Passageiros indisciplinados deveriam ser banidos de voar?
Levantamento do setor mostra que casos de indisciplina em viagens aéreas quase dobraram no último ano. Incidentes mais graves subiram 55%
Um novo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), divulgado em setembro, chamou atenção para um problema crescente dentro dos aviões e aeroportos do país: o número de passageiros indisciplinados, que acabam se envolvendo em incidentes graves.
Só nos primeiros sete meses do ano, segundo a entidade, houve um aumento de 55% em casos de “categoria 3”, considerados os mais problemáticos, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 210 casos nesse recorte de 2025, contra 135 em 2024.
Incidentes de categoria 3 são aqueles que mais podem comprometer a segurança do transporte aéreo, afetando tanto a tripulação quanto os passageiros, com risco de agressão. A lista inclui ameaças, intimidações e agressões físicas propriamente ditas, além de tentativas de entrar na cabine de comando, fumar a bordo ou levantar falsas ameaças de bomba, por exemplo.
Média de quase cinco ocorrências por dia
O levantamento da Abear mostrou ainda que, seguindo a tendência dos casos mais graves, outros incidentes envolvendo passageiros indisciplinados também tiveram aumento acentuado nos primeiros sete meses de 2025.
Considerando todos os tipos de incidentes, os registros quase duplicaram em um ano, com um aumento de 87% em relação ao mesmo período de 2024. Foram registradas 979 ocorrências relacionadas a voos pelo Brasil no período de janeiro a julho, o equivalente a 4,6 casos por dia. O número em sete meses ficou perto de igualar o total de casos registrado no ano passado inteiro (1.059).
Além dos incidentes de categoria 3, a lista contabiliza também os de categoria 1 (que podem afetar o check-in e embarque gerando transtornos que podem ser rapidamente controlados por funcionários) e categoria 2 (que pode afetar o check-in e embarque, exigindo intervenção de supervisor ou segurança, além de envolver casos de indisciplina a bordo, quando a pessoa não acata as ordens da tripulação).
Criação de “no-fly list” entra no radar
O aumento de casos de passageiros agressivos tem esquentado o debate no setor aéreo sobre a possibilidade de criar uma versão nacional das “no fly lists”, cadastros que já existem em países como os Estados Unidos. A punição a pessoas com histórico de indisciplina poderia consolidar instrumentos para que seu embarque fosse negado em casos de reincidência, por exemplo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda analisa a questão.
Hoje, mesmo sem esse instrumento, passageiros já podem ser impedidos de embarcar no próprio voo em que causaram distúrbios – se isso ocorreu no aeroporto – além de responder judicialmente por eventuais danos materiais ou morais provocados. Transtornos associados à indisciplina, além de expor as demais pessoas a bordo a riscos, também podem levar ao atraso, cancelamento e até mesmo desvio de rota dos voos envolvidos.
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