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Brasileiro que trabalha a distância fala da vida na Tailândia

A rotina de trabalho, as mudanças na cidade e os planos ainda incertos para o futuro por conta da atual pandemia

Por Luca Occhialini
Atualizado em 14 abr 2020, 13h15 - Publicado em 8 abr 2020, 19h34

Os nômades digitais não apenas trabalham remotamente, mas como o próprio nome sinaliza, podem exercer suas funções em qualquer lugar do mundo. Basta um bom sinal de internet, um computador e uma atividade que esteja ligada à produção de conteúdo, TI, ensino, edição de textos e por aí vai. Quem fizer uma busca rápida no Instagram, vai encontrar mais de 50 mil fotos marcadas com #nomadesdigitais.

O catarinense Matheus de Souza, de 30 anos, é um deles. O jovem está neste momento em Chiang Mai, na Tailândia, que é uma espécie de QG dos nômades por conta da boa infraestrutura da cidade e do custo de vida baixo quando comparado à Europa ou aos Estados Unidos. Formado em relações internacionais, o jovem está desde 2017 na estrada produzindo conteúdo para diversas empresas, já esteve em 22 países e contou suas experiências em um livro, Nômade Digital: um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser. Ele falou à VT sobre as mudanças em sua vida desde que as fronteiras da Tailândia foram fechadas.

Como está a situação para você aí na Tailândia?

Estou levando a sério mesmo antes de ser decretado estado de emergência, que aconteceu há mais ou menos uma semana. Por aqui, mercados e farmácias seguem funcionando e restaurantes estão abertos apenas com opções de levar a comida pra casa ou delivery. Das 22h às 5h há toque de recolher, que pode gerar multa e prisão para quem não respeitar. Aqui o pessoal leva a sério. O governo tailandês tem seguido à risca as recomendações da OMS. Desde o início de março, os estabelecimentos só deixam as pessoas entrarem após a medição de temperatura e todos os lugares possuem álcool em gel na entrada. Além disso, só podemos sair na rua utilizando máscaras.

Como a sua rotina de trabalho mudou com a pandemia?

Trabalho de forma remota desde 2017, então por enquanto tudo segue igual. Ainda não senti o impacto no meu trabalho, minha rotina é a mesma. Sigo produzindo meus conteúdos na internet, acompanhando os alunos dos meus cursos online e fazendo videochamadas com meus sócios e clientes. Não fui afetado financeiramente até agora, mas caso isso aconteça tenho uma reserva financeira. O trabalho remoto já era minha realidade antes da pandemia.

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A pandemia fez você mudar os planos?

Eu costumo ficar de 2 a 3 meses em cada país e já estava na Tailândia quando tudo começou. Nada mudou no meu planejamento do primeiro semestre e, se tudo correr bem, devo seguir para o meu próximo destino, o Vietnã. O atual estado de emergência na Tailândia e no Vietnã está previsto para acabar em 30 de abril e minha viagem está marcada para 7 de maio. Isso pode mudar, vai depender de como as coisas estarão até lá. Para o segundo semestre, ainda não tenho planos porque não dá pra prever como estará a situação das fronteiras. Só resta esperar e viver um dia de cada vez.

Você tem contato com pessoas que não seja pela internet?

Estou em isolamento, então o meu único contato por aqui é com um amigo brasileiro com quem divido apartamento.

Pensou em voltar para o Brasil?

Não. A situação no Brasil está muito pior do que aqui e voltar seria arriscado. É uma viagem longa, eu teria que pegar mais de um voo, poderia chegar no Brasil infectado e acabar infectando outras pessoas. A Tailândia tem poucos casos confirmados e menos de 30 mortes em decorrência do coronavírus [no momento da publicação, o país contava com exatas 30 mortes].

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