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Galápagos, no Equador, é a prova da riqueza biológica do planeta

Leia o relato de uma viagem inspirada no roteiro que inspirou Charles Darwin a criar a teoria da evolução

Por Daniel Nunes Gonçalves
Atualizado em 4 jul 2019, 18h45 - Publicado em 27 jan 2016, 19h43

Eu tinha acabado de voltar ao iate, depois de um mergulho com snorkel entre dezenas – juro, dezenas – de tartarugas marinhas, e parei na proa para observar o mar. Estava absorto pelo turbilhão de vida selvagem do Arquipélago de Galápagos, no Equador, no quarto dos meus sete dias embarcado, quando o simpático vizinho da cabine ao lado puxou papo.

Professor doutor de Harvard, o astrofísico americano Eric Chaisson era um dos meus 17 companheiros de viagem no Grace, clássica embarcação que tinha sido presente de casamento à princesa Grace Kelly em 1956. Já tínhamos assuntado na noite anterior, quando ele deu a um grupo de passageiros sortudos, na torre do barco, uma deliciosa aula informal sobre as estrelas daquele ponto do Pacífico, a mil quilômetros do continente.

Dessa vez, a biologia do recanto mais especial do Equador levou minha conversa com o doutor Eric ao além-galáxia. Começamos comparando os diferentes bicos dos pássaros avistados em cada ilha, como fez o naturalista britânico Charles Darwin (1809–1882), e terminamos questionando os primórdios da humanidade.

Lobo-Marinho na Ilha Galápagos
Os Lobos-Marinhos adoram brincar e morder os pés de pato dos mergulhadores (Paul Krawczuk/Flickr)

De onde viemos afinal? Como evoluímos? “É possível que, nos anos 1840, Darwin e o capitão Fitz Roy tenham tido divagações semelhantes ao passar por aqui”, brincou Eric.

Lendo no deque, na cabine ou na praia o livro A Viagem do Beagle, que narra a jornada da embarcação em que Darwin viajou, passei três semanas vivendo meus próprios dias de explorador. Foi quase o mesmo tanto que o pai da teoria da evolução das espécies, que navegou ali por cinco semanas.

Nadei entre mansos tubarões-martelo e remei caiaques em meio a leões-marinhos brincalhões. Assisti a batalhas dos gladiadores dinossáuricos iguanas-marinhos machos em pleno período de sedução das fêmeas. Fugi dos torpedos disparados do céu por lindíssimos atobás de patas azuis e vermelhas – para quem todo o chão das ilhas é ao mesmo tempo banheiro, sala de jantar e de estar. Pedalei em trilhas à beira-mar, subi à boca de vulcões.

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O pôr do sol é um destaque das belezas das Ilhas Galápagos (Anne and David/Flickr)

E flagrei o passeio dos golfinhos, comparei meu tamanho com o das tortugas gigantes parentes do notório George Solitário (último da espécie da Ilha Pinta e extinto em 2012), enchi meus olhos de cores nos mergulhos de snorkel e também com cilindro. E o que é melhor: vendo os bichos de Galápagos chegarem pertinho, pois vivem em harmonia, sem medo dos seres humanos.

Depois de curtir tantos dias de contemplação de pores do sol e de bate-papos sobre evolução cósmica, também criei minha própria teoria na ilha-inspiração de sir Charles Darwin.

Não tão revolucionária, é verdade, quanto a do cara que virou nome de rua, de fundação, de barco e até de cerveja nas únicas quatro ilhas habitadas por seres humanos em Galápagos – Santa Cruz, San Cristóbal, Isabela e Floreana.

Seja você um parente convicto da Chita, como defendeu Darwin, seja um fervoroso crente de que Adão e Eva são nossos legítimos antepassados, como prega a Bíblia, em uma coisa você há de convir comigo: Galápagos é o exemplo mais bem lapidado, cênico e selvagem da riqueza biológica da Terra.

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Documentação

Passaporte com validade mínima de 6 meses contados a partir da entrada no território peruano.

Saúde

Nenhuma vacina é necessária para entrar no Peru.

Olá, amigo tubarão

Galápagos está para o Equador como Fernando de Noronha está para o Brasil. É um destino caro – especialmente em um país que tem o dólar americano como moeda oficial desde 2001. Existe uma taxa de preservação ambiental para estrangeiros do Mercosul. Além da beleza desejada por dez em cada dez equatorianos, Galápagos tem o mergulho mais top do país. Tubarões de vários tipos – que não atacam – exibem-se o tempo todo para quem mergulha com cilindro. As ilhas Wolf e Darwin, duas das mais distantes, são destinadas exclusivamente a experiências de mergulho “live aboard”, que costumam durar uma semana.

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