Continua após publicidade

48 horas em Manaus

Conheça imponentes construções do ciclo da borracha construídas no século 19 e no início do século 20 e aprecie a culinária regional na capital do Amazonas

Por Kátia Arima, de Manaus; Fotos: Carolina Mitsuka
Atualizado em 14 jul 2021, 13h47 - Publicado em 27 mar 2012, 22h28

É bom que o visitante de primeira viagem saiba: apesar de ser uma das principais portas de entrada da Amazônia, Manaus é um centro urbano agitado, bem diferente do ambiente bucólico da floresta. A cidade é um polo industrial com ritmo intenso, muita gente, concreto e trânsito de veículos. Mas a floresta está lá, marcante na personalidade da cidade, nas frutas e peixes que caracterizam fortemente a culinária local, na riqueza do ciclo da borracha, que permitiu erguer o patrimônio histórico no século 19 e 20, nos traços indígenas de boa parte da população, nas chuvas torrenciais. Animado para desvendar o melhor de Manaus? Então, siga nosso roteiro!

Dia 1: Comece o seu dia no centro, para conhecer construções de um importante período da história brasileira, o ciclo da borracha, que trouxe muita riqueza para a região no século 19 e início do século 20. O famoso Teatro Amazonas é um bom ponto de partida. Inaugurado em 1896, tem arquitetura de inspiração europeia – a maioria dos materiais utilizados na construção, inclusive, foi trazida de países como França e Inglaterra. Sua cúpula construída com 33 mil peças de cerâmica, porém, tem as cores da bandeira brasileira. A entrada ao teatro é paga, com direito a uma visita guiada, que passa pela plateia, camarotes e outros ambientes. Um dos pontos altos é o suntuoso Salão Nobre, com pinturas do italiano Domenico de Angeli.

Em frente ao Teatro Amazonas está a agradável Praça de São Sebastião. Logo se nota que o desenho da calçada é familiar: o desenho feito com ladrilhos portugueses inspirou a famosa calçada da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Se no Rio lembra as ondas do mar, em Manaus a associação é com o encontro das águas do Rio Negro e do Rio Solimões. Se estiver com fome ou precisar dar uma pausa, aqui é uma boa opção. Você pode simplesmente descansar nos bancos da praça, sob a sombra das árvores, tomar um sorvete de frutas regionais na Glacial ou comer um x-caboclinho na Casa da Pamonha. Se você voltar à tarde, pode tomar uma cerveja gelada nas mesinhas na calçada do Bar do Armando ou experimentar um tacacá, sopa típica da região, na barraca da Gisela.

Na praça você também encontrará duas boas lojas de artesanato, a Ecoshop e a Galeria Amazônica, onde você pode encontrar cestos, vaso, colares e outros produtos feitos pela população local, moradores de comunidades ribeirinhas e indígenas. O preço é mais alto, mas as lojas são organizadas e têm ar-condicionado. Para conseguir artesanato a preços mais baixos, vá ao Mercado Municipal. O passeio ao Mercado Municipal pode ser um caso de amor ou ódio, tudo depende dos seus interesses. Quem gosta de cozinhar e de conhecer ingredientes regionais, vai se divertir. Lá também é um bom lugar para comprar artesanato a bom preço, como já foi dito, e guloseimas para levar na mala para amigos e familiares. Se resolver encarar a visita, não espere muita organização, escolha um calçado confortável (evite aquele tênis novinho em folha, pois vai sujá-lo) e não carregue objetos de valor. As barracas não estão todas reunidas em um só galpão, há áreas diferentes para visitar – não deixe de dar uma passada na Feira da Banana, para se admirar com os cachos gigantes de banana-pacová (também conhecidas como banana-da-terra), a preço de banana, claro.

Continua após a publicidade

Depois de muito bater perna, é hora de um jantar digno. Para experimentar os saborosos peixes da bacia Amazônica, há boas casas especializadas como o Canto da Peixada, o Waku Sese e o Banzeiro. Se preferir um ambiente mais arrumadinho, você pode ir ao Shopping Manauara, que tem bons restaurantes, com a Cachaçaria do Dedé. Experimente receitas consagradas como a costela de tambaqui ou o pirarucu de casaca. Para finalizar, fique com a clássica sobremesa local, a mousse de cupuaçu.

Dia 2: Caso sua visita a Manaus não esteja conjugada com uma estada em um hotel de selva, deixe programado para o segundo dia um passeio de barco para conhecer o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, de cores e temperatura diferentes. Ao navegar por rios tão caudalosos, você terá uma nova dimensão da natureza. Os passeios geralmente saem às 9 horas e retornam às 16 horas (Amazon Explorer tel.: 92/3232-2052; Fon Tour (tel.: 92/3658-3052). Se você preferir ficar em terra firme ou deixar o passeio de barco para depois, a nossa sugestão é uma visita ao organizado Palacete Provincial, antiga sede da Polícia do estado que atualmente reúne cinco museus: a Pinacoteca do Estado, o Museu de Imagem e do Som (Misam), o Museu de Numismática Bernardo Ramos (exposição de moedas, medalhas, cédulas etc), o Museu Tiradentes e o Museu de Arqueologia. As exposições ajudam a ter um panorama da produção dos artistas locais – na pinacoteca, a maioria dos quadros é de pintores amazônicos, como Moacir Andrade, nascido em Manaus.

Dentro do Palacete Provincial está o Café do Pina, mas prefira o quiosque que fica em frente ao prédio, na praça Heliodoro Balbi, conhecida também como Praça da Polícia. É um lugar tranquilo, com chafariz e coreto, para descansar e tomar um refrescante guaraná.Recarregou as energias? Caminhe alguns quarteirões até o Palácio Rio Negro. Aqui, você também não vai pagar para entrar e poderá conhecer uma preservada casa de um barão da borracha, construída em 1903, que em 1918 virou sede do governo estadual. Após apreciar a mobília e os ambientes que foram conservados e conhecer as exposições temporárias, aproveite a brisa da sacada na andar superior, de frente para o jardim.Para um almoço arejado, vá para a Peixaria Moronguêtá. O ambiente é simples e a corrida de táxi do centro até a Vila da Felicidade, no Porto do Ceasa, é cara. Mas os peixes servidos lá são frescos e na época da seca é possível ver o encontro das águas sem ter de subir no barco.Passar o fim da tarde na praia de Ponta Negra é agradável, mas saiba que a área está em construção. Há gente que se reúne para passear no trecho do calçadão que foi recentemente reformado, onde há barraca de açaí e tacacá. A praia, porém, está temporariamente interditada.

À noite, informe-se sobre os ensaios dos bois-bumbás de Parintins em Manaus. A temporada de ensaios foi inaugurada no sábado (24) e se estende até junho, quando acontece o Festival Folclórico de Parintins, na cidade que fica a cerca de 300 quilômetros da capital do Amazonas. Entre no espírito da competição acirrada entre Caprichoso e Garantido, grupos que são defendidos pela população local com o fervor de um clássico de futebol. Quem estiver na cidade em abril ou maio pode tentar conseguir um ingresso do Festival de Ópera de Manaus e viver uma noite como um elegante barão da borracha.

Publicidade