Desde o dia 1º de janeiro de 1959, quando os guerrilheiros de Fidel Castro tomaram Havana, o mundo tenta entender Cuba. Não é fácil. Após um mês no país, nós nos esclarecemos e nos confundimos em igual proporção. Seria Fidel um ídolo do povo ou só mais um ilustre ditador? O socialismo à cubana foi, no fim das contas, um modelo brilhante ou é um imenso fracasso? E os cubanos, estão majoritariamente felizes ou insatisfeitos? São questões complexas e controversas, mas é preciso reconhecer: difícil mesmo é não ter ao menos uma pontinha de admiração pela pequena ilha que confrontou a megapotência americana.
Se Cuba é uma porção de terra cercada de dúvidas e polêmicas por todos os lados, uma coisa é certa: se quer conhecê-la em sua essência, vá logo. A seguir, um roteiro de leste a oeste do país, passando por locais preferidos de Ernest Hemingway, uma balada na caverna, uma iniciação à Santería, a melhor praia do Caribe e muito mais.
Havana: tempo redescoberto
A porta de entrada para Cuba oferece de imediato a antecipada sensação de viagem no tempo, com seu povo vendo a vida passar na porta de casa, seus comércios pouco tocados pelo capitalismo e as antiguidades em forma de carro, que aqui aparecem em maior concentração e mais bem-conservadas do que em qualquer outro lugar da ilha.
Flanar pelo quarteto de praças coloniais de Habana Vieja é obrigatório. A mais antiga, a Plaza de Armas, recebe uma feira diária de livros e discos usados (exceto aos domingos) na qual é possível adquirir um vinil do prodígio Benny Moré em troca de óculos fajutos comprados em camelô paulistano – “Lá onde você mora pode comprar isso toda hora!”, disse-nos o vendedor.
A Plaza de la Catedral recebeu seu nome por causa da imponente San Cristóbal de La Habana, uma das mais antigas das Américas. A menos de 100 metros está o mais célebre bar do país: a Bodeguita del Medio, notoriamente frequentada pelo escritor Ernest Hemingway por ter seu mojito preferido. Mesmo abarrotada de turistas e com o famoso drinque a CUC$ 5 (CUS$ 1 equivale a US$ 1), dobro do preço encontrado nas adjacências, vale pelo folclore.
O melhor caminho para a Plaza de San Francisco de Asís é pela peatonal e recentemente restaurada Calle Mercaderes, entrando na Calle Amargura para, ironicamente, provar o dulce chocolate quente do Museo del Chocolate. Na Plaza Vieja, a microcervejaria La Factoria oferece uma bem-vinda cerveja artesanal em agradáveis mesas dispostas na rua.
A oeste, em Centro Habana, o majestoso Gran Teatro de La Habana – sede do Balé Nacional de Cuba, uma das companhias mais importantes do mundo – fica ao lado do Hotel Inglaterra, o primeiro da cidade, e do monumental Capitólio Nacional, inspirado no de Washington. Nos fundos deste, a Fábrica de Tabacos Partagás é um dos locais mais seguros para comprar charutos originais.
O Barrio Chino guarda alguns bons restaurantes na Calle Cuchillo. A poucos quarteirões se encontra o melhor daiquiri do mundo – opinião de quem vos escreve, mas também de Hemingway –, no mais que prestigiado El Floridita. Mesmo com um preço salgado, é imbatível. Foi ali, afinal, que o drinque como conhecemos foi inventado.
O Museu da Revolução, antigo Palácio Presidencial, com interior neoclássico assinado pela nova-iorquina Tiffany & Co., retrata com riqueza de detalhes o acontecimento mais marcante do país. Estão expostas a boina, a máquina fotográfica e a espingarda de Che Guevara, mas o anexo Memorial Granma guarda a relíquia mais impressionante: o iate que levou Fidel, Che e outros 80 combatentes do México a Cuba em 1956.
O bairro de Vedado abriga a Plaza de la Revolución, onde estão um grande mural com o rosto de Che Guevara e o Memorial a José Martí, o ponto mais alto da cidade, ideal para fotos panorâmicas. No mesmo bairro está o luxuoso Hotel Nacional, local de onde Fidel administrou a Crise dos Mísseis em 1962. Se não quiser gastar muito na diária salgada, não deixe de tomar um drinque no Salón de la Fama.
