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Mil e uma compras

Janeiro é o grande mês do ano em Dubai: os preços caem até 75%, a temperatura vai a níveis civilizados e a Emirates começa a voar do Rio

Por Gustavo Simon
Atualizado em 16 dez 2016, 08h56 - Publicado em 5 jan 2012, 19h32

 

No último dia 2 de dezembro, o Oriente Médio ainda vivia o rebote daquilo que os jornais batizaram de Primavera Árabe – apesar de a data marcar o fim de outono na região. Nesse dia, nos Emirados Árabes Unidos, o vice-presidente Mohammed bin Rashid declamava poemas em uma parada festiva, exaltando a figura do xeque Zayed – que, exatos 40 anos antes, congregara sete emirados e fundara o país. Bin Rashid é também xeque de Dubai, o mais comentado – no Ocidente, ao menos – dos emirados, de área territorial menor que Pernambuco e sem fração dos barris e barris de petróleo dos vizinhos. A história mostrou que o país passou incólume pela Primavera Árabe – e também pelas estações seguintes. Melhor assim: o inverno é a temporada que mais promete.

Com as temperaturas desérticas bem mais amenas (mas ainda assim em médias de 24ºC), tudo fica mais agradável. E o começo do Dubai Shopping Festival, marcado para acontecer entre 5 de janeiro e 5 de fevereiro, costuma ser motivo igualmente nobre para sair dos hotéis, invadir os imensos conglomerados de lojas e aquecer um pouco mais a economia local, que andou flertando com o abismo em 2009, quando a vizinha Abu Dhabi precisou emprestar recursos para Dubai não apelar para um default (calote) de sua dívida. Hoje, saltam mais aos olhos do turista as inaugurações que os esqueletos de edifícios abandonados – e elas são constantes. A mais recente foi a do hotel Jumeirah Zabeel Saray (Crescent Road West, 971-4/453-0000, www.jumeirah.com; diárias desde US$ 489; Cc: A, D, M, V), na parte oeste da já célebre ilha artificial em forma de palmeira. Outra estreia marcante foi a do Hotel Armani (Sheikh Zayed Road, 971-4/888-3888, www.dubai.armanihotels.com; diárias desde US$ 626; Cc: A, D, M, V), desenhado pela equipe do estilista italiano Giorgio Armani, que ocupa seis andares do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo. Para escapar da crise, a receita de um lugar que se inventou como destino de exclusividade, pujança, extravagância e luxo é seguir apostando nos mesmos superlativos.

É ainda no Burj Khalifa, símbolo do espírito megalômano de Dubai que aproxima da literalidade o termo arranha-céu, que estão algumas das atrações mais divertidas da cidade. Uma é o restaurante At.mosphere (Sheikh Zayed RoadBurj Khalifa, 971-4/888-3828, www.atmosphereburjkhalifa.com; Cc: A, D, M, V). A 408 metros de altura, arrisquei, sem medo de vertigem, uma legítima caipirinha feita com cachaça brasileira – e um decepcionante gelo moído – para acompanhar bolinhas de frango frito com wasabi e mostarda. Ao lado da vista estonteante para a noite de Dubai, o jantar casual foi boa receita para relaxar depois de caminhar muito lá embaixo. É que a 122 andares de distância ficam o Souk Al Bahar (Downtown Burj Dubai, 971-4/362-7011, www.spoukalbahar.ae), shopping de luxo que imita em sua arquitetura um mercado árabe tradicional, e o Dubai Mall (Financial Centre Road, 971-4/362-7500, www.thedubaimall.com), o maior centro de compras do planeta.

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E viajar a Dubai é comprar. Entre mais de 1 200 lojas, é praticamente impossível não encontrar no Dubai Mall o que se procura. Se ao longo do ano os preços não são bem melhores que os do Rio ou de São Paulo, qualquer comprinha pode servir de desculpa para uma visita em tempos de descontos de até 75%. Eletrônicos e artigos de maquiagem, particularmente, passam a valer muito a pena. O Dubai Shopping Festival apresenta outros bons motivos para se refugiar no ar-condicionado ao qual os turistas costumam ser tão afeitos: as 520 lojas e a pista de esqui artificial do Mall of The Emirates (Sheikh Zayed Road, 971-4/409-9000, www.malloftheemirates.com); o 1,5 quilômetro de extensão do Ibn Battuta Mall (Sheikh Zayed Road, Dubai Marina, 971-4/362-1900, www.ibnbattutamall.com); os corredores menos lotados do BurJuman Center (Sheikh Khalifa Bin Zayed Road, 971-4/352-0222, www.burjuman.com) e as lojas tradicionais preferidas dos locais no Souk Madinat Jumeirah (Al Sufouh Road, 971-4/366-6546, www.madinatjumeirah.com).

Dubai é um destino turístico “construído”, e isso desperta certos olhares tortos dos mais críticos. Mas o interesse brasileiro na região tem aumentado. Em 2010, foram para lá 34 mil conterrâneos, número semelhante ao de 2008, mas 30% melhor que o de 2009, ano bastante ruim para a economia local. Para colocar na perspectiva correta, saiba que em 2005 apenas 3 mil brasileiros foram ao destino. O lançamento do voo da Emirates entre Dubai e São Paulo, em julho de 2007, foi decisivo nesse incremento. Neste mês, a estatal aérea lança sua rota diária Buenos Aires−Rio−Dubai, e os números melhorarão.

Com o declínio econômico de 2009, o clima de conto das Mil e Uma Noites evocado pela irrupção de Dubai na mídia e no imaginário ocidental deu a impressão de que findava. Dubai definitivamente não vai parar em 2012. Deixe espaço de sobra nas malas.

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Janeiro de 2012 – Edição 195

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