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Costa do Caribe

Resorts de Punta Cana, o pedaço da República Dominicana que é o destino de desejo dos viajantes brasileiros

Por Nádia Lapa
Atualizado em 16 dez 2016, 09h17 - Publicado em 22 ago 2011, 19h32

Chovia muito quando deixei a República Dominicana. O funcionário da companhia aérea que recolhia os guarda-chuvas disse que o aguaceiro era Punta Cana chorando a minha partida. Naquele momento fofo, eu já sabia que até nos clichês os dominicanos são parecidos conosco. Eles talvez nem desconfiem disso – dos 4,5 milhões de turistas que o destino recebe todos os anos, só 1% é de brasileiros. Nem o futebol, nosso eterno cartão de visitas, abre portas ali: os dominicanos jogam bola com as mãos (o beisebol e o basquete são os esportes mais populares no país). Nos cardápios dos restaurantes, os pratos são descritos em inglês, espanhol, francês e alemão. Nada de português. Mas isso há de mudar. Desde 2010 a Gol voa cinco vezes por semana a Punta Cana, com escala em Caracas, e pela Copa Airlines basta fazer uma rápida conexão no Panamá. Punta Cana já é o segundo destino caribenho mais vendido pela CVC, a maior operadora brasileira, atrás apenas de Cancún. O lugar também explode nas ofertas dos sites de compras coletivas. A cada ano, 30% a mais de brasileiros viajam para o balneário dominicano.

Confesso ter demorado um pouco a entender o motivo desses números. Sim, o mar é incrivelmente transparente, esverdeado na parte mais rasa e turquesa no horizonte, na área atrás dos corais que acompanham a costa. É essa barreira natural que deixa as águas calmas, quase sem ondulações. Perfeito para aquele tal ócio criativo de que tanto falam – perfeito, aliás, para ócio de qualquer natureza. E é isso que se espera de uma praia no Caribe, afinal de contas. Mas aí decidi quebrar a letargia e contar quantos passos eu precisaria dar para ir da porta do meu quarto à areia branquíssima da Praia de Arena Gorda: 40. De resto, gostei de me acostumar com a pulseirinha colorida que me abria portas de restaurantes e garrafas de rum dominicano. Quantas eu quisesse. Tudo isso por menos de US$ 100 por dia, valor impensável no Brasil. Com a companhia dos meus recém-melhores amigos, banana mama e coco loco (drinques coloridos à base de rum e frutas tropicais), comecei a descobrir os encantos de Punta Cana.

Resort, resort, resort

Punta Cana tem 50 hotéis com 35 mil quartos no total. O que dá uma marca digna de Las Vegas de 700 quartos por complexo. A escolha de onde ficar é crucial, já que raramente se deixa o resort durante a estada. Campos de golfe, discotecas, teatros, cassinos, faixas de areia mais ou menos largas, restaurantes… Cada um dos resorts é uma experiência diferente, mas em todos se come e se bebe muito. São todos all inclusive, com direito a bebidas alcoólicas. O que muda é a qualidade do que é servido. Testei três hotéis em Punta Cana. Comecei por um dos mais baratos no menu das operadoras brasileiras, o Vik Arena Blanca. Ali, só havia água mineral no frigobar. Jamais vi garrafa de Coca. A bebida era sempre servida direto no copo; creio que se tratava de uma “cola” genérica. Com dois restaurantes à la carte e um bar de praia com pizza, hambúrguer e cachorro-quente – um dia aprendem a servir camarão frito -, o hotel também conta com enorme bufê, cheio de comidas um tanto gordurosas para o paladar do brasileiro. No quarto, o aparelho de TV ainda é antigão e o cofre, alugado a US$ 2 ao dia, é fechado com cadeado. Nada de amenities no banheiro. A internet, a US$ 8 a hora, só funciona no lobby. Os móveis são antigos, e a decoração, pouco aconchegante. O predicado? A diária de US$ 104 para o casal. E isso nos quartos com varanda e vista para o mar.

Se eu já achava o bufê do Vik Arena Blanca enorme, é porque ainda não havia conhecido o do Punta Cana Princess. A diária é de US$ 142, mas a estrutura é bem maior. O hotel faz parte de um complexo onde também estão os quatro-estrelas Caribe Club e o Tropical Princess. O Punta Cana Princess é adults only (os hóspedes devem ter mais de 18 anos) e é possível utilizar as instalações dos outros hotéis. Sem crianças por perto, a atmosfera por ali é tranquila, sem risco de se ouvir Ilariê em espanhol. Os US$ 38 a mais que o Vik garantem também um quarto mais novinho, com duas latinhas da bela cerveja Se eu já achava o bufê do Vik Arena Blanca enorme, é porque ainda não havia conhecido o do Punta Cana Princess. A diária é de US$ 142, mas a estrutura é bem maior. O hotel faz parte de um complexo onde também estão os quatro-estrelas Caribe Club e o Tropical Princess. O Punta Cana Princess é adults only (os hóspedes devem ter mais de 18 anos) e é possível utilizar as instalações dos outros hotéis. Sem crianças por perto, a atmosfera por ali é tranquila, sem risco de se ouvir Ilariê em espanhol. Os US$ 38 a mais que o Vik garantem também um quarto mais novinho, com duas latinhas da bela cerveja local, a Presidente, no frigobar. Outro grande trunfo do Princess é a gastronomia. O esquemão de bufê continua, claro, mas as noites são temáticas – um dia comida oriental; outro, espanhola… Foi em um dos restaurantes à la carte do hotel, a steak house Rio Grande, que fiz a melhor refeição da minha temporada dominicana. Carne, por supuesto.

