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A mais bela ilha

As praias, as cachoeiras, os bons ventos, a comida e os preços até bastante razoáveis de Ilhabela nas dicas de uma deslumbrada moradora

Por Rossane Costa
Atualizado em 16 dez 2016, 08h11 - Publicado em 8 jan 2013, 19h34

Viver em um paraíso é um dos privilégios da existência. Topar o tempo todo com a Mata Atlântica, os pássaros coloridos, praias de rara beleza (algumas totalmente desertas) e as 365 cachoeiras – uma para cada dia do ano, como se diz por aqui – e contar como é sem cair no clichê não é fácil. Mas é fato: tudo em Ilhabela é inacreditavelmente lindo. Assim como eu, que cheguei há oito anos, muitos dos quase 30 mil habitantes deixaram a cidade grande para ajudar a fazer de Ilhabela esse lugar tão único. A vontade de compartilhar é enorme. Sabe aquela onda de fotografar sem parar só para depois postar as imagens no Facebook para alguém querido que não está por perto ver? Acontece comigoSó o ato de chegar a Ilhabela já tem ares de rito. Cruzar a balsa desde São Sebastião é o gatilho para deixar o estresse no continente. Feito isso, comece o passeio pela Vila, que é o Centro Histórico – com wi-fi grátis em alguns pontos (mas a conexão é ruim). A região, cheia de construções antigas, como a Igreja Matriz, concluída em 1806, prima por bares como o Copacabana, cujo escondidinho de camarão é uma “coisa”. Na Praça Coronel Julião, vale conhecer a nova fonte interativa, inaugurada no mês passado, sucesso com as crianças. Dali é legal ir a pé até o Manapani para fechar a noite com um drinque pé na areia. Antes de prosseguir com as atrações, é importante dizer que há diversas opções de hospedagem – são 6 mil leitos –, desde pousadinhas até hotéis luxuosos (veja abaixo). A esta altura você deve estar ansioso pelas praias, só que, antes de mandá-lo às melhores, acho obrigatório que passe uma manhã na trilha da Cachoeira da Água Branca. São 2 quilômetros dentro do Parque Estadual de Ilhabela, num simples e belo percurso que propicia o birdwatching: são mais de 300 espécies, entre elas o tiê-sangue. Leve binóculo.Mas, claro, o grande motivo que traz visitantes a Ilhabela são os 130 quilômetros de praias. O legal é que o ônibus circular cobre todas do sul até Ponta das Canas, no norte, então carro não é fundamental por aqui, embora algumas praias só possam ser alcançadas com veículos off-road. Tem areia e mar para vários perfis. Gosto muito da Praia do Julião. O acesso é fácil por trilha de 300 metros a partir da estrada, ao sul da ilha, ou pela Praia Grande – onde fica a bela Igreja de São Benedito. Bem tranquila, reserva um barzinho delicioso, o Prainha do Julião. E, claro, adoro o Bonete, uma das dez mais belas do Brasil, segundo publicou o jornal inglês The Guardian em 2009. Passeio hippie-chique, recebe luz elétrica por meio de geradores. Para chegar lá, pegue uma trilha de quatro horas em Sepituba, sempre com um guia. Ou reduza a viagem para uma hora com um flexboat, grande barco inflável a motor que sai de Borrifos ou da Praia do Curral. O Daniel Carvalho, da Azul Marinho Tour, leva você. O Bonete tem como maior rival em beleza selvagem a Praia de Castelhanos, aonde também só se chega de 4×4 ou de barco desde o Perequê. É muito bom desembarcar e curtir a Cachoeira do Gato, um véu de água que cai de mais de 50 metros de altura. Se você está solteiro, prefira a Praia do Curral, também ao sul, onde a paquera é garantida e ainda há ducha e estacionamento. Também recomendo a da Fome e a do Jabaquara, a última ao norte com acesso de carro possível. Uma das mais intocadas, reserva uma linda lagoa no lado direito. Quem viaja com crianças tem como melhor opção a calmaria da Praia do Pinto, ao norte, onde não há ondas e a água fica longe da rua.A calmaria de Castelhanos A calmaria de CastelhanosA calmaria de Castelhanos – Foto: Rodolfo TucciAgora, nada se compara ao passeio de que me lembrei agora: a inesquecível circunavegação da ilha. É o tipo de coisa que a gente faz e fica tão feliz que quer convencer a todos que não podem viver sem ter tido essa experiência. Você entenderá o que é uma cidade com 85% de território coberto por Mata Atlântica. Verá rios desembocando no mar cristalino, mar que estoura em rochas imensas, pescadores, recôncavos. Inspiração total.Uma localidade com tanta natureza não poderia privar seus entusiastas de esportes. Consagrada como capital da vela, Ilhabela realiza sua Semana Internacional em julho. Mas não precisa ser um Robert Scheidt para velejar por aqui. A escola BL3, na Praia da Armação, ensina (R$ 185 a hora). Outra mania é o stand-up paddle: o equipamento para alugar está disponível principalmente nas praias do Portinho, do Julião e do Perequê, onde uma turma se reúne para remar junta. Se é a primeiríssima vez, procure a escola Paddle Club, do Marcelo Dias, também especializado em kitesurfe e canoa havaiana. Se a ideia é debutar no mergulho, não é preciso ter experiência para o discovery dive na Ilha das Cabras. Quer mais emoção? Até hoje não creio que desci de rapel por 60 metros na Cachoeira da Água Branca. Outra tradição esportiva ilhabelense é o rúgbi, e quem gosta da divertida brutalidade do esporte pode ver os treinos do Ilhabela Rugby Sharks nas areias do Perequê. Você pode alugar uma bike e ir pela ciclovia da orla, cujo percurso total, da rotatória da balsa até a Vila, segue 6 quilômetros com algumas partes em reforma. Por causa do dinheiro do petróleo no mar e da proximidade da Copa, mais obras acontecem: em quatro anos, a proporção de esgoto tratado subiu de 4% para 36% (deve chegar a 60% até a metade deste ano). Além disso, há investimento na ampliação do Complexo de Cais Turísticos para atender melhor à demanda de cruzeiros e desenvolver ainda mais o turismo náutico. Em novembro, uma sexta balsa começou a operar entre São Sebastião e Ilhabela, o que promete diminuir a média de espera dos carros na temporada de 51 para 45 minutos, segundo o Dersa. Bom para os 200 mil turistas esperados pela prefeitura neste verão – o mesmo número do ano passado, praticamente a ocupação máxima da ilha. Finalmente, também em novembro, surgiu um shopping, o Espaço Ardhentia, no Perequê.Em Ilhabela, a cena gastronômica não é tão cara como se imagina. Há restaurantes em conta, como os quilões Max Paladar e Cura, ambos no Perequê, que também guarda os temakis do Sushiris. Mas a grande novidade, na Vila, é a cevicheria MeGusta, da chef Renata Vanzetto, do estrelado Marakuthai. Ainda na Vila, o Cheiro Verde tem PF, e a casquinha de camarão do Viana, na praia homônima, é tradição, assim como o brunch do Hotel DPNY Beach.Por fim, Ilhabela não deve nada a São Sebastião em agito. Três baladas costumam apresentar DJs consagrados: Sea Club, no Saco da Capela, Creoula e o novíssimo Senzala, ambos na Vila. Pertinho, quem não é doente do pé pode ir à Barraca do Samba ou à região da rotatória da balsa, onde fica o novo Senhor Boteco. Quem não é do burburinho curte a Casa Aberta, no Perequê, antiquário com jazz ao vivo.Se o espaço permitisse, eu escreveria mais sobre tudo o que acontece em Ilhabela. Mas o que já falei é um bom motivo para querer sempre voltar à ilha. E tenho certeza de que uma visita sem roteiro também será memorável, pois o povo daqui faz questão de cuidar desse paraíso para que você volte sempre.. . : GUIA VT DE ILHABELA : . . Hotéis e restaurantesO DDD de Ilhabela é +12

