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Em maus lençóis

O grupo chegou com reserva, mas o hotel estava lotado. A solução: liberar os quartos sujos para os próprios hóspedes arrumarem

Por Cris Capuano (edição)
Atualizado em 14 dez 2016, 12h06 - Publicado em 8 set 2011, 12h00

Que tal chegar cansado a um hotel, às 21h35, só conseguir finalizar o check-in à 0h50 e ser informado de que não há apartamento limpo? Foi o que aconteceu comigo e outras 57 pessoas no Bay Park, em Brasília, em novembro. Eu tinha reserva, assim como os outros perplexos candidatos a hóspedes. A polícia foi chamada, dado o caos. O gerente não estava presente. Liguei para vários outros hotéis. Em vão. Brasília estava lotada, em razão de três conferências de diferentes categorias profissionais. Nada, porém, justifica o tratamento dispensado pelo Bay Park. A certa altura da confusão, o gerente, o senhor Sebastião, sempre por telefone, disse que liberaria apartamentos sujos, sem custo. As pessoas diziam que preferiam pagar e receber os quartos limpos. Ele insistiu que aquela era a melhor oferta que poderia fazer. Seguiu-se, então, uma cena que jamais vi em nenhum hotel no mundo. Uma funcionária abriu o depósito para distribuir lençóis e toalhas. A equipe de serviços gerais havia sido dispensada às 22h, e cada hóspede deveria arrumar o próprio quarto. As pessoas subiam os andares carregando as trouxas. Um constrangimento geral. Foi-me dada a chave do apartamento 3115. Estava sujo, camas desfeitas, toalhas no chão, banheiro molhado. Percorri os andares em busca de solução. Por acaso, encontrei uma senhora que trabalhava na limpeza e estava de saída. Ofereci 60 reais para ela limpar meu quarto. Assim, à 1h40 da madrugada, quatro horas depois deminha chegada ao Bay Park, fui instalado num quarto limpo. Os outros 57 clientes não tiveram a mesma sorte. – Kaíke Nanne, São Paulo, SP

É costume dos hotéis liberar quartos para check-in a partir do meio-dia. Muitas vezes, no entanto, acontecem imprevistos que obrigam o hóspede a esperar alguns minutos, até que a camareira faça seu trabalho. O caso, no entanto, passou dos limites: esperar por quatro horas e ainda ter de limpar o quarto?

O que diz a empresa

O gerente do Bay Park, Sebastião Correia, admite a lotação no período citado pelo leitor. “Foi um caos naquela  noite. Fiz o que foi possivel fazer. Não ia mandar as pessoas embora para dormir na rua”, disse ele.

Quem tem razão

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Nanne, que é diretor de núcleo da Editora Abril, garante que seu agente de viagens tem toda a documentação da reserva. “Se o hotel realmente confirmou o quarto ao hóspede, tem obrigação de dispô-lo devidamente limpo”, diz a advogada Luciana Atheniense, autora do livro Viajando Direito (viajandodireito.com.br). “É inadmissível transferir essa responsabilidade para o hóspede”, diz.

O que fazer

Mesmo que o hotel não tenha cobrado a diária, o grupo poderia entrar no Juizado Especial Cível com pedido de indenização por perdas e danos (certamente  superior ao valor da diária que não pagou). Nanne, ainda, poderia solicitar ao hotel o reembolso do que gastou com a faxineira. “Por isso é tão importante guardar documentos que comprovem a veracidade das acusações”, diz Luciana.

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