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Pedala, SP, pedala

A capital vai deixando para trás sua imagem de durona com os ciclistas. Já são 40 mil bikers na Ciclofaixa de Lazer aos domingos, e vem um Vélib paulista aí

Por Jeanne Callegari
Atualizado em 16 dez 2016, 00h41 - Publicado em 10 abr 2012, 22h14

Em Paris, 20 mil bikes foram colocadas nas ruas do dia para a noite com o inovador sistema público Vélib. Em Londres, 149 mil usuários estão cadastrados em uma rede similar que surgiu em 2010. Nova York ganhou nos últimos cinco anos mais de 400 quilômetros em sua malha cicloviária. Mais de 300 quilômetros de ciclovias e quase 300 mil ciclistas ajudaram a mudar a cara de Bogotá. No rio, 600 bicicletas para empréstimo à população ocupam 60 estações públicas, quase todas na Zona Sul. São 270 quilômetros de ciclovias na Cidade Maravilhosa, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Até o fim de 2012, a marca deve chegar a 300. A nova fronteira do avanço das bicicletas é São Paulo, uma cidade cheia de ladeiras e de trânsito hostil, mas que vem incorporando pouco a pouco ao cotidiano. Mesmo com as não tão raras mortes de ciclistas na capital (em 2010 foram 49, 11 a menos que em 2009), o cenário é animador. A Prefeitura de São Paulo, com apoio de bancos privados, promete lançar um sistema de empréstimo de bikes similar ao carioca ainda neste ano. A promessa é que sejam 400 estações pela cidade, com 3 300 bicicletas disponíveis até 2015. É verdade que já existe esse serviço, numa escala muito reduzida, em algumas estações de metrô. De qualquer forma, não é preciso esperar até 2015 para ver um cenário bike fiendly em São Paulo. Aos domingos e feriados, a Ciclofaixa de Lazer, lançada em 2009, é um crescente sucesso, percorrida por 40 mil pessoas e com direito inclusive a socorro mecânico. Sua área, que integra parques bem bacanas (Ibirapuera, Villa-Lobos, do Povo e das Bicicletas; futuramente também o Parque do Chuvisco), vem se expandindo por outras regiões da cidade, como a avenida Braz Leme, em Santana, e no extremo da Zona Leste.

A Ciclofaixa de Lazer deu um input considerável no interesse do paulistano pelas bicicletas. “Ela mostra que, mesmo em uma cidade tão povoada e caótica como São Paulo, quando o projeto é bem-feito, dá certo. Já ouvi muita gente dizer que comprou uma bike para circular por ali”, diz a publicitária Roberta Romanholi, 27 anos. Em 2011, a Caloi, a maior fabricante brasileira de bicicletas, produziu 1 milhão delas, 200 mil a mais que em 2010.

Mais ciclovia, menos ciclofaixa

Ciclistas e técnicos de mobilidade urbana reclamam da falta de espaço e segurança para as bicicletas na cidade. Uma de suas reivindicações é o aumento de vias demarcadas – as ciclovias –, e não apenas áreas revertidas em dias de menor movimento. Como a ciclovia da Marginal Pinheiros, que segue entre a linha do trem da CPTM e o rio e que em fevereiro ganhou mais 5 quilômetros e um novo acesso, o da Ponte da Cidade Universitária. Para este ano está prevista a abertura do acesso ao Parque Villa-Lobos (mas em abril, excepcionalmente, estará fechada aos domingos). Embora funcione todos os dias das 6 horas às 20h15, é no sábado pela manhã que o trajeto ferve, pois os usuários aproveitam o raro horário aberto às bicicletas no campus da USP. A utilização da bicicleta na cidade é crescente, mas há gente experiente que prefere levar a magrela para bem longe das ladeiras, ciclovias e ciclofaixas de sampa. Como Guilherme Cavallari, que desde 2000 mapeia trilhas de bike pelo interior do Brasil e já fez esse trabalho também na Patagônia. Ele publica, em detalhes, informações de serviço, altitude e graus de dificuldade, na coleção Guia de Trilhas (saiba mais em www.kalapalo.com.br). Pedalar na natureza só tem um problema: depois é difícil se satisfazer com as opções na grande cidade, até mesmo com a Ciclofaixa.

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