A sua câmera não é ultramoderna, não tem lentes cambiáveis nem muitos megapixels? Parabéns, você tem a melhor câmera do mundo
Há quem viaje para tirar fotos. E quem goste de tirar fotos enquanto viaja. Pertenço a este último grupo. Sempre levei fotografia a sério e por isso nunca me considerei mais que um amador. Foi nessa condição que experimentei desde as câmeras “caixotinho”, instamatics, microcâmeras, polaroids e gerações de Nikon e Canon até chegar às primeiras digitais. Minha atual é uma Nikon D80 que só me dá alegria. Nenhuma delas poderia ser considerada a melhor do mundo.
Talvez uma lista de modelos mais populares incluísse a Canon 5D Mark II ou a Nikon D3. Mas e se o conceito de melhor câmera do mundo já não fosse a clássica fórmula melhores lentes + melhor corpo, com sensor poderoso e maior ênfase em sensibilidade à luz (ISO) do que no tamanho da foto (megapixels)? Aí entraria em quadro um conceito que eu já praticava, mas que só se revelou a mim quando meu filho Rudah Poran me apresentou o livro-manifesto de Chase Jarvis (The Best Camera Is the One That’s With You).
Tenho feito mais fotos com iPhone, apesar da baixa definição dos modelos anteriores ao iPhone4. Alguns aplicativos (como o hipstamatic, que permite combinar diferentes efeitos de “lente” e “filme”, como se sua foto de dois minutos atrás tivesse sido feita nos anos 1960) podem render bons e elogiados álbuns no Facebook. Há várias comunidades no FB e no Flickr dedicadas a quem clica com os telefoninhos.
Nessa categoria “A-melhor-câmera-do-mundo-é-a-que-você-tem-agora”, os celulares em geral ocupam o topo da lista, pois estão sempre à mão. Seria o fim das máquinas com lentes cambiáveis? Nada disso. De tanto fotografar com iPhone, estou me disciplinando a levar comigo a boa e velha Nikon. Foi com ela que capturei de dentro de um carro em movimento esta plantação sob o céu, no Cerrado, em Goiás, no início de julho. Nesse caso, eu estava, literalmente, com a melhor câmera com que poderia estar naquele momento.