23 lugares para conhecer antes de eles morrerem

Destinos e patrimônios que, pelo aquecimento global e outras ameaças, podem desaparecer mais rápido do que você imagina

Por Julia Gouveia (edição)
Atualizado em 29 abr 2022, 13h41 - Publicado em 13 set 2011, 17h38

Os efeitos danosos do aquecimento global não são consensuais entre cientistas e meteorologistas. Mas, mesmo que o sertão do Cariri não vire mar nem a Amazônia savana, há lugares que podem, neste século, perder todo o interesse turístico – quando não desaparecer por completo. Caso das Ilhas Maldivas e do Arquipélago de Tuvalu. Alguns da lista a seguir têm seus patrimônios naturais ou históricos sob ameaça, como os gorilas do Congo e as ruínas incas de Machu Picchu. A VT baseou-se nas listas da ONG Co+Life, feita de acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, do World Monuments Fund e do relatório de patrimônios em risco da Unesco.

1. Ilhas Maldivas

Destino de sonho, o arquipélago com mais de mil ilhas tem praias de areia branquinha e mar azul. Um Caribe no Oceano Índico. Problema: 80% das Maldivas estão apenas 1 metro acima do nível do mar. O país está afundando e pode desaparecer em 100 anos. O presidente Mohamed Nasheed criou uma espécie de poupança nacional para financiar o êxodo da própria população.

2. Recife

A capital pernambucana é um dos principais destinos turísticos do país – recebe cerca de 3 milhões de visitantes por ano. Mas a cidade conquistou o 18º lugar em um ranking preocupante: a lista dos 100 lugares que podem desaparecer da ONG Co+Life. Recife e seu entorno sofrem com o próprio tamanho – é a sexta região metropolitana mais populosa do Brasil, com quase 4 milhões de habitantes – e com sua condição geográfica: junto ao Atlântico e na foz dos rios Capibaribe e Beberibe.

3. Templo Phajoding

Encravado em uma montanha do Butão a 3 650 metros de altura, o templo sempre foi refúgio de monges. Com o crescimento no número de turistas (cerca de 20% ao ano) no país, as estruturas do templo estão ficando comprometidas – e a paz dos monges também.

4. Floresta Amazônica

O desmatamento é um dos inimigos dessa que é a maior floresta tropical do mundo. Nos últimos 30 anos cerca de 966 mil quilômetros quadrados de área verde sumiram. Embora controversa, a previsão de que trechos da Amazônia poderão se tornar savanas é chocante.

5. Monte al-Makmal

Próximo ao Monte al-Makmal, no norte do Líbano, encontra-se a última reserva de floresta de cedro, a árvore-símbolo do país. Entre os 375 exemplares, pelo menos 12 têm mais de mil anos. Além do tempo, os cedros passaram a ter mais um inimigo: a aridez da região.

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6. Tuvalu

Com nove ilhas, a nação de Tuvalu fica isolada em pleno Pacífico. O pequeno arquipélago sofre com o mesmo problema das Ilhas Maldivas: a maior parte do território do país fica apenas 1 metro acima do nível do mar. Com isso, as águas estão engolindo Tuvalu pouco a pouco.

7. Naukluft

Park No Deserto da Namíbia ficam as maiores dunas migratórias do mundo – os paredões de areia chegam a 300 metros de altura. Mas as alterações climáticas devem aumentar as correntes de ar vindas do mar, o que pode acelerar o deslocamento das dunas, ameaçando a vegetação e a fauna da região.

8. Plataforma de Gelo Ross

Na Península Antártica, a Ross é a maior plataforma de gelo do mundo – tem quase o mesmo tamanho da França. O medo dos cientistas é de que o paredão branco derreta num futuro não tão distante, o que aumentaria o nível dos oceanos em 5 metros.

9. Kilimanjaro

Trata-se de um dos ícones da degradação ambiental. Além de ser o pico mais alto da África (com quase 6 mil metros), o Kilimanjaro, que fica na Tanzânia, tornou-se famoso por sua neve eterna. Bem, é melhor mudar a expressão. Acredita-se que em dez anos o topo da montanha já não tenha mais gelo algum.

10. Virunga National Park

A floresta do Congo, onde vivem cerca de 200 gorilas-das-montanhas, espécie em risco de extinção, virou esconderijo dos refugiados da guerra de Ruanda em 1994. Desmatamento e caça ilegal são apenas alguns dos problemas do parque.

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11. Tóquio

Uma das capitais do mundo, Tóquio sofre com as ilhas de calor. A situação só tende a piorar com o aquecimento global: nos últimos 100 anos, os termômetros na capital japonesa aumentaram cinco vezes mais rápido que a média mundial.