O hotel está situado no Malecón, calçadão à beira-mar símbolo de Havana, de onde todas as tribos apreciam o melhor pôr do sol da cidade. Perto dele está também o Callejón de Hamel, rua cheia de esculturas e murais coloridos onde os tambores de santería rufam com rumba aos domingos.
O Vedado conta ainda com a Universidad de la Habana, de 1782, impondo nobreza no topo de uma colina e, a 500 metros dali, a sede original da Coppelia, sorveteria popular encontrada pelo país todo, onde filas são formadas para generosas – e ridiculamente baratas – bolas de sorvete. O bairro é também a melhor opção para explorar a noite, com muitos restaurantes, bares e casas de shows. O destaque vai para o clube de jazz La Zorra y El Cuervo – boa alternativa ao superfaturado e distante cabaré Tropicana.
Se é para se afastar dos pontos turísticos, que seja para conhecer a joia clandestina de Havana, no periférico e sonolento bairro de Jaimanitas: a Fusterlândia. Lá, com milhares de mosaicos de azulejos, o artista José Fuster transformou sua casa – e boa parte do bairro – em um museu a céu aberto. Pouco divulgada por causa da distância, a casa do Gaudí caribenho é imperdível.
Viñales: delírio tropical
Cinco minutos após a chegada, percebe-se que Viñales se resume a uma rua. A atmosfera bucólica, no entanto, faz com que o destino seja citado como obrigatório por nove entre dez cubanos. É nos arredores da cidade que ela se destaca – e, usando um ônibus hop-on-hop-off, é possível conhecer a maioria de suas atrações.
Entre elas está a Cueva del Indio, caverna explorada metade a pé, metade num barco que percorre um rio subterrâneo; o Mural de la Prehistoria, parede de 120 metros idealizada em 1961 por Leovigildo González Morillo, artista mexicano seguidor de Diego Rivera, com pinturas que simbolizam a teoria da evolução de forma psicodélica; a Casa del Veguero, plantação de tabaco onde é possível aprender sobre a produção de charutos (a região é considerada a melhor do mundo para o cultivo da planta); e os hotéis La Ermita e Los Jazmines, com suas vistas privilegiadas do vale.
Uma tarde interessante pode ser investida no Jardin Botânico de Caridad, cultivado ao longo de décadas pelas irmãs Caridad e Carmen Miranda, com dezenas de plantas nativas ou surpreendentemente exóticas para o habitat cubano. Ao fim do passeio, vale experimentar um dos sucos naturais oferecidos pelo bar da casa.
Varadero: rainha dos resorts
Enquanto candidatas a “nova Varadero” pipocam pelo país, a original segue mantendo a exclusividade de seus glamourosos resorts ao mesmo tempo que se torna mais acessível para um público menos endinheirado. Até poucos anos atrás, as casas particulares eram proibidas nos cerca de 20 quilômetros da Península de Hicacos.
Hoje a restrição persiste na parte leste, dominada pelos resorts, mas foi abolida na parte oeste, permitindo a popularização da região inclusive entre os cubanos. E o melhor: com poucos pesos cubanos, você compra uma passagem no ônibus hop-on-hop-off que atende a quase 50 pontos, incluindo as praias dos hotéis mais luxuosos.
Varadero oferece, além da pompa dos hotéis, diversas opções de aventura e lazer, como casas noturnas, restaurantes, campos de golfe, paraquedismo e kitesurfe. No extremo da península, a agência Varadero Yacht Charter aluga iates, veleiros e catamarãs. Em meio a tanto luxo há pelo menos uma atração escondida para aqueles com espírito arqueológico. Trata-se da Cueva de Ambrosio, caverna na qual foram descobertas, em 1961, 47 pinturas pré-colombianas, que dividem as galerias escuras com milhares de morcegos. Interessante para quem aprecia arte rupestre – e altamente não recomendado para claustrofóbicos em geral.
Playa Girón e Playa Larga: Baía dos Porcos
Apesar de pequenas, as praias Girón e Larga, na Baía dos Porcos, têm importância histórica local por terem sido, em 1961, palco da vitória contra os americanos, quando estes pretendiam infiltrar exilados cubanos para lutar contra o regime de Fidel Castro. Hoje, apesar da existência de um pequeno museu sobre a batalha, o principal motivo para visitar Girón é o mergulho, que está entre os mais baratos do país. Um ônibus sai diariamente do Centro Internacional de Buceo, ao lado do Hotel Playa Girón, para uma das 12 áreas de mergulho da baía, repletas de corais e cardumes.
