

Está tudo correto com a documentação para embarque, mas você não se ligou que aquela conexão de dez horas deixaria o Pedrinho injuriado (prefira voos diretos ou passe um dia na conexão!). Ou que a Flavinha até suportaria bem o frio, mas o que fazer com ela num destino boreal com cinco horas de sol por dia? Por que levá-los logo a Paris, se eles nunca foram além da praia, a duas horas, e há destinos internacionais como Buenos Aires e Santiago bem do nosso lado?

Ok, eles já foram ao exterior, mas será que estão preparados para o Louvre? Não seria melhor começar pela Disney? E o hotel tem cozinha pra fazer a papinha do Joãozinho? Alugar um apartamento não funcionaria melhor? Parabéns, você é do tipo precavido e pensou em tudo, tanto que não há cristo que consiga carregar a mala, em que “não falta nada”…

A seguir, você descobre muito do que precisa saber para pegar o avião com o Pedrinho, a Flavinha e o Joãozinho, das regras de embarque às recomendações dos pediatras, com um toque de sabedoria popular.

♦ PRÉ-REQUISITOS ♦

Bebê viajando de avião - manual de viagem com crianças - viagem em família

Bebê viajando de avião: Tá liberado?

→ IDADE MÍNIMA “Não há idade mínima para a criança viajar. Os pais só precisam avaliar a necessidade dessa viagem e tomar todos os cuidados”, diz o pediatra Sulim Abramovic, do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo (SP).

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→ IDADE IDEAL É melhor evitar viagens com recém-nascidos, que são mais vulneráveis a infecções e outros problemas de saúde. As companhias aéreas, aliás, só transportam bebês com mais de 7 dias de vida (a Avianca, só a partir do 10º dia).

No geral, pediatras recomendam esperar até que a criança complete 3 meses, período suficiente para tomar as principais vacinas do calendário, como a BCG (contra tuberculose) e a meningocócica C conjugada (contra meningite e outras infecções). Sempre consulte o pediatra para checar se a criança está em boas condições para viajar.

Documentação

Passaporte brasileiro com a identificação do Mercosul

Passaporte brasileiro Mercosul

→ VOOS NACIONAIS Para viagens nacionais, é preciso apresentar documento de identidade (RG) ou certidão de nascimento original.

→ VOOS INTERNACIONAIS Para toda a América do Sul (exceto Suriname e Guianas), o RG original em bom estado e com foto recente também é válido. Para todos os outros países, o passaporte é imprescindível, além do visto (quando exigido).

Desde novembro de 2014, os novos passaportes trazem na página de identificação a filiação do portador – para crianças com o documento antigo, é obrigatório levar também a certidão de nascimento ou a carteira de identidade delas, que comprovam o parentesco.

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→ SEM UM DOS PAIS Também desde 2014, os pais podem incluir uma autorização de viagem no próprio passaporte para que o menor de 18 anos viaje apenas com um dos genitores. Sem esse documento, é necessário registrar uma permissão no cartório a cada viagem ao exterior.

Faça em três vias: uma para o aeroporto de origem, outra para o de destino e a última para acompanhar a criança. Em viagens nacionais, crianças de 0 a 12 anos com um dos pais ou um parente de até terceiro grau não precisam de autorização de viagem, só comprovação de parentesco.

♦ PLANEJAMENTO ♦

Bebê em aeroporto - viagem com crianças família 

Até 2 anos

→ RESERVA Procure sincronizar o horário do voo com os períodos de sono do bebê. No caso de trajetos longos, prefira os voos noturnos. Para trechos curtos, coordene com a hora da soneca. Avise a companhia que você está viajando com criança pequena e pergunte se é possível reservar assentos nas fileiras dianteiras, mais espaçosas.

→ PASSAGEM E ASSENTO É permitido que crianças de até 2 anos viagem no colo, geralmente pagando uma passagem irrisória – segundo norma da Anac, por no máximo 10% da tarifa do adulto. Gol e TAM, entre outras, isentam a tarifa em voos nacionais, mas, nos internacionais, a maioria cobra os 10%.

Em viagens longas, porém, fica difícil levar a criança o tempo todo no colo. Para assegurar um bercinho a bordo – desde que ela tenha até 2 anos ou pese até 10 quilos –, faça a reserva por telefone pelo menos 48 horas antes. A maioria das aéreas cobra taxa pelo berço. Uma alternativa é embarcar com um bebê conforto ou cadeirinha, os mesmos usados em carros, desde que certificados pela Aviation Child Safety Device.

