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Minha primeira vez em uma praia de naturismo

Duas lições tiradas de uma praia de naturismo: a roupa a ser despida precisa ser bem escolhida e a azaração tende a ser um pouco mais direta

Por Juliane Massaoka
Atualizado em 5 Maio 2023, 16h28 - Publicado em 31 jan 2013, 19h20

Cheguei à Praia do Pinho, em Balneário Camboriú, por acaso. Estava indo da Praia do Estaleiro para a Central pela Rodovia Interpraias para almoçar quando vi a entrada com bandeirinhas dizendo “Praia do Pinho, seu bem-estar ao natural”. Resolvi parar e ver como era.

Apesar de bem sinalizada, a entrada não é livre. Um estacionamento na única área de acesso para carros tem cancela e cobra R$ 15 antecipados. Paguei e ganhei um folder que explicava o naturismo: “um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o autorrespeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente”. Também havia a informação de que existe uma área de adaptação onde visitantes podem ficar com roupa, mas que na areia a nudez seria obrigatória.

Pensei em ficar na área de adaptação, apenas observando, mas logo percebi que não teria a mínima graça. O único bar ali estava vazio e, por causa da vegetação, não dava para ver nada. Tomei coragem e fui até o quiosque na areia para perguntar sobre o aluguel de cadeira e guarda-sol.

O rapaz que estava ali me deu também uma toalha. “Todo mundo senta pelado nessas cadeiras. As toalhas a gente lava sempre”, disse. Depois dessa informação animadora, ele se prontificou a montar o guarda-sol para mim. Fui andando ainda vestida pela areia para procurar um lugar. Decidi ficar entre um grupo de argentinos sessentões (homens e mulheres) e um casal bem jovem. Coloquei a cadeira mais para trás e sentei.

Era chegada a hora. Para ficar ali teria de tirar a roupa. E, ao contrário do que diziam as bandeirinhas na entrada da praia, fazer isso não foi nada natural. Olhei para os lados, vi aquele grupo com senhoras e me senti um pouco melhor. Ali não havia nenhuma gostosona querendo se exibir, como acontece em muitas praias “normais”. Ali ninguém parecia ligar para celulite. Li e reli a definição de naturismo no folder. Natureza, respeito, meio ambiente… essa era a vibe. Aproveitei um momento em que ninguém estava olhando e tirei a blusa. Foi-se também o sutiã. Aí tirei as sandálias e fui tirar o short. Quando abri o zíper, quis me enterrar na areia de tanta vergonha.

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Acontece que eu estava na estrada havia dias, não havia encontrado tempo para lavar roupa, e as calcinhas foram ficando cada vez mais raras dentro da mala. Numa emergência, acabei comprando um pacote de calcinhas novas em uma loja de departamentos, dessas de várias cores diferentes. E nesse dia eu estava usando qual? A amarela. Uma enorme calcinha amarelo-bebê que mais parecia uma cueca. Mais um problema de ir a uma praia de nudismo sem planejamento: é preciso escolher bem a roupa a ser tirada.

No fim das contas, isso até ajudou. Fiquei com mais vergonha da calcinha amarela do que de ficar sem roupa. Arranquei rápido a dita-cuja e enrolei no short a fim de esconder aquela peça indecente. Pronto. Estava como manda o figurino (ou melhor, a falta dele). Continuei na cadeira, mas encolhida. Aos poucos comecei a me sentir mais à vontade e passei a observar o local. Homens e mulheres de corpos imperfeitos. Seios de diversos tamanhos e formatos. Alguns bem caídos. Depilações de modelos variados. Pelos pubianos já meio grisalhos. Órgãos sexuais de todo tipo expostos ao sol.

Havia também alguns exibicionistas. Um velhinho alto de porte atlético desfilava de peito inflado de um lado para o outro. Tinha também um tiozão com uma barriga imensa e dura. E, embaixo dela, uma visão surpreendente. Ele sabia do dote que tinha e andava pra lá e pra cá todo sorridente. Um casal jovem à direita estava em clima de romance. Eram os dois corpos mais bonitos do lugar.

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Decidi entrar na água, mas travei. Ali, na minha cadeira, eu estava praticamente escondida. Para ir até a água, teria de cruzar toda a faixa de areia. Meio sem jeito, levantei-me e fui. O mar estava agitado, ondas fortes obrigavam quem estava na água a mergulhar e pular o tempo todo. Aí eu entendi a coisa da harmonia com a natureza. Entrar nua no mar é algo que vale a pena.

Na volta para a cadeira, comecei a sentir alguns olhares do rapaz bonitão que estava com a suposta namorada. Ele parecia estar me olhando e sorrindo. Parecia, não, ele estava me olhando e realmente sorria. Aí ele conversava um pouco com ela, trocavam carinhos, e voltava a me olhar. Não, não devia ser para mim, mas parecia.

Aí ele se virou. Estava deitado de frente para o mar e ficou de frente para mim. Para mim? Podia ser. Devia ser para se bronzear melhor. Mas o rapaz me olhava fixamente e sorria. E fazia carinho na namorada. E ela nele. Os dois conversavam numa boa. E ele voltava a me olhar.

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Bom, decidi ir embora. Peguei minha roupa e fui para a ducha, na saída da praia. Vesti rapidinho minha calcinha amarela e todo o resto, peguei minhas coisas e fui para o estacionamento. Chegando ao carro, ouço naquele sotaque catarinense cantadinho: “Tais indo embora?” Olhei para trás. Era o bonitão. Entrando no carro, respondi que sim. Ele, então, se abaixou na minha janela.

– Tu já saísse com um casal antes?

*Juliane Massaoka deu graças por não estar vestindo uma calcinha bege

Veja acomodações em Balneário Camboriú 

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