Uma opção mais tranquila é a Caleta Buena, enseada onde as rochas barram o mar e formam uma piscina natural perfeita para snorkeling ou para relaxar. O lugar conta ainda com uma estrutura de cadeiras, guarda-sóis, bufê e open bar com preços por pessoa.
A 35 quilômetros rumo ao norte, a minúscula Playa Larga oferece mergulhos nas mesmas áreas da Baía dos Porcos, mas seu principal destaque é a proximidade com o Parque Nacional Ciénaga de Zapata, a maior região pantanosa da ilha, com um ecossistema que abrange centenas de espécies de aves, répteis e invertebrados. Os visitantes frequentam a região buscando visões privilegiadas especialmente de crocodilos e flamingos – entre os meses de dezembro e abril, com um pouco de sorte é possível observar 10 mil dessas aves reunidas de uma só vez!
Santa Clara e Cayerías del Norte: Che, drags e daiquiri
Che Guevara não nasceu nem morreu em Santa Clara, mas é lá que estão seus restos mortais. Foi na cidade que ele liderou o ataque considerado decisivo para a vitória da Revolução Cubana, ao descarrilar, em dezembro de 1958, um trem com armas, munição e soldados a serviço do ditador e então presidente Fulgêncio Batista. O trem continua ali, transformado em museu, com alguns dos vagões expondo objetos remanescentes do episódio.
A 2 quilômetros está o principal atrativo: o mausoléu de Che. O memorial é guardado por sua imponente estátua de bronze e uma chama eterna acesa por Fidel Castro em 1997, quando os restos mortais de Che e de outros guerrilheiros foram encontrados; na Bolívia, 30 anos após sua morte.
Entre os pontos turísticos há ainda a Loma del Capiro, colina de onde Che traçou sua estratégia para o ataque ao trem – e a melhor vista da cidade. Como a subida é íngreme, uma boa ideia é pagar por um bicitáxi ou por uma carona em uma carroça puxada a cavalo.
Santa Clara é também sede da segunda maior universidade de Cuba, com cerca de 4 mil alunos. Sua população jovem se concentra à noite em baladas como o Club Mejunje, com diferentes ritmos musicais a cada dia da semana. Aos sábados acontece um famoso e imperdível show de drag queens.
Após a maratona de história revolucionária, a dica é desviar rumo às praias das Cayerías del Norte, pequenas ilhas ligadas ao continente pelo pedraplén, estrada de 48 quilômetros construída sobre o mar. Os cayos Las Brujas e Santa María são acessíveis apenas de carro, e, com pouco tempo, o jeito é negociar com um taxista um pacote com valor fixo para o dia, incluindo a espera. O hotel Villa Las Brujas oferece day-use, consumíveis no restaurante. Boa oportunidade de tomar um (ou mais de um) daiquiri.
Trinidad: morrer de amores
Salpicada de coloridas casinhas coloniais, lojas de artesanato, bares e cafés por entre suas ruas de paralelepípedos em leves subidas e descidas, Trinidad tem um charme pitoresco à la Paraty. Em sua área central, a cidade é povoada em profusão por prédios históricos como a Igreja da Santíssima Trindade, a Igreja de São Francisco de Assis, o Museu Romântico e o Museu de História Municipal, todos distribuídos ao redor da Plaza Mayor. Uma caminhada de 200 metros leva à Taberna La Canchánchara, criadora do drinque de mesmo nome, feito com aguardente, mel e suco de limão – surpreendentemente leve e agradável ao paladar.
À noite, a cidade oferece versões mais animadas do que a média do país, como a Casa de la Música e a Casa de la Trova, e pelo menos uma opção pra lá de inusitada: a Disco Ayala, balada construída no interior de uma caverna cujo bar e pista só são alcançados após a descida de muitos degraus rumo ao interior da Terra.
Declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco em 1988, a cidade também coleciona atrações em seus arredores. É o caso da Playa Ancón, uma das mais belas da costa sul da ilha (embora não se compare às do norte), a 12 quilômetros do Centro, e do Valle de los Ingenios, onde ficavam os campos açucareiros responsáveis pela época de bonança, com destaque para a Torre Manaca Iznaga, de mais de 40 metros de altura e com a melhor vista do vale. Trinidad também serve de base para quem visita o Parque Natural Topes de Collantes – com trilhas, cachoeiras e uma incrível variedade de espécies endêmicas de orquídeas.
Cayo Coco e Cayo Guillermo: o efeito Pilar
Foi bem no meio da viagem que a vislumbramos. Areias brancas de grãos finos como pó, um mar turquesa cintilante, translúcido, uma água morna na qual se pode andar durante o que parece uma eternidade sem que passe da altura do tronco, um dos maiores recifes de coral do mundo, nem um hotel ou quiosque à vista, praticamente inabitada… Palavras não parecem fazer jus a seus encantos. Houve algumas antes, outras depois, mas todas perderam um pouco de seu brilho após conhecermos a Pilar.
A praia, frequentemente apontada como a melhor do Caribe (e a preferida de Hemingway – leva o nome, inclusive, de seu barco), fica na ponta extrema do Cayo Guillermo, a noroeste do Cayo Coco. Ambas as ilhotas são ligadas ao país desde 1988 por uma estreita estrada de 27 quilômetros construída em cima do mar. Ali fica o Iberostar Grand Trinidad, resort com 482 quartos, cinco piscinas e quatro restaurantes.
No Cayo Coco, por outro lado, a indústria hoteleira existe há mais de 20 anos e há diversos resorts, mas nenhuma casa particular, por serem proibidas. Alguns hotéis oferecem a opção de day-use. Não há transporte público que leve até os cayos, mas, uma vez lá, há um ônibus hop-on-hop-off que faz o trajeto entre todos os hotéis (e praias – inclusive a Pilar).
A cidade-base para a maioria dos turistas que não chegam ali de avião é Morón. Procure pelo Alojamiento Maité, uma das casas particulares mais agradáveis e profissionais de Cuba, e pelo restaurante La Atarraya, no meio da Laguna de Leche.
Camagüey, Holguín e Guardalavaca: rumo ao oriente
Turistas mais apressados podem ir de avião direto de Havana a Santiago de Cuba e, assim, conhecer as duas maiores cidades da ilha. Porém, para quem tem tempo, o meio do país guarda surpresas que justificam a road trip.
À primeira vista Camagüey talvez não pareça ser uma delas. Terceira maior cidade da ilha, costuma ser reduzida pelos guias de viagem à exótica formação de suas ruas labirínticas. Em nossa passagem, no entanto, o destaque foi a efusiva cena artística, sobretudo na Plaza de San Juan de Dios, onde galerias de arte exibem notáveis obras locais que vão de pinturas inspiradas em aborígenes a complexas esculturas interativas.
Em Holguín, a principal atração é a Loma de la Cruz, colina acessível por uma subida de 465 degraus de onde se tem uma visão aérea da cidade. De lá, apenas uma hora de viagem separa o turista de Guardalavaca, concorrente de Varadero com belíssimas praias, como a Pesquero. A cidade atrai também interessados em história, com o Museu Chorro de Maita, onde uma escavação revela os impressionantes restos de um cemitério indígena com dezenas de esqueletos visíveis.
Para nós, o miolo de Cuba revelou, também, muito sobre seu povo. Em uma modesta casinha na qual paramos para consertar o zíper de uma bolsa, em Holguín, deparamos com um senhor citando Frei Beto para um interlocutor. Ele falava da revolução espiritual acima da material e de como as necessidades básicas não são nem direitos humanos, mas animais. Ao descobrirem nossa origem, ambos mostraram saber mais da política brasileira do que muitos de nossos conhecidos. A vasta cultura do povo cubano não falhou em nos impressionar.
Santiago de Cuba: rebeldia
Uma distância vertical de apenas cinco andares é o suficiente para acalmar o estado de espírito de quem visita Santiago de Cuba: no terraço do quinto andar do Hotel Casa Granda, à hora do crepúsculo, a tranquilidade predomina. O acesso é barato e pode ser acompanhado de mojitos, daiquiris e refeições que vão de hambúrgueres a pratos de frutos do mar.
