Paisagens exóticas, tradições milenares e o que há de mais moderno em tecnologia: as atrações do Japão são tantas e tão variadas que é difícil decidir o que ver primeiro. Viajar no arquipélago é superseguro, e o país conta com um dos melhores, mais rápidos e pontuais sistemas de transportes do mundo.
As idiossincrasias japonesas rendem lembranças inusitadas aos visitantes, que tentam entender as razões de hábitos como ficar em pé do lado esquerdo de escadas rolantes para os apressados passarem (em vez do direito), ou o fato de que nenhum objeto é vendido em grupos de quatro (número que significa “morte”) ou nove (“sofrimento”).
No país das metrópoles super limpas, modernas e seguras você encontrará vilarejos medievais cercados de plantações de arroz. Os princípios arquitetônicos que nortearam a construção de templos anti-terremoto do século 10 são os mesmos do projeto da mais alta torre do mundo, a Tokyo Skytree. Dentro de uma viagem pode haver o frenesi urbano de Tóquio e a serena beleza dos Alpes Japoneses, o colorido vigor do teatro kabuki e o azul tranquilo do mar de Okinawa.
As diferenças, por vezes chocantes, são o que fascinam no Japão. As ruas são limpíssimas, mas raramente se encontra uma lata de lixo pelas cidades (cada um anda com o seu lixo no bolso). O desejo de expressar a individualidade faz com que japoneses usem roupas que brasileiros não ousariam vestir nem em época de Carnaval (de bonecas, mangás, góticos, punks), e esse espírito inovador e arrojado pode ser um dos motivos por trás da capacidade do país de se reinventar e superar dificuldades.
Aqui, curiosamente, as principais atrações turísticas são o meio, não o destino final. Uma corrida nos velozes trens-bala, o lanche rápido na estação de trem ou a cerejeira em flor podem ser tão ou mais chamativas que o Grande Buda de Kamakura, as encostas nevadas do Monte Fuji ou o Templo Dourado de Kyoto. É pelo caminho que o viajante conhece o Japão.
A cada ano, as facilidades para os estrangeiros no Japão têm melhorado com o aumento do número de placas em alfabeto romano e de centros de informação em inglês e outras línguas, especialmente em Tóquio. Ao sair da capital, porém, a infraestrutura para o turista internacional ainda é limitada. Levando em consideração o afinco e a concentração que os japoneses dedicam aos seus projetos, as condições para os viajantes devem melhorar ainda mais muito em breve.
SUGESTÃO DE ROTEIRO
Para marinheiros de primeira viagem, a dupla Tóquio e Kyoto é a essência da cultura japonesa. Próximos a eles estão passeios de bate e volta imperdíveis, como as cidades históricas de Nara, Kakamura e Nikko. Para quem tem um pouco mais de tempo, vale conhecer o Parque da Paz em Hiroshima, os Alpes Japoneses (sede dos Jogos de Inverno de 1998 e com trekkings belíssimos no verão) e as ilhas do arquipélago de Okinawa.
COMO CHEGAR
Literalmente do outro lado do mundo, para chegar ao Japão tanto faz ir pelo leste ou pelo oeste – o tempo de viagem é quase o mesmo –, sempre com uma escala ou mais. Considerando a longa jornada (a partir de 25 horas de voo), vale a pena pagar um pouco mais para investir em conforto e considerar uma parada mais longa em uma das escalas. Hoje uma das rotas mais interessantes é voando através do Oriente Médio, com companhias como Emirates (www.emirates.com, com escala em Dubai) e Qatar Airways (www.qatarairways.com, passando por Doha). Outras rotas tradicionais fazem escalas nos Estados Unidos e Canadá, com American Airlines (www.aa.com), United (www.united.com) ou Air Canada (www.aircanada.com), e Europa, voando com Air France (www.airfrance.com), British (www.britishairways.com) e KLM (www.klm.com), entre outros.
COMO CIRCULAR
O sistema de transporte público no Japão é um dos melhores e mais eficientes do mundo. Entre uma cidade e outra, trens modernos e confortáveis viajam a até 300 km/h, cobrindo uma extensa malha de linhas de norte a sul. Apesar de um tanto caro, compensa adquirir o JR Pass (www.japanrailpass.net), que dá direito a viagens ferroviárias da malha JR (a mais extensa do país), incluindo ônibus e alguns ferry-boats.
QUANDO IR
Do fim de março a meados de abril o Japão todo se anima com a floração das cerejeiras, glicínias e ameixeiras. Apesar do tempo bom, o começo de maio costuma ser um tormento logístico por causa do acúmulo de feriados, quando o país inteiro aproveita para passear, acabando rapidamente com reservas de hotéis e passagens. Junho é um mês bastante chuvoso, e em julho e agosto, quando o calor chega a níveis amazônicos, acontecem alguns dos mais divertidos festivais populares e de fogos de artifício, incluindo o Gion Matsuri (www.kyoto.travel/2011/05/gion-matsuri.html) de Kyoto, o Nebuta (www.atca.info/nebuta_en) de Aomori, o Kanto (www.kantou.gr.jp/english) de Akita e o Yamakasa de Fukuoka, com acesso pela Estação Gion do metrô. Entre setembro e outubro as temperaturas ficam mais agradáveis, uma preparação para novembro, quando os parques ganham belos tons outonais. Nos meses de inverno, principalmente janeiro e fevereiro, vale a pena incluir na viagem programas como esqui, visitas às termas naturais e o Festival da Neve (www.snowfes.com) de Sapporo.
