Oh, sorry: Britânicos e a mania de pedir desculpas o tempo todo
Uma pessoa no Reino Unido diz a palavra “sorry”, em média, oito vezes por dia – às vezes sem necessidade. De onde vem esse costume?
Se você já foi para o Reino Unido, talvez uma das palavras que mais escutou da boca dos locais tenha sido “sorry”. Isso porque os britânicos são conhecidos por se desculpar para quase tudo (até demais e sem motivo): pelo clima, para sentar do lado de um desconhecido, para pedir “com licença” ou solicitar informação. E existem números que comprovam esse hábito.
Uma pesquisa constatou que, em média, os britânicos dizem “sorry” oito vezes por dia. Isso resulta em mais de 4 mil vezes ao ano. Se esse número já não fosse alto, uma em cada oito pessoas do Reino Unido se desculpam – acreditem – 20 vezes em um dia.
O curioso é que, em muitas das vezes, o “sorry” é completamente dispensável: no estudo, 88% dos entrevistados admitiram se desculpar por algo que nem era sua culpa. Mais da metade pede perdão quando leva um encontrão na rua e, por mais absurdo que seja, 7% ainda solta um “sorry” em um acidente de carro causado por outro motorista.
Ok, assim fica nítido que se desculpar muito e desnecessariamente é um costume inerente dos britânicos – quase um tique –, que pode confundir a cabeça de estrangeiros que não estão acostumados. Mas de onde vem essa mania?
Culturalmente, as pessoas do Reino Unido são mais reservadas. Começar uma conversa já se desculpando, principalmente com desconhecidos, é a forma britânica de mostrar respeito, sem ser invasivo, e especialmente sem chamar muito atenção para si mesmo.
Também não estranhe caso algum britânico peça desculpas pela chuva, por exemplo. Ele sabe que a culpa não é dele. Mas esse tipo de perdão rotineiro, por situações que fogem do controle de qualquer pessoa, é uma maneira de expressar empatia por alguém em circunstâncias desfavoráveis.
No entanto, se desculpar o tempo todo não faz dos britânicos “bonzinhos”, ou humildes – na verdade, sua fama vai um pouco na direção contrária. É muito mais uma formalidade. Assim como o “homem cordial” brasileiro, teorizado por Sérgio Buarque de Holanda, não é sinônimo de “homem bom”. Mas isso já é outra história.
E você, por acaso percebeu essa mania quando esteve no Reino Unido?