É só voltar ao térreo, no entanto, que a realidade santiaguera dá as caras no Parque Céspedes, o coração da cidade. Comum em todo o país, o assédio dos jineteros aos turistas tem aqui seu ápice, seja vendendo produtos de procedência duvidosa, ofertando informações em troca de dinheiro ou oferecendo serviços de prostituição (nada disso é acintoso, vale destacar; aliás, a sensação de segurança no país é algo notável e os índices de violência são mínimos). Some a isso o barulho e a fumaça das motocicletas, e o viajante se vê envolto num caos urbano ao qual já tinha se desacostumado após alguns dias visitando o centro do país.
A “capital do Oriente” é a terra natal de Emilio Bacardi, escritor e prefeito que criou a fábrica de rum que leva seu sobrenome e é protagonista no Museo del Ron. Duas das principais atrações ficam mais afastadas: o Castillo del Morro, forte construído no século 17 para proteger a cidade de um ataque naval (e excelente local para assistir ao cair do sol), e a Basílica del Cobre, popular entre os fiéis e visitada em 2015 pelo papa Francisco.
Ao lado do quartel-general de Moncada está um dos melhores restaurantes da cidade, o El Barracón, com temática da santería (o equivalente nacional do candomblé). O cordeiro e a limonada são ótimas opções para compensar a longa caminhada até lá. Sendo uma das cidades mais fortes na tradição santera em Cuba, aproveitamos para perguntar sobre a religião a um garçom. Na mesma noite, um velho conhecido seu jogava búzios e via nossos caminhos. No mínimo uma interessante experiência antropológica.
Baracoa: Guantanamera!
Enquanto colocávamos timidamente um pé à frente do outro, destemidas crianças passavam velozes em suas bicicletas pela oscilante ponte de madeira sobre o Rio Miel. A luz do fim de tarde destacava a silhueta dos pescadores e suas redes, e ao fundo se via o inconfundível perfil do El Yunque, a montanha de cume achatado que paira 500 metros acima, uma das principais atrações de Baracoa. Nosso destino era a isolada Playa Blanca, aonde chegamos meia hora depois, ainda absortos pela infinidade de palmeiras condensadas nas montanhas e adoráveis cabritos alpinistas.
Localizada no extremo oriente da ilha, isolada pela floresta até 1965, a primeira cidade de Cuba é ainda pouco explorada pelos turistas – o que a torna mais sedutora. Além do El Yunque – com 8 quilômetros até o topo, um rito de passagem em Baracoa –, a localidade litorânea é célebre pela saborosa e inovadora gastronomia.
Bom exemplo disso são os pratos do restaurante La Punta, ambientado em um simpático forte espanhol de 1803, como o criativo peixe cozido no chocolate (Baracoa fornece 70% da produção nacional de cacau). A cerca de 30 quilômetros da cidade está a Boca de Yumurí, um cânion de imensos paredões cortado por um fotogênico rio de água verde-musgo.
A 2 horas de carro de Baracoa está a cidade que dá nome à província (e à infame prisão localizada na base naval americana). “O que vocês vieram fazer em Guantánamo?”, nos perguntou um barman. Não há de fato uma atração turística que justifique a parada no lugar. Mas, se a ideia é ver a vida em Cuba sem intervenções externas, vale conhecer. E, se não por isso, que seja pelas animadas noches guantanameras nas ruas aos sábados.
A tríade alugar quartos, preparar refeições e oferecer serviço de táxi para turistas é a forma que os cubanos encontraram de complementar a renda. É comum que os moradores recebam seus hóspedes com uma cuba libre na mão e uma simpatia contagiante. O turismo é a atividade econômica que mais cresce no país.
Ficar na casa de uma família é uma das maneiras mais interessantes de conhecer o país. As residências que recebem turistas, apesar de muitas com fachada caindo aos pedaços, costumam ser fiscalizadas pelo governo e ter um padrão: quartos com chave, ar-condicionado, banheiro privativo, toalhas e roupa de cama. Os sites casaparticularcuba.org, mycasaparticular.com e tripadvisor.com.br trazem muitas opções.
Apesar da melhora no acesso à internet nos últimos anos, ainda não é possível se arriscar a depender dela para navegação ou para traçar rotas. Por isso, uma boa opção para quem prefere a tecnologia aos mapas físicos é fazer o download, antes de viajar, de um app de navegação offline no smartphone. O Galileo (galileo-app.com), por exemplo, é uma solução salvadora.
