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Salva-vidas dá dicas para entrar no mar com segurança

Com mar agitado ou aparentemente tranquilo, veja como evitar afogamentos e outras situações de risco na praia

Por Cecilia Carrilho
8 dez 2025, 18h00 • Atualizado em 8 dez 2025, 21h49
A praia é convite ao descanso, mas também pede cuidado e responsabilidade (Kartikey Das/Pexels)
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  • O mar é, para muita gente, sinônimo de descanso, renovação e contato direto com a natureza. Só que, para aproveitar tudo isso, é preciso entender que a mesma água que relaxa também esconde riscos. Entender esse equilíbrio entre prazer e segurança é exatamente o que move o trabalho do salva-vidas De Freitas, que transformou sua rotina de resgates, prevenção e educação em conteúdo no Instagram (siga-o em @defreitasguardavidas).

    Em seus vídeos, o salva-vidas mostra que o dia de trabalho começa muito antes de qualquer emergência. Enquanto a maioria enxerga apenas um mar aparentemente tranquilo, o olhar treinado identifica nuances no movimento das ondas, na força da arrebentação e, principalmente, nos buracos que se formam na areia – pontos que, em minutos, podem virar correntes de retorno, a principal causa de afogamentos no litoral brasileiro.

    Em uma das gravações, mesmo com bandeiras vermelhas fincadas na areia, três pessoas entram no mar. Em segundos, elas são puxadas para trás. O que parecia um banho inofensivo vira resgate. A cena expõe, na prática, o quanto a leitura errada do mar pode ser perigosa.

    Como identificar uma corrente de retorno

    As correntes de retorno surgem quando a água que se acumula na arrebentação encontra um caminho para voltar ao oceano. Esse movimento forma um canal de repuxo em direção ao alto-mar e cava uma espécie de valeta na areia, deixando aquele trecho mais fundo e muito mais difícil de sair. No mar, esse ponto costuma aparecer com a água mais escura, menos ondas quebrando e a espuma sendo puxada para dentro, em vez de avançar até a faixa de areia. A VT já explicou sobre, mas o perfil de De Freitas reforça como esses sinais aparecem na vida real.

    Ao redor de um trecho aparentemente mais calmo, as ondas quebram com força nos dois lados, formando como se fosse um corredor no meio. De longe, ele engana e parece o melhor lugar para entrar no mar. Na prática, é justamente o mais perigoso. Essas correntes aparecem com mais frequência perto de pedras, píeres e nas extremidades da praia, e ficam ainda mais difíceis de perceber quando o vento está forte e o mar agitado.

    corrente de retorno
    Corrente de retorno forma caneleta de repuxo na água e pode carregar a pessoa a alto-mar (National Weather Service/JotaCartas/CC BY 3.0/Wikimedia Commons)
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    De Freitas explica que se a pessoa for surpreendida por uma corrente de retorno, a pior decisão é nadar em direção à areia. Fazer isso só aumenta o cansaço e acelera o risco de afogamento. O certo é manter a calma, flutuar por alguns segundos para recuperar o fôlego e nadar em paralelo à praia, para um dos lados, até alcançar o banco de areia. Ali, onde as ondas quebram com força, o próprio mar ajuda a empurrar o corpo de volta para a área segura.

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    Nos vídeos, o salva-vidas mostra isso na prática. Quando ele apenas flutua, é levado rapidamente para trás. Quando tenta nadar contra a corrente, quase não sai do lugar. As imagens deixam claro por que “saber nadar” nem sempre é suficiente quando a direção escolhida é a errada.

    No perfil, aparecem com frequência situações de resgate em correntes de retorno, geralmente em trechos sinalizados com bandeiras vermelhas.

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    Resgate em afogamentos

    De Freitas desmonta um dos mitos mais comuns sobre salvamento, a ideia de que o socorrista precisa “dominar” a vítima com força. Na prática, o risco é justamente o contrário. Movida pelo desespero, a pessoa em afogamento perde a coordenação e passa a buscar qualquer ponto de apoio para tentar respirar, inclusive o próprio salva-vidas. Nesse impulso, pode empurrar quem tenta ajudar para o fundo, mesmo sem intenção.

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    Por isso, as técnicas profissionais de resgate priorizam a abordagem por trás, reduzindo a chance de a vítima agarrar o socorrista. Se, ainda assim, ela consegue virar e se apoiar no corpo de quem realiza o salvamento, o procedimento é manter a contenção por alguns instantes, até que a respiração se estabilize e seja possível retomar o resgate com segurança.

    Para quem está na areia, a orientação é direta: não entrar no mar para tentar salvar alguém sem treinamento. Em situações assim, qualquer objeto flutuante, como uma prancha, uma boia, uma garrafa ou até uma tampa de isopor, pode ser decisivo para ajudar sem se expor ao perigo.

    Ele também alerta que situações de afogamento não acontecem apenas em dias de mar agitado. Quanto mais calmo o mar parece, maior costuma ser a sensação de segurança e, com ela, a imprudência. Já em dias de ressaca, apesar de menos pessoas entrarem na água, os poucos acidentes que ocorrem tendem a ser muito mais graves, devido à força das ondas e das correntes.

    perigo-mar
    Bandeiras vermelhas fincadas na areia indicam o perigo, fique atento (Wirestock/Freepik/Divulgação)

    Pessoas perdidas

    Em dias de praia lotada, se perder é comum. Crianças se afastam por poucos metros e já não reconhecem o caminho de volta. Adultos também se desorientam com facilidade em meio ao excesso de guarda-sóis, barracas e movimentação intensa. Basta sair rapidamente para tomar uma ducha, ir até a beira do mar ou acompanhar alguém por alguns minutos para não conseguir mais localizar o ponto de origem.

