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Animal!

Agências de aventura abrem seus passeios aos turistas com cães, que podem, juntos, desbravar trilhas e até descer corredeiras

Por Andrea Miramontes
Atualizado em 14 dez 2016, 12h02 - Publicado em 13 set 2011, 19h12

Praticar esportes de aventura deixou de ser privilégio de seres humanos. Hoje, cães e donos podem se divertir juntos em trilhas que beiram rios ou levam a cachoeiras, navegando em corredeiras ou suaves remansos. Pioneira na atividade, a cidade de Brotas, segundo melhor destino de ecoturismo do Brasil do Prêmio VT 2009/2010, recebe cachorros de todos os tamanhos em seus botes infláveis. O programa passou a admiti-los, sempre acompanhados dos proprietários, há três anos. Foi o labrador Téo que desbravou o Rio Jacaré-Pepira. Desde bebê, ele seguia o dono, instrutor de rafting, por todos os lugares, inclusive sobre a água. O mascote ficou tão famoso que ganhou uma foto sua, com as patas no barco, no mural da agência de turismo. “Ao ver o Téo na imagem, muitas pessoas quiseram incluir seus cães na diversão”, conta a idealizadora do projeto, Deliana Pessari, da Brotas Aventura Canoar. Depois dela, a EcoAção também começou a organizar passeios caninos no município.

No rafting de Brotas, enquanto os praticantes remam ou se preocupam em manter a guia firme, os cães se distraem com a água gelada na cara e ensaiam mergulhos no rio. Aventureiros de carteirinha, Meg e Cheddar, ambos da raça golden retriever, já desceram as corredeiras várias vezes e se dão bem com a atividade. “Sou fã de esportes radicais e, ao me acompanhar, eles encaram tudo sem medo”, conta a dona da dupla, a advogada Thalita Leme Franco, que pratica o rafting canino desde 2008. Para aqueles que nunca participaram de algo parecido, como a dálmata Maga e a vira-lata Feijuca – as minhas cadelas –, o ideal é começar com o floating. Essa modalidade prevê um percurso tranquilo para o cão se familiarizar com o bote.

Na mesma Brotas, levei as cachorras para fazer duas trilhas dentro do Recanto das Cachoeiras, uma fazenda que nos recebeu com hospitalidade e não cobrou a entrada dos pets. Embora não gostem muito, as “mocinhas” ficaram o tempo todo presas às guias, em respeito às normas. Nos passeios no rio, no entanto, as agências não costumam ceder colete salva-vidas, como faz com seus donos. Para Feijuca e Maga, desacostumadas à água, não deixei de levar. Pura precaução. Seguindo a orientação dos instrutores, os bichos estão em segurança mesmo sem o equipamento.

Em Monte Alegre do Sul, a 130 quilômetros de São Paulo, os cães embarcam nos botes para descer o Rio Camanducaia. A Radicais Natureza promove a diversão, com até três bichos por vez. “De julho a novembro são os meses de seca, os melhores para levá-los. Com o rio muito cheio, o movimento das águas muda, e o animal pode não se acostumar com a instabilidade do barco”, aconselha Mary Ângela Mazzonetto, responsável pela Radicais. Além do rafting, a agência escolta os visitantes até a Cachoeira Santo Antônio, na qual o cachorro pode se banhar com o dono.

As atividades na região começaram depois que a baiana Larissa Rios, dona da empresa especializada Turismo 4 Patas, sediada na capital paulista, testou os passeios com a golden retriever Cléo. “Na época, escolhi os trechos mais calmos do rio para navegar com ela”, diz. Larissa também costuma guiar os grupos a trilhas em Atibaia, Juquitiba, Socorro e Visconde de Mauá, entre outros destinos. “Os locais ainda estão despertando para o segmento. Em Atibaia, os pets não entram nos parques, mas há pousadas dog friendly com picadas na mata”, conta ela.

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Em Socorro, a 138 quilômetros de São Paulo, turmas de cães e donos podem embarcar na aventura chamada Water Trekking, caminhada que beira trechos do Rio do Peixe e inclui paradas para os bichos nadarem. O programa é organizado pela Turismo 4 Patas, em datas marcadas e sob reserva. Na agência local Rios de Aventura, os turistas de focinho têm atividades o ano todo, em grupos fechados – mínimo de cinco pessoas para as trilhas ou para o rafting, que só aceita cachorros de pequeno e médio porte. Em Visconde de Mauá, no Rio, os roteiros levam a cachoeiras pela mata. “Costumo conduzi-los ao Vale do Alcantilado, que tem um percurso leve e menos perigoso. Mesmo assim, evitamos ir à queda cujo acesso é mais íngreme”, afirma Larissa, da 4 Patas. Em Monte Verde, no sul de Minas, os cães passeiam pela Trilha do Pinheiro Velho, um trekking curto, de fácil acesso e cercado de árvores centenárias. Já os trajetos para o Chapéu do Bispo, o Pico do Selado e o Platô, embora liberados, não são os mais indicados. Além das fortes subidas, a altitude, ali, chega a 2083 metros.

“O limite varia conforme o perfil do cão. Há raças que gostam mais de água, como labrador e golden retriever; outras são mais fortes e aguentam melhor as subidas. Mas, se achar que o cachorro vai correr risco, não o leve”, alerta o veterinário e consultor de comportamento canino Daniel Svevo, da Cão Cidadão. O dono também deve ficar atento ao animal que puxa a coleira ou que é muito xereta, pois ele pode escorregar nas pedras ou mesmo espetar o focinho em galhos. Para evitar transtornos, avalie a trilha antes de pôr o pet na aventura. Na hora de descansar, é preciso procurar hotéis e pousadas dispostos a ceder um abrigo aos peludos, serviço geralmente cobrado. Alguns locais colocam o bicho em canis; outros, no quarto, com o proprietário. No meu caso, essa é a única opção que considero – afinal, se os levo a passear, é porque quero que não saiam do meu lado.

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