O ESSENCIAL
É necessário ter visto para visitar o Japão. A solicitação ocorre no consulado (agências de turismo fazem para você) e o visto tem duração de 90 dias após a emissão, mas fique atento à pegadinha: a estadia para o turista é válida por apenas 30 dias. Mais informações em https://www.br.emb-japan.go.jp;
A moeda oficial é o iene. Nem todos os restaurantes e lojas aceitam cartões de crédito, mesmo os internacionais;
A língua oficial é o japonês. A maioria da população se comunica mal em outros idiomas, mas são em geral solícitos com os turistas estrangeiros (apesar de ficarem um pouco envergonhados). As estações de trem e metrô de Tóquio, Kyoto e Hiroshima são bem sinalizadas com informações em inglês. Nas outras cidades, geralmente está tudo em hiraganá ou kanji (os ideogramas japoneses);
São 12 horas de diferença no fuso horário. Leva pelo menos dois dias para começar a acertar os ponteiros biológicos – é bom levar isso em consideração na hora de planejar a viagem;
A internet em todo o país é rápida e eficiente: a comunicação aqui não é problema. Se quiser fazer ligações internacionais, porém, lembre-se que há cada vez menos telefones públicos no país, já que quase todo mundo no Japão tem celular;
O país é um dos mais seguros do mundo. Você vai ver dezenas de bicicletas estacionadas nas estações de metrô com casacos, bolsas, sacolas – e ninguém olhando. E ninguém pega – isso faz parte da cultura japonesa.
CIDADES
Tóquio
Na capital, tudo está em permanente mutação. Caso de Omotesando, uma tranquila avenida residencial, que se tornou em pouco tempo uma badalada via comercial. O bairro de Marunouchi, onde fica a Estação Tóquio, o principal ponto de transporte ferroviário, também renovou-se e agora abriga moderníssimos edifícios comerciais, muitos restaurantes, lojas descoladas e cafés charmosos. Ginza, o celebrado bairro dos bem-nascidos, não ficou para trás: derrubou o venerado Teatro Kabuki-za e o levantou de novo, com uma fachada idêntica, mas bem melhor adaptada às demandas contemporâneas (o prédio é mais arejado e protegido contra os temidos terremotos). Só o bairro de Asakusa, que abriga os templos mais suntuosos da cidade, parece ter parado no tempo.
Outras grandes atrações são a concorrida Tokyo Disneyland e a torre Tokyo Skytree, de 634 metros de altura, considerada o novo cartão-postal toquiota. E a cidade ainda guarda preciosos restaurantes – caso do Narisawa (narisawa-yoshihiro.com), o melhor da Ásia em 2013 segundo a revista Restaurant.
Kyoto
Nenhuma outra localidade do Japão resume o espírito e a cultura nipônicos de forma tão definitiva. Sim, templos budistas, santuários xintoístas e palácios da corte imperial são paradas obrigatórias, mas, para muitos, o melhor está nos detalhes cotidianos.
Não perca a estreita ruela Pontocho e suas casas de chá frequentadas por gueixas no bairro de Gion. Aprecie o artesanato tradicional nas dezenas de lojas nas ladeiras Ninenzaka e Sannenzaka. Faça uma pausa e prove doces típicos como o yatsuhashi com uma taça de chá verde de Uji. Ou ignore a multidão e presenteie-se com a placidez de um jardim ancestral.
Hiroshima
Esta seria apenas mais uma pacata cidade industrial se não fossem os eventos de 6 de agosto de 1945. Na manhã daquele dia, uma nova espécie de bomba lançada pelo avião Enola Gay abreviou o fim da Segunda Guerra e inaugurou uma nova era, na qual Hiroshima tornou-se um símbolo contra o armamentismo atômico.
Vale muito a pena conhecer (e sentir) o Museu e o Parque da Paz, além dos monumentos dedicados às vítimas do atentado. Não longe dali, na ilha de Miyajima, está o Santuário de Itsukushima, célebre por seu portal flutuante.
Alpes Japoneses
Quem curte trekkings em meio à natureza ou esqui de alta performance tem de visitar as montanhas do Japão central. Utilize a cidade de Matsumoto como base para explorar a região. No caminho estarão as encostas nevadas de Hakuba, sede das competições de esqui dos Jogos Olímpicos de 1998, o dramático passo Norikura e a simpática Takayama, na província de Gifu, um dos destinos mais aprazíveis do país.
Okinawa
É pra cá que os japoneses vêm no verão para curtir uma praia. E que praia. O mar de Okinawa é transparente no último – dá pra ver peixinhos coloridos até na parte rasa –, talvez por causa de sua areia grossa (em alguns trechos, ela é branquinha, em formato de estrela). Naha, a capital, parece uma cidade do Sudeste Asiático, com habitantes mais morenos, baixinhos e com olhos maiores que os do continente. Há vários resortões na costa okinawana, que tem praias de mar calminho. E as ilhas de Kerama, Iriomote, Ishigaki e Miyako fazem a alegria dos praticantes de kitesurfe, mergulho e windsurfe.
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