12. Galápagos

Foi nessa ilha do Equador que, há 150 anos, o cientista Charles Darwin criou a Teoria da Evolução. Porém, o turismo em massa e o crescimento da população local põem em risco cerca de 5 mil espécies animais.

13. Veneza

A cidade italiana transborda beleza e, muitas vezes, algo mais fétido. De qualquer forma, Veneza está afundando – em 100 anos 20 centímetros foram para debaixo d’água. O aumento no nível do mar tem agravado a situação e acelerado o desgaste dos edifícios, mas as estruturas que sustentam a cidade também estão danificadas. As inundações, por consequência, tornaram-se mais frequentes. Um ambicioso projeto de comportas para conter a água do mar está previsto para 2014.

14. Santuário Manas

Aos pés do Himalaia, na Índia, o santuário é a casa de diversas espécies animais – muitas delas em extinção, como o elefante indiano. Mas, desde 1992, quando militantes da tribo Bodo invadiram a área, o Manas entrou na lista dos patrimônios em risco da Unesco.

15. Sagrada Família

A igreja jamais concluída projetada por Antoni Gaudí, em Barcelona, está em risco desde que foi aprovado o projeto para a construção de um túnel por onde irá passar um trem de alta velocidade – bem embaixo de sua fachada principal. Se levado adiante, há chance de comprometer a já frágil estrutura do templo, iniciado em 1882.

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16. Machu Picchu

No topo de um vale, Machu Picchu fica em um lugar delicado. Este sítio arqueológico, Patrimônio Histórico da Humanidade desde 1983, tem sofrido vários problemas, como deterioração das ruínas e deslizamentos de terra. Com o grande fluxo de turistas, torna-se real a possibilidade de que a cidade desmorone montanha abaixo. Desde 2004, há um limite de 2 500 visitantes por dia.

17. Cidade Antiga de Jerusalém

Os conflitos entre palestinos e israelenses ameaçam o local sagrado para judeus, muçulmanos e cristãos, as três maiores religiões monoteístas do mundo. A cidade possui um rico patrimônio histórico, como o Domo da Rocha, do século 7, que sofre com a falta de conservação.

18. Big Sur

Na costa da Califórnia, o trecho à beira-mar da Big Sur, entre San Francisco e Los Angeles, é considerado uma das estradas mais bonitas do país. No entanto, a região tem sido alvo de fortes ondas de calor e de seca. Essa mudança tem elevado o número de queimadas, o que acaba destruindo o ecossistema local.

19. Grande Barreira de Corais

De tão grande a Barreira de Corais é visível até do espaço – são quase 2 mil quilômetros de recifes, ilhas e atóis, que formam um colorido santuário da vida marinha no mar australiano. Trata-se do maior organismo vivo do planeta. Frágeis, os corais são muito sensíveis à elevação na temperatura dos oceanos e à poluição das águas. O estrago é perceptível a olho nu: o paraíso colorido sofre um processo de branqueamento.

20. Caminho de Santiago de Compostela

A rota de peregrinação mais famosa da Europa, trilhada desde o século 12, tem ganhado concorrentes de peso: as rodovias pavimentadas. Em diversos pontos de seus 800 quilômetros, o caminho histórico tem sofrido alterações e desvios por causa das construções.

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21. Alpes Kitzbühel

Os glaciares dos Alpes têm diminuído em ritmo acelerado: só dos anos 1980 para cá eles perderam cerca de 20% de seu tamanho. No lado austríaco, uma das saídas foi colocar um tipo de manto térmico sobre o gelo para evitar o derretimento durante o verão. A experiência tem dado certo.

22. Delta do Okavango

Antes de desaparecer no Deserto do Kalahari, em Botsuana, o Rio Okavango dispersa-se em uma infinidade de riachos, formando assim o maior delta de interior do mundo. Mas se supõe que as estiagens serão cada vez mais frequentes com o aquecimento global.

23. Península Valdés

No inverno, as baleias-franca-austrais se refugiam nas águas mais quentes da península argentina. O problema é que o krill, principal alimento delas, está desaparecendo devido ao aumento da temperatura do mar. Especialistas já constataram uma queda no número de nascimentos de baleias.

Mas há quem não ache que seja bem assim…

Alguns especialistas chamados de céticos do aquecimento global afirmam que boa parte das previsões catastróficas seja puro alarmismo. Um dos mais respeitados pesquisadores da área do clima, o dinamarquês Bjorn Lomborg afirmou, em recente entrevista à revista VEJA, que “existe uma tendência de se considerar sempre o pior cenário”. Para ele, é possível que o nível dos mares suba em torno de 60 centímetros – e não vários metros como defende muita gente. O climatologista americano Patrick Michaels vai na mesma batida. “Se não dá para confiar na previsão do tempo de um dia, imagine aquelas a longo prazo”, disse o especialista a VEJA.

 

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