Mas ainda ficaria em outro resort, no qual depositava minhas maiores expectativas, o Barceló Bávaro Palace Deluxe. Escolhi uma suíte de frente para o mar e ainda fiz um upgrade vip, pagando mais US$ 34. No total, a diária saiu por US$ 303. Quando cheguei ao quarto, havia um balde de gelo com champanhe e uma garrafa de rum carta dourada me esperando, além da velha Presidente no frigobar. Na varanda, as cadeiras de plástico dos dois primeiros hotéis deram lugar a uma jacuzzi. Da minha cama com seis travesseiros eu via o mar que banha a Praia de Bávaro. Quem fica no primeiro andar perde um pouco da privacidade, mas, em vez de dar 40 passos em direção à areia, caminha no máximo dez. O tamanho do hotel é impressionante: finalmente vi um campo de futebol, além de quadras de tênis, minishopping com duty free, restaurantes decorados cuidadosamente, kid’s club, spa, campo de golfe assinado por P.B. Dye (um dos papas desse negócio), teatro, cassino, boate e – ufa! – uma enorme e lindíssima piscina com bar molhado. Renovado no ano passado e com os demais hotéis do complexo em reforma, o Palace Deluxe tem estrutura cinco-estrelas, mas fica devendo no serviço. Em um dos dias em que fiquei lá, não arrumaram o meu quarto. Notei também que nem todos os pratos do cardápio eram servidos. Uma paulistana que conheci, Lívia Berti, reclamou do atendimento. “Eu esperava ser mais mimada”, disse. De fato, o único momento em que me senti mimada na minha estada ali foi quando decidi experimentar os serviços do spa. Optei por uma massagem com pedras quentes – e, quando a franzina Stéphanie me acordou, tamanho meu relaxamento, eu me sentia, finalmente, em um cinco-estrelas.

Um país de todos

Punta Cana não é município e sim uma região da província de La Altagracia, onde Higüey é a maior cidade. É lá, a 60 quilômetros de Punta Cana, que mora a maioria dos trabalhadores dos resorts. Punta é um território voltado ao turismo – empresários americanos a “criaram” na década de 1970. Uma Varadero dominicana que parece estar alheia ao dia a dia do país, o que se acentua com os Boeings que evitam Santo Domingo, a capital, e chegam direto ao aeroporto de Punta Cana.

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Em Punta existem apenas dois minishoppings, o Palma Real e o novíssimo San Juan. Nas feiosas plazas Bávaro e Friusa há uma concentração de lojinhas de artesanato, mas, de resto, os passeios são sempre dentro d’água. Pudera: a água é do Caribe. Limpíssima, calma e com aquela temperatura deliciosa.

Os maiores resorts têm caiaque, pedalinho e equipamento para snorkel já incluídos na diária. A todo momento há turistas voando sobre o mar em parasails ou voltando exaustos e bronzeados da Ilha Saona, passeio de um dia que parte de Bayahibe – dizem lá que Saona é a locação do filme Lagoa Azul. Na região de Macao, onde fica o Hard Rock Hotel, os passeios de bugue e quadriciclo terminam em uma caverna – lá sim as águas são geladíssimas.

Mas há tanto o que fazer dentro do próprio resort que muita gente só sai do hotel para o aeroporto. É uma pena, pois é fora dos resorts que se conhece o povo dominicano, aquele mesmo tão parecido conosco. Sim, nos hotéis eles estão sempre abertos a uma boa conversa – mas estão trabalhando. E por muito pouco: o salário mínimo no país gira em torno dos US$ 200 – é por isso que a gorjeta de US$ 1 dada ao barman ou à camareira faz toda a diferença. Os dominicanos têm um IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano medido pela ONU, pior do que o brasileiro, mas acima de chineses, tailandeses, paraguaios e bolivianos. Se você quiser saber como os dominicanos vivem, talvez valha a pena ir vê-los dançar bachata em seus bares. Sempre simpáticos e cordiais, os dominicanos estranham mulheres sozinhas (e flertam com elas. Se não é a sua, diga que seu novio espera na piscina), adoram dançar e não vivem sem um Brugal, o rum mais popular por ali. Foi em uma saída do meu resort que “ensinei” a argentina Natalia e o dominicano Jean, vendedores de uma loja no shopping Palma Real, a dançar samba. Eles também tentaram me mostrar alguns passos de bachata, mas não foi dessa vez que virei expert. Punta Cana nem precisava chorar minha partida.