Guia VT
Havana : Ficar e comer
Em Habana Vieja, um dos destaques é o renovado Hotel Ambos Mundos. No bairro de Vedado, o Hostal Marqués de Liz tem quartos modernos. O Jardin del Oriente (Calle Amargura, entre Oficios e Mercaderes) oferece tapas e pratos tradicionais, enquanto o La Imprenta (Mercaderes, 208) serve pratos mais elaborados.
Viñales: Ficar e comer
O Horizontes Los Jazmines tem piscina com ótima vista. No Centro, a Casa Papo y Niulvys (papoyniulvys.alwaysdata.net) é opção entre as casas particulares. O Paladar La Cuenca (Salvador Cisneros, 97) tem menu que varia de massas e risotos a hambúrgueres.
Varadero: Ficar e comer
São dezenas de opções com diferentes níveis de luxo, como o Royalton Hicacos Resort & Spa , o Iberostar Varadero e o Mansión Xanadú. Frutos do mar são servidos no Waco’s Club (Avenida 3RA) e no Varadero 60 (Calle 60).
Santa Clara: Ficar
A 5 minutos a pé do Parque Vidal, a Casa Vivian & José Rivero (Maceo, 64) é uma opção agradável numa residência de 1908.
Playas Girón e Larga: Ficar e comer
Em Girón, o Hotel Playa Giron fica de frente para a praia e ao lado do centro de mergulho. Já na Playa Larga, uma das melhores opções é a Casa Frank; na mesma rua e com os mesmos donos, a Villa Plata Tropical serve refeições 24 horas.
Trinidad: Ficar e comer
A oferta de casas particulares é vasta, como a Brisas de Alameda e o Hostal Amaro y Yamira. O Club Amigo Costasur fica de frente para a Playa Ancón. A Casa de la Música serve refeições de dia e à noite recebe shows. No San Jose (Maceo, 382), prove a pizza de lagosta.
Cayo Coco e Cayo Guillermo: Ficar e comer
Todas as hospedagens nos cayos são all-inclusive, como o Tryp Cayo Coco, o Sol Cayo Coco, o Meliá Cayo Coco e o Iberostar Playa Pilar.
Camagüey: Ficar e comer
Entre as casas particulares, invista na Casa Caridad. A Plaza San Juan de Dios abriga os restaurantes La Campana de Toledo, 1800 e Parador de los Tres Reyes.
Santiago de Cuba: Ficar
Em frente ao Parque Céspedes, o Hotel Casa Granda está no Casco Histórico, enquanto o mais moderno Meliá fica mais afastado. Para comer frutos do mar, vá à Casa de la Música (Corona, 564). O El Barracón (Avenida Victoriano Garzon) vale pelo cordeiro.
Baracoa: Ficar e comer
O hotel mais famoso é o El Castillo, e o hit do La Punta (Fuerte de la Punta) é o peixe cozido com chocolate.
Quando ir
De novembro a março o tempo é mais seco. A época de furacões vai de junho a novembro.
Dinheiro
O CUC$ é atrelado ao dólar (CUC$ 1 = US$ 1), que é sobretaxado entre 10% e 15% na conversão, o que não acontece com o euro e o dólar canadense, mais vantajosos. Raros lugares aceitam cartões.
Língua
Espanhol.
Comunicação
Há wi-fi nas principais praças (compre cartões da ETECSA) e cartões para ligações internacionais.
Documentos
Passaporte com validade de seis meses e visto de turista, que pode ser obtido no consulado de Cuba, em São Paulo, ou em agências de turismo.
Saúde
É exigido comprovante de vacina contra febre amarela.
Como se deslocar pelo país
A melhor opção para se deslocar é com a Viazul, única empresa de ônibus disponível para turistas, com preços honestos, conforto razoável e boa pontualidade. Há, porém, um desafio: a dificuldade de conseguir informações. A dica é pesquisar horários antecipadamente ou fotografar, nos terminais, os cartazes com horários e preços. Os táxis são baratos. Mais econômico ainda é andar nos colectivos, táxis compartilhados, ideais para se locomover entre cidades e que são facilmente encontrados do lado de fora das rodoviárias.