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    Por isso, a orientação de De Freitas é que famílias sempre combinem pontos fixos de referência antes de se instalar na areia. Número da barraca, nome da rua de acesso, prédio, hotel ou qualquer outro marco visível ajudam muito na hora de se reencontrar. Crianças precisam saber ao menos uma dessas informações básicas para pedir ajuda, caso se percam.

    A recomendação dos salva-vidas é que a criança nunca fique sozinha na praia, mantendo-se sempre ao alcance de um braço de distância. Em feriados e fins de semana de grande movimento, quando a areia mal aparece de tanta gente, esse cuidado precisa ser redobrado.

    pai e filho na praia
    Manter a criança sempre por perto é a forma mais simples e eficaz de evitar que ela se perca (Pixabay/Pexels)

    Em cenários assim, o trabalho dos salva-vidas se multiplica. Além dos riscos no mar, eles também lidam com orientações e prevenção em terra firme, mostrando que a segurança na praia vai muito além do banho de mar.

    Previsão do mar

    Hoje, a tecnologia permite saber como o mar vai estar antes mesmo de sair de casa. No meio do oceano, boias oceanográficas flutuam na superfície e registram, em tempo real, dados como a altura das ondas, o intervalo entre elas e a direção do swell (ondas formadas em tempestades distantes que percorrem longas distâncias até chegar na praia). Essas informações são transmitidas por satélite e ajudam a prever as condições do mar para o dia seguinte, para a semana e até para períodos mais longos.

    Segundo De Freitas, a medição feita no alto-mar costuma indicar ondas maiores do que aquelas que realmente chegam à costa, mas já oferece uma base segura para entender o nível de agitação que está por vir. A direção do swell também é calculada e indica de onde as ondas estão chegando, fator que influencia diretamente na força das correntes e no comportamento da arrebentação.

    Ele orienta que qualquer pessoa pode acessar esses dados com facilidade pelo celular, usando aplicativos e sites especializados em previsão do mar, como Surfguru, Windguru e Surfline. Essas plataformas ajudam a escolher os dias mais seguros para entrar na água, levar crianças à praia ou simplesmente aproveitar o litoral com mais tranquilidade.

    grafico altura das ondas, surfguru
    A leitura da altura das ondas no Surfguru ajuda a entender quando o mar está mais seguro ou mais perigoso para entrar (Surfguru/Reprodução)

    Em geral, quanto mais agitado o mar, maiores são os riscos. As correntes de retorno ficam mais fortes, o banho se torna mais perigoso e os resgates mais complexos. Já o mar mais tranquilo tende a oferecer condições mais seguras para os banhistas. Ainda assim, a orientação final permanece indispensável. Ao chegar à praia, é preciso observar as bandeiras e respeitar todas as sinalizações de risco.

    Animais e criaturas na praia

    De Freitas também registra encontros e situações que vivencia na praia do Leblon envolvendo animais e diferentes manifestações da vida marinha. Entre os casos que mais chamam atenção está a presença da caravela portuguesa, muitas vezes confundida com água-viva, mas bem mais perigosa. Trata-se de uma colônia de organismos que flutua na superfície e se desloca com o vento.

    Seus tentáculos, que podem atingir vários metros de comprimento, liberam toxinas capazes de provocar dor intensa, queimadura imediata, espasmos musculares, dificuldade para respirar e até pânico dentro da água. Em caso de contato, não se deve esfregar a pele nem lavar com água doce. O correto é usar a própria água do mar, remover os tentáculos com um objeto rígido, como um cartão, sem movimentos repetidos, e procurar atendimento médico.

    Caravela Portuguesa
    A caravela portuguesa tem tentáculos venenosos que causam queimaduras intensas mesmo fora da água (Rhalah/Wikimedia Commons)

    Nem todo organismo que aparece na areia representa perigo. As salpas, pequenas estruturas gelatinosas que às vezes se acumulam na beira do mar, são inofensivas e fazem parte do equilíbrio do oceano. Elas se alimentam de partículas microscópicas e ajudam a manter a água mais limpa, funcionando como filtros naturais.

    Também é comum observar grandes aves planando sobre a orla em determinados dias. Esse movimento está ligado às correntes de ar quente que se formam em períodos de mudança no tempo, quando há contraste de temperatura entre o solo aquecido e o ar mais frio. O espetáculo no céu costuma indicar a chegada de uma frente fria.

    Ensinar desde cedo: o conteúdo feito para crianças

    O perfil também aposta em vídeos com linguagem infantil, com musiquinhas e frases rimadas alertando sobre bandeiras vermelhas e dias de mar forte. A ideia é apresentar o risco de forma leve, mas clara, ensinando que brincar na areia também é aproveitar a praia – e que, às vezes, essa é simplesmente a escolha mais segura.

     

    Os vídeos deixam claro que a segurança não é sinônimo de medo, e sim parte da experiência de estar na praia. De Freitas insiste que o conhecimento básico, como ler a bandeira, reconhecer buracos e observar como a espuma se comporta poderiam evitar muitos dos acidentes que ele testemunha. Para mais dicas, acesse o perfil do salva-vidas e assista aos seus vídeos.

    Veja mais dicas em Manual do Viajante

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