Um resort pra chamar de seu

Encontre o super-hotel que combina com você em Punta Cana

MAIS BARATOS

Vik Arena BlanCa – US$ 112

(www.vikhotels.com)

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É o hotel mais barato dos pacotes. Fica na ótima praia Arena Gorda, entre o Ocean Blue e o Punta Cana Princess. Tem variada carta de coquetéis, mas o frigobar só é abastecido com água. O bom é que tem um bar praticamente na areia da praia, mas peca por não ter um na piscina. Peça um dos quartos com “ocean view”: você vai ficar realmente perto do mar

Caribe Club e TropiCal PrinCess – US$ 122 e US$ 110, respectivamente

(www.princess-hotels.com)

Os dois hotéis dividem até mesmo a recepção e a área de lazer. A diferença está nos quartos, mais novos e confortáveis no Caribe Club. Dentro do complexo há uma área de mata nativa preservada e é comum ver aves circulando nas áreas sociais. As crianças adoram

Meliá Caribe Tropical – US$ 197

(www.meliacaribetropical.com)

Tem uma boa área para os pequenos. A inspiração é nos Flintstones, e o kid’s club tem programação diária até as 20 horas. Enorme, tem mais de 1 300 quartos. Para alimentar tanta gente, conta com 13 restaurantes – sendo dez à la carte e três bufês, além de 14 bares. E, se você se cansar de uma piscina, há mais nove para aproveitar

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Ocean Blue & Sand – US$ 210

(www.oceanhotels.net)

Fica na Praia de Arena Gorda, bem próximo a uma pequena área com lojinhas de artesanato (aproveitando: negocie, pechinche. O preço cai muito). Trata-se um hotel para um público mais jovem – é a parte da areia mais movimentada na região. Conta com teen’s e kid’s club, além de pista de boliche

BOM CUSTO/BENEFÍCIO

Gran Bahía Príncipe Esmeralda – US$ 222

(www.bahia-principe.com)

São quatro hotéis no complexo: Punta Cana, Bávaro, Âmbar e Esmeralda. O último é o melhor – e quem se hospeda ali pode aproveitar a área de lazer dos demais, exceto a do Âmbar, que não aceita crianças. No banheiro há uma pequena hidro. Todo mundo se encontra no Pueblo Príncipe, onde há piano-bar, teatro e disco

Now Larimar – US$ 227

(www.nowresorts.com/larimar)

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Até maio era conhecido como NH Real Arena. Você conseguirá melhores tarifas para este hotel por meio das operadoras de viagem – as diárias ainda estão em promoção de lançamento. Como é um hotel que não faz parte de nenhum complexo, tem área de lazer mais acanhada que a dos resorts propriamente ditos

Barceló Bávaro Palace Deluxe –  US$ 246

(www.barcelobavaropalacedeluxe.com)

Dá para jantar todo dia em restaurantes diferentes: são sete, todos temáticos. Isso sem contar os enormes bufês. O pequeno cassino funciona 24 horas, assim como o sports bar, que tem telão e poltronas melhores que no cinema para assistir a jogos. A piscina para crianças fica devendo

Majestic Elegance – US$ 275

(www.majestic-resorts.com)

É unanimidade: até os dominicanos acham o Majestic um dos melhores de Punta Cana. A procura é tamanha que não há vagas para julho. No mesmo complexo está o Majestic Colonial, um pouco inferior. Mesmo menor que os resortões, tem seis restaurantes e sete bares. Vale a pena pagar pela pulseirinha VIP e garantir almoço à la carte e acesso a mais quatro bares

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SOFISTICADOS

Hard Rock HoTel & Casino – US$ 413

(www.hardrockhotelpuntacana.com)

Feioso e grandalhão por fora, foi reformado recentemente para se transformar no Hard Rock Hotel (antes era um Moon Palace). É ideal para quem não quer deixar o hotel, pois fica na Praia de Macao, bem distante de qualquer agito. Tem o maior cassino de Punta Cana: são 450 máquinas caça-níqueis e 40 mesas de jogo

Paradisus Palma Real – US$ 442

(www.paradisuspalmareal.com)

Está no mesmo condomínio que o Meliá Caribe (ambos são da rede Meliá), mas o Paradisus é bem mais luxuoso. Logo na entrada do complexo está o Palma Real Shopping Village, o melhor centro de compras de Punta Cana. Nas piscinas do Paradisus, você não tem só o bar molhado: até as espreguiçadeiras são dentro d’água

Secrets Sanctuary Cap Cana – US$ 554

(www.secretsresorts.com)

Somente para adultos, o hotel fica em uma região bem distante do burburinho de Punta Cana – e o mar, ali, é ainda mais cristalino. O conforto é inegável: os roupões são de seda e há serviço de concierge 24 horas. Com praia exclusiva e cinco restaurantes, o resort é ideal para casais

Tortuga Bay – US$ 675

(www.puntacana.com)

É difícil achar local mais paradisíaco que este em Punta Cana. Além dos quartos com decoração assinada por Oscar de la Renta, os hóspedes podem fazer as refeições no restaurante Playa Blanca, localizado em uma praia de cinema. O La Yola, de comida mediterrânea, fica realmente dentro do mar

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