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→ EMBARQUE Passageiros com bebês têm preferência no check-in, nos assentos diferenciados (avise ao marcar o lugar) e no embarque. Fora do Brasil, nem sempre essa prioridade é anunciada – faça valer o seu direito no balcão da companhia.

→ DECOLAGEM Para evitar aquele desconforto nos ouvidos causado pela pressão, ofereça o peito, mamadeira ou chupeta quando o avião estiver subindo ou descendo. O movimento que o bebê faz com a boca ajuda a minimizar o mal-estar.

→ CARRINHO DE BEBÊ É uma mão na roda mesmo depois que a criança aprendeu a andar, já que serve de berço e suporte para carregar aquela sacola gigante com os itens de sobrevivência, como mamadeiras, trocas de roupa, fraldas, protetor solar e paninhos.

É possível despachá-lo no momento do check-in ou, mais inteligente, no próprio portão de embarque. Uma dica é carregar também o sling: ele pode ser usado dentro do avião para acomodar a criança no colo e deixar os braços dos pais livres, além de facilitar bastante o desembarque.

→ MALA DE MÃO Prefira mochila em vez de bolsa para ficar com as mãos livres. Não deixe de levar pelo menos duas trocas de roupa, paninhos para a boca, fraldas (considere a duração do voo mais eventuais atrasos), trocador, lenços umedecidos (para mãozinhas meladas), os remédios de praxe, casacos e uma manta para proteger o bebê do ar-condicionado.

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Além das mamadeiras já prontas com a fórmula (sem a água), leve também pelo menos duas vazias para dar à criança água e sucos do serviço de bordo. Se ele estiver gripado, leve soro fisiológico para compensar o ar seco.

→ PAPINHA A tripulação normalmente aquece a mamadeira e a papinha sem problema. Só peça essa gentileza antes do serviço de bordo para não atrapalhar os comissários com os demais passageiros.

→ TROCA DE FRALDA São comuns nos aviões os trocadores de tampo, daqueles que abaixam. Como costumam ser pequenos, muitos pais preferem levar os trocadores de casa e estendê-los no banco. Se esse for o seu caso – ou se não houver fraldário na aeronave –, pergunte à comissária onde você pode ficar mais à vontade para trocar o bebê.

→ DESEMBARQUE Pais com bebês costumam ser desembarcados por último. Se você estiver em conexão com tempo curto, peça à comissária para priorizar o seu desembarque.

De 3 a 5 anos

→ GULOSEIMAS Não conte só com os petiscos que serão servidos no avião. Levar um pacote da bolacha preferida do seu filho, salgadinhos, barrinhas de cereais e frutas secas podem ser de grande valia para acalmar o mau humor infantil. Tudo isso pode entrar no avião, mas só com as embalagens fechadas!

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→ ENTRETENIMENTO Baixe jogos novos para tablet e videogame, mas não deixe seu filho grudado na tela a viagem inteira. Livros, lápis de cor, jogos de memória, dominó, cartas, tudo isso pode entretê-lo. Só não leve brinquedos barulhentos ou que tenham potencial pra fazer sujeira, como massinhas e gelecas.

→ MALA DE MÃO Nessa faixa, a criança começa a se tornar mais independente. Por isso, pode ser que queira carregar a própria sacola. Deixe a troca de roupa, os paninhos e os lenços umedecidos com você, mas arrume uma mochilinha para ela carregar seus brinquedos.

De 6 a 8 anos

→ BAGAGEM A criança já pode ajudar a arrumar as malas. Elabore com ela a lista de tudo o que é necessário levar e tiquem juntos os itens à medida que forem separados.

→ MALA DE MÃO Trocas de roupa, jogos e comidinhas já podem ir na mochila da criança. Inclua na bagagem livros relacionados ao destino – há vários guias de viagem bacanas para os pequenos, como a coleção Isto É (Cosac Naify), de Miroslav Sasek, com edições sobre Nova York, Paris e Roma.

→ ROTEIRO Peça ajuda do seu filho para pesquisar o que há de bacana no destino – passeios, museus e atrações. Vale também encorajá-lo a fazer um diário para registrar a experiência. E que tal deixar uma câmera fotográfica com ele?

♦ PARA ONDE IR ♦

Família em aeroporto - viagem com crianças

CUIDADOS

→ O QUE CONSIDERAR Quando se viaja com bebês e crianças, é preciso cuidado redobrado na alimentação, no tempo de exposição ao sol, no respeito aos horários e às necessidades dos pimpolhos.

