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Linhas aéreas cruzadas

O raio X dos aeroportos pode ser implacável com uma mísera tesourinha. Nosso colunista se pergunta: por que não com os celulares?

Por Otávio Rodrigues
Atualizado em 16 dez 2016, 08h58 - Publicado em 21 nov 2011, 12h29

Ora, nem sou tão velho assim, mas fui criança faz tempo e conheci a aviação quando se podia fumar a bordo. A combinação ar-condicionado/fumaça produzia um alto grau de toxicidade em toda a cabine, mesmo depois que os fumantes foram segregados no fundão.

Outra coisa que mudou foi o controle de nossa bagagem de mão. Minha mãe, prodígio em costuras e arremates, dia desses foi surpreendida no raio X e teve de abandonar uma tesourinha preciosa, do tempo em que donas de casa sabiam tricô e crochê. Dona Fátima não tem pinta de terrorista, mas eles disseram que as normas de segurança valem para todos.

Na verdade, esta conversa fiada é só para tentar compreender o que está por trás da proibição de celulares nos voos. Ora, somos chateados com essa recomendação o tempo todo dentro do avião. Voltando de uma viagem a São Luís, aproveitei aquela despedida amarela da tripulação e parei na porta para perguntar os motivos desse veto. Como se eu não soubesse.

Atenciosos, explicaram que esses e outros dispositivos eletrônicos podem interferir nos comandos da aeronave e colocar o voo em risco. Comentei que vários passageiros ignoram os avisos e quis saber como faziam para fiscalizar. Disseram que durante a decolagem, o pouso e outros momentos críticos, eles também estão amarrados ao cinto, logo não têm como verificar. E com o avião no solo? Que também não dá, por causa da muvuca na hora de apanhar a bagagem de mão.

Pois bem, se não há controle, por que deixam as pessoas embarcarem com celulares, em vez de despachá-los na bagagem? Uma tesourinha de costura é confiscada, sob a presunção do risco, mas o celular passa? Se o cigarro é rigidamente proibido, por que esse “fazer o quê?” com os eletrônicos? Vamos falar sério: é perigoso ou não é? Porque, se não for, por gentileza, parem com essa ladainha nos alto-falantes.

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