Até a última quarta-feira (29), o governo chinês confirmou 7.736 casos de pessoas infectadas pelo coronavírus e 170 mortes decorrentes da doença. Os novos números fazem com que o surto seja considerado pior do que a epidemia da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa), que acometeu o país entre 2002 e 2003.
Em apenas quatro dias, houve um crescimento de mais de 200% de notificações, o que preocupa autoridades de todo o mundo. Vinte países em quatro continentes já registraram ao menos um caso da doença. A maioria fica na Ásia: depois da China, a Tailândia é o país que tem mais incidências, com 14 casos confirmados.
O epicentro da doença é a cidade de Wuhan, no leste da China, onde também foi diagnosticado o primeiro registro de coronavírus no final de dezembro. Já o primeiro óbito ocorreu em 11 janeiro. Acredita-se que a propagação começou em um mercado que vendia animais silvestres ilegalmente.
Desde então, a transmissão cresceu exponencialmente e fez com que diversas companhias aéreas e países tomassem providências – incluindo o Brasil.
Coronavírus no Brasil
O primeiro alerta em terras brasileiras aconteceu no dia 22 de janeiro, em Minas Gerais. Uma mulher, que havia visitado a China recentemente, foi internada com suspeita de coronavírus, mas o caso logo foi descartado pelo Ministério da Saúde.
Alguns dias depois, uma criança brasileira que mora em Wuhan foi hospitalizada nas Filipinas, onde passava as férias. Como prevenção, seus pais também entraram em período de quarentena. Porém, na última quarta-feira (29), os testes deram negativo para o coronavírus. Uma contraprova será pedida para descartar qualquer possibilidade.
Enquanto as ocorrências aumentavam em escala global, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou avisos sonoros que estão sendo transmitidos nos aeroportos brasileiros controlados pela Infraero. O áudio, que fala sobre sintomas e formas de prevenção, já pode ser ouvido em mais de 50 locais em português, inglês e mandarim. Confira aqui.
Além disso, os funcionários de saúde e de limpeza dos aeroportos que recebem voos da China foram instruídos a ter atenção redobrada.
O Ministério da Saúde afirma que não existem ocorrências de coronavírus no Brasil, mas que nove casos estão sendo monitorados no momento: três em São Paulo, dois em Santa Catarina, um em Minas Gerais, um no Rio de Janeiro, um do Ceará e um no Paraná. O órgão público afirmou ter recebido ainda outras 34 notificações sobre possíveis infectados, mas que todas elas já foram descartadas. Veja quais são os sintomas da doença e as formas de transmissão.
Diante desse cenário, o governo aumentou o nível de alerta para o coronavírus de 1 para 2, que indica um “perigo iminente”. Caso algum caso seja confirmado, o grau será elevado para o terceiro e último nível, que indica uma “emergência em saúde pública”.
O Ministério da Saúde desaconselha idas à China, mas não as proíbe. Para o ministro Luiz Henrique Mandetta, as viagens só devem ser feitas se forem realmente necessárias.
Aeroportos e companhias aéreas
Ver passageiros e membros das companhias aéreas usando máscaras respiratórias virou uma cena comum em muitos aeroportos do mundo.
Nos Estados Unidos, 20 aeroportos medem a temperatura de passageiros que chegam da China. A prática também acontece em outros países, como Austrália, Índia, Coreia do Sul e Inglaterra. O Brasil, por ora, apenas segue com os informes sobre o coronavírus em aeroportos.
Devido às circunstâncias atuais, a maioria das companhias têm cancelado os voos com destino ou origem em Wuhan. Outras chegaram a interromper as operações para mais de uma cidade chinesa. Confira a situação das principais empresas aéreas:
Air Canada
A aérea canadense permite que os passageiros reprogramem voos para Wuhan que estavam previstos para acontecer entre 22 de janeiro e 29 de março. A nova viagem pode ser remarcada até 15 de junho de 2020. A companhia aérea também suspendeu todos os voos para Pequim e Xangai entre 30 de janeiro e 29 de fevereiro. Nesse caso, os clientes podem escolher entre receber um reembolso total ou fazer o trecho com outra companhia aérea que tenha voos disponíveis.
Air France
A companhia francesa cancelou voos com partida ou chegada a partir de Wuhan até 29 de fevereiro. Além disso, a venda de passagens aéreas para lá está momentaneamente inativa. Os voos para Pequim e Xangai estão mantidos, mas devido à baixa procura podem ser rearranjados. Há a possibilidade de remarcar a viagem ou cancelar e receber a quantia em dinheiro.
British Airways
Os voos com destino a Xangai ou Pequim foram cancelados até 29 de fevereiro de 2020. As partidas para os demais destinos da China e para Hong Kong seguem normalmente, mas os viajantes podem reprogramar ou pedir o reembolso das viagens caso desistam de viajar.
Grupo Lufthansa
A Lufthansa, a Swiss Air e a Austrian Airlines não realizarão voos para e a partir da China até 9 de fevereiro. As reservas só voltarão a estar disponíveis em março. As opções de reacomodação devem ser conversadas diretamente com as companhias aéreas.
Taiwan’s China Airlines
Os voos foram mantidos, mas a companhia parou de servir refeições e de fornecer cobertores, revistas e jornais. Para bebidas, solicitam que os passageiros tragam seus copos e garrafas de casa. Além disso, sprays desinfetantes estão sendo utilizados em voos com origem em destinos considerados de risco.
Delta, United e American Airlines
As companhias americanas apenas diminuirão os voos para a China, alegando queda na procura. A Delta vai cortar os voos semanais pela metade e oferecer opção de reembolso das passagens marcadas para o período de 24 de janeiro a 29 de fevereiro, mesmo que o voo não tenha sido cancelado. A United reduzirá sua operação na primeira semana de fevereiro, enquanto a American Airlines diminuirá as rotas para a China entre 9 de fevereiro e 27 de março. As opções para realocação ou cancelamento devem ser tratadas com as companhias.
Ural Airlines
A companhia aérea russa cancelou suas rotas para França, Alemanha e Itália, já que recebe muitos escalas vindas da China com destino à Europa.
Situação em Wuhan
A cidade de Wuhan está em uma espécie de quarentena para tentar controlar o vírus, com transporte público suspenso, comércio fechado, início das aulas adiadas, funcionários trabalhando de casa e até alguns produtos faltando nos supermercados. Com a ausência de movimentação na rua, as pessoas estão chamando Wuhan de cidade fantasma.
Algumas aeronaves ainda estão aterrissando na cidade para repatriar os cidadãos de outros países. Estados Unidos, Japão e Austrália são algumas das nações que fretaram voos para levar pessoas que estavam no epicentro do vírus de volta ao seu país de origem. Ao voltar, as pessoas são mantidas em quarentena até o governo do país obter confirmação se eles foram infectados ou não pelo coronavírus.