Imprevistos acontecem; por isso, escolha destinos que não sejam isolados: sem hospital por perto, até brotoeja ou intoxicação alimentar podem adquirir proporções assustadoras.

→ PRECAUÇÕES Carregue com você o endereço e o telefone do centro de saúde mais próximo de seu hotel. No exterior, tenha à mão o telefone do seguro de viagem, para ocorrências médicas, e o contato do pediatra do seu filho, que pode sanar dúvidas em uma emergência.

 

ATÉ 1 ANO

Crianças andando de triciclo no Hotel Fazenda Mazzaropi

→ A FASE O ideal é não alterar a rotina do bebê, que tem horários de mamada definidos e necessita de sonecas. A partir dos 6 meses, com a introdução de outros alimentos na dieta, é imprescindível cercar-se de uma infra para preparar as refeições e esquentar a mamadeira.

→ DESTINOS Hotéis-fazenda como o Mazzaropi, em Taubaté (SP), ou o Hotel Estância Barra Bonita, em Barra Bonita (SP), têm excelente infra para bebês e, por isso, estão entre os preferidos dos novos pais.

DE 1 A 2 ANOS

Família na Praia do Cerrado, do Hot Park, no complexo Rio Quente Resorts Família na Praia do Cerrado, do Hot Park, no complexo Rio Quente Resorts Rio Quente Resorts, em Goiás

→ A FASE A criança já aprendeu a andar e tem muita energia. Dê preferência a espaços abertos, em contato com a natureza. Como os guris dessa idade ainda precisam de sonecas, intercale diversão com horas de descanso ao longo do dia.

→ DESTINOS Complexos como a Pousada do Rio Quente, em Goiás, são ótimos tanto pela infra quanto pelas opções de lazer. O hotel inclui na diária acesso ao Hot Park, com toboáguas e playgrounds para todas as idades.

DE 3 A 4 ANOS

Centro de Visitantes do Projeto Tamar na Praia do Forte, Bahia Centro de Visitantes do Projeto Tamar na Praia do Forte, BahiaProjeto Tamar na Praia do Forte, na Bahia

→ A FASE A criança já não usa fraldas – ufa, menos coisas para carregar! –, tem um vocabulário mais desenvolvido e uma curiosidade tremenda. Hotéis com recreação podem mantê-las ocupadas e em contato com novos amigos.

→ DESTINOS O Iberostar Premium, na Praia do Forte (BA), onde está o Projeto Tamar, conta com clube de recreação para crianças a partir de 4 anos, além de serviço de babá, cobrado à parte.

Em Aquiraz (CE), o Beach Park encanta as crianças com os cerca de 50 brinquedos molhados do Acqua Circo. Em Foz (PR), as Cataratas do Iguaçu fazem ótima parceria com resorts como o Bourbon, que tem recreação, piscina, minizoo e boliche.

DE 5 A 6 ANOS

Disney Cinderella Disney Cinderella Eles cresceram? É hora de aproveitar a Disney

→ A FASE Crianças nessa idade estão em processo de alfabetização ou acabaram de aprender a ler e escrever. Passeios mais culturais podem ser o foco da viagem.DESTINOS

Em Brumadinho (MG), o Inhotim reúne 22 galerias de arte em um jardim botânico com mais de 5 mil espécies vegetais. Nessa idade, alguns pequenos ainda confundem realidade com fantasia – pode ser a hora de levá-lo à Disney ou de fazer um Cruzeiro Disney.

DE 7 A 8 ANOS

American Natural History Museum, Nova York, EUA American Natural History Museum, Nova York, EUAO Museu de História Natural, capaz de fazer qualquer criança se encantar

→ A FASE Hora de conciliar os interesses da família, já que as crianças começam a deixar claro suas vontades. Metrópoles com muitas opções de lazer podem agradar a todos.

→ DESTINOS Nova York tem parques, museus incríveis (as crianças piram no de História Natural), restaurantes de todos os tipos e até pista de patinação no inverno. Paris não fica atrás, com atrações como a Cité des Sciences, do Parque La Villette, um museu de ciências para crianças dos 8 aos 80.

Muito nerd? Que tal a Disney Paris?

Barata, Buenos Aires fica perto e tem bons endereços infantis, como o Zoológico, o Parque 3 de Febrero e o Museo de los Niños, uma cidade em miniatura, com supermercado, banco e até McDonald’s de brincadeirinha.

Revista Viagem e Turismo — setembro de 2015 — edição 239

 

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