Atendimento humano X máquina de autoatendimento

No aeroporto, no estacionamento ou no metrô, há quem prefira lidar com um funcionário de cara feia a encarar uma engenhoca de autoatendimento

Por Alberto Villas
Atualizado em 18 out 2022, 18h31 - Publicado em 2 set 2022, 15h52
celular apontando para QR code em máquina na parede
Autoatendimento: ame ou odeie. (proxyclick/Unsplash)
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Sou um jornalista da geração que trocou a máquina de escrever pelo computador. Quer dizer, sou daqueles que achavam que bastava apertar um botão errado para tirar a emissora do ar. Morria e, pensando bem, morro ainda de medo de máquina, qualquer tipo de máquina.

Sou da geração que prefere sempre um ser humano de carne e osso, sorrindo ou fazendo cara feia, para te atender onde quer que seja, ao vivo ou do outro lado da linha do telefone. Nas viagens, o sofrimento é ainda maior.

Vi, aos pouquinhos, a revolução das máquinas, aquelas engenhocas avançando e ocupando o lugar dos homens nos aeroportos, nos estacionamentos, nos pedágios, nas estações de metrô, em tudo quanto é canto. Vocês não podem imaginar o alívio que sinto quando chego a algum lugar e vejo um homem, uma mulher para me atender. Mesmo falando turco, prefiro um humano a uma máquina.

Eu gastaria páginas e páginas para contar os apuros que já passei mundo afora. No guarda-volumes de Amsterdã, por exemplo, demorei horas para descobrir como colocar a ficha que todos enfiavam tranquilamente nas portas e trancavam depois de pôr as bagagens lá dentro. Em Parma, deixei o carro quase abandonado na rua porque não consegui entender como funcionava aquela maquininha a que se paga para estacionar.

Check-in no aeroporto de Barcelona: foram necessários três funcionários da Iberia para fazer com que o meu tíquete de embarque saísse da máquina. Em um supermercado em Milão, eu quase abandonei o meu carrinho de compras quando percebi que não havia um ser humano no caixa. Eram engenhocas que calculavam, empacotavam e diziam “buon giorno”.

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Sinceramente, quero de volta o ser humano no atendimento às pessoas. Na última vez que fui a Paris quase enfartei quando topei com uma maquina no metrô que só aceitava notas de € 50, € 20 e € 10. Fui a pé pensando com os meus botões: que saudade daquelas vendedoras que ficavam atrás do vidro tricotando e atendendo no maior mau humor do mundo…

→ Alberto Villas* é avesso a home banking e gosta de tomar café com seu gerente.

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