A hospedagem mais chique é do DPNY Beach (Avenida José Pacheco do Nascimento, 7668, Praia do Curral, dpny.com.br; diárias desde R$ 720), que não aceita menores de 8 anos para começar o carpe diem logo no café da manhã. Aberto em 2011, o Abayomi (Avenida Almirante Tamandaré, 831, Itaguaçu, abayomihotel.com.br; diárias desde R$ 514) tem quartos espaçosos e agenda passeios em barco próprio. No mesmo ano, o Perequê ganhou a Pousada Vento Norte (Avenida Coronel José Vicente de Faria Lima, 148, recantosantafelicidade. com.br; diárias desde R$ 160), mais em conta. Com o nome da praia roots, a Porto Bonete (portobonete.com.br; diárias desde R$ 157) tem chuveiro aquecido. Já o exclusivo Bendita Cama & Café (Rua Manuel Silva Junior, 25, Cocaia, benditacamaecafe.com; diárias desde R$ 200) tem três quartos.

Três estabelecimentos fazem bonito na Vila: o barzinho Copacabana (Praça Coronel Julião, 47, copacabanailhabela.com.br), que tem ótimo menu do mar; o Cheiro Verde (Rua da Padroeira, 109, cheiroverdeilhabela.com.br), de cozinha variada; e o MeGusta (Avenida Pedro Paulo de Moraes, 690, megustacevicheepisco.com.br), aberto em dezembro. É a cevicheria da chef Renata Vanzetto – o ceviche com guacamole custa R$ 12 –, do estrelado Marakuthai (Avenida Força Expedicionária Brasileira, 495, Santa Tereza, ma rakuthai.com.br). Prefere pizza na areia? O Manapani (Rua Padre Bartolomeu de Gusmão, 1142, Saco da Capela, 3896-6701) prepara. Boa opção também é o Viana (Avenida Leonardo Reale, 2301, viana.com.br). Bar com MPB é o Prainha do Julião (Avenida Riachuelo, 5370, prainhadojuliao.com.br). No Perequê, economize no Max Paladar (Avenida São João, 243, maxpaladar.com.br) e no Cura (Avenida Princesa Isabel, 337, 3896-1311) e coma temakis no Sushiris (Avenida Princesa Isabel, 809, 3896-5791). Comida Italiana é no Pasta del Capitano (Avenida Pedro Paula de Moraes, 703, Saco da Capela, pastadelcapitano.com.br). Por R$ 59, você terá uma manhã de domingo única no Brunch do DPNY (dpny.com.br).

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