Uma coisa que pode acontecer nas viagens, com resultados imprevisíveis, é o surgimento de uma pessoa famosa. Um ator ou atriz de novela, jogador de futebol, apresentador de tevê, até político, etc. Imediatamente, ele será cercado por admiradores, atrás de uma foto e de um autógrafo. Pode virar um tumulto. Mas costuma ser apenas divertido. A questão é: você pede ou não a assinatura dele ou dela num folheto qualquer ou num guardanapo?
Obviamente que não defendo a histeria em torno de ídolos de barro, como a turma do Big Brother ou cantores de bandas emo. Agora, se você está com seu filho e ele vê Ronaldo, Kaká ou Rogério Ceni, você acha mesmo que há um impedimento moral em abordar aqueles caras e pedir que eles fiquem dez segundos parados para que a fotografia seja feita?
Existem lugares em que os famosos circulam com mais desenvoltura. O Rio de Janeiro, digamos. Num passeio no calçadão da Delfim Moreira ou da Atlântica pode-se topar com Chico Buarque, Madonna, Alinne Moraes e assim por diante. O carioca tem uma relação ambígua com isso. Parte deles se jacta de não se deslumbrar com celebridades. É famosa a história de Brigitte Bardot, então no auge da carreira. Ela frequentava Búzios. No começo, todo mundo achava o máximo. Na terceira vez, a conversa era: “Ih, lá vem a chata da Brigitte”. Mas também sobra no Rio aquele personagem estilo Bozó, do Chico Anysio, que “trabalha na Globo” e “conhece” todo mundo.
Se eu acho ruim pedir autógrafo? De jeito nenhum. Em alguns casos, ele transcende ao artista, à assinatura e ao momento. Quando criança, estive na pré-estreia do filme Fuga para a Vitória, de John Huston, no finado Cine Bristol, na Avenida Paulista. Pelé, que fazia um dos papéis, apareceu por lá. Meu pai perguntou se eu queria um autógrafo. Claro que sim. O velho foi até o jogador e trouxe o papel para mim. Eu o tenho até hoje, na minha gaveta, junto com outras coisas preciosas da vida.
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