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Infecção por carrapato assusta famosos e preocupa viajantes pelo mundo

Transmissão da bactéria se dá por picada de carrapato e risco é maior durante os meses mais quentes no Hemisfério Norte

Por Da Redação
13 nov 2025, 18h00
Caminhada, trilha
 (Angelo Pantazis/Unsplash)
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Justin Timberlake, Avril Lavigne, Justin Bieber e, mais recentemente, a modelo Bella Hadid estão entre os famosos que já relataram ter tido a Doença de Lyme. Nos Estados Unidos, estima-se que aproximadamente 476 mil pessoas sejam diagnosticadas e tratadas para a doença a cada ano.

Não há relatos de casos da Doença de Lyme com origem no Brasil. Por isso, segundo Jessica Ramos, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, a suspeita só costuma ser considerada quando o paciente relata ter visitado regiões em que a doença é mais comum, como Estados Unidos, Canadá e Europa.  

A especialista explica que a doença é uma infecção causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, transmitida pela picada de carrapatos do gênero Ixodes. “Esses carrapatos se infectam ao se alimentar de animais silvestres e podem transmitir a bactéria para humanos”, complementa.

Ainda de acordo com Jessica, os sintomas iniciais mais comuns incluem o eritema migratório (uma mancha avermelhada em formato de “alvo” no local da picada, que se expande progressivamente), febre baixa, fadiga, dores musculares e articulares, dor de cabeça e aumento dos linfonodos, estruturas que fazem parte do sistema linfático e atuam como centros de defesa do sistema imunológico.

A seguir, a infectologista Jessica Ramos responde as principais dúvidas sobre a Doença de Lyme:

Carrapato, Doença de Lyme
O carrapato ‘Ixodes ricinus’ transmite bactéria que causa a Doença de Lyme (Marino Linic/Unsplash)

1. Qual é a época de maior risco para doença de Lyme nos países do Hemisfério Norte? 

Em geral, o risco de transmissão da bactéria Borrelia via carrapatos é maior durante os meses mais quentes, especialmente da primavera ao início de outono (por exemplo, abril a outubro) nas zonas temperadas do Hemisfério Norte.  

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A quantidade de casos varia conforme clima, umidade e altitudes, mas tipicamente o pico ocorre do final da primavera até meados do verão, por conta da atividade das ninfas, que são pequenos carrapatos mais difíceis de ver.  

Embora o risco seja menor no inverno, ele não é zero: carrapatos adultos podem estar ativos quando as temperaturas não forem muito baixas.  

Portanto, se você estiver num local temperado do Hemisfério Norte, esteja especialmente vigilante entre abril e outubro, com atenção extra nos meses de verão (junho, julho e agosto). 

2. Que cuidados preventivos o viajante pode tomar?

Evitar áreas de mata ou gramados altos em épocas de risco, usar roupas de manga comprida, calças dentro das meias, optar por cores claras que facilitem a visualização dos carrapatos e aplicar repelentes adequados são medidas simples, mas bastante eficazes na prevenção.

3. Qual o tipo de repelente indicado contra carrapatos? 

Para proteção contra carrapatos, alguns ingredientes ativos são mais recomendados: 

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  • DEET: quando em concentrações adequadas, pode repelir carrapatos por  algumas horas.  
  • Picaridin (também chamado icaridin): é eficaz contra carrapatos,  geralmente com bom tempo de ação, e tem a vantagem de ser menos oleoso e mais amigável para tecidos.  
  • Permetrina: não deve ser aplicada sobre a pele, e sim usada para impregnar roupas, calçados, equipamentos (o tratamento mata ou inibe carrapatos que tocam as roupas).  

4. Como identificar uma picada de carrapato que transmite Lyme?

Identificar com certeza uma picada que está infectada é praticamente impossível visualmente, mas há sinais que podem ser levados em consideração. A picada de carrapato pode inicialmente parecer um ponto pequeno, semelhante a uma picada de mosquito ou “marquinha”. Muitas vezes, a picada é indolor no início, porque o carrapato injeta substâncias anestésicas.  

Se o carrapato permanecer fixado, poderá formar um pequeno “nódulo” ou carocinho, com ou sem avermelhamento ao redor.  

Um sinal clássico da Doença de Lyme (quando há infecção) é o eritema migrans, uma lesão cutânea que aparece alguns dias (tipicamente 3 a 30 dias) após a picada, expandindo gradualmente.  

Essa lesão pode ter aspecto de “alvo” ou “anel” com clareamento central, mas nem sempre tem aparência clássica, e tende a aumentar de tamanho ao longo dos dias, podendo atingir vários centímetros.  

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Nesse período, outros sintomas podem surgir, como febre, mal-estar, dores musculares, dores de cabeça, fadiga, dores articulares e linfadenopatia (inchaço de gânglios linfáticos).  

Portanto, a simples presença de uma picada não indica infecção. O que alerta para a Doença de Lyme é o aparecimento de eritema migrans ou sintomas sistêmicos após alguns dias ou semanas.

5. Como remover um carrapato caso ele seja encontrado na pele? 

A remoção correta é essencial para reduzir o risco de transmissão de patógenos. O procedimento padrão recomendado por autoridades como o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) é o seguinte: 

  1. Usar pinça de ponta fina (ou instrumentação similar de precisão); 
  2. Aproximar a pinça o mais próximo possível da superfície da pele, ou seja, segure o carrapato pela cabeça / quelíceras (parte que está grudada na pele); 
  3. Puxar para cima com pressão constante e uniforme, sem girar ou torcer,  evitando espremer ou arrancar de forma brusca, para minimizar o risco de partes do carrapato ficarem alojadas; 
  4. Se partes do aparelho bucal ficarem na pele, tentar removê-las com outra pinça limpa. Se não for possível, deixe que o corpo “expulse” naturalmente ou peça orientação médica; 
  5. Após remoção, limpar bem a área com água e sabão ou álcool (lembrar de higienizar as mãos também);
  6. Descartar o carrapato de forma segura (por exemplo, colocando-o em álcool, lacrando em um frasco ou saco, ou jogando no vaso sanitário).  
  7. Não usar métodos populares como aplicar óleo, vaselina, álcool, calor ou  “tentar irritar” o carrapato para que solte — isso pode estimular o carrapato a “regurgitar” seu conteúdo infectado na pele. 

6. O que fazer ao descobrir uma picada de carrapato? 

Depois de remover o carrapato corretamente, é importante observar sinais e  sintomas nos dias e semanas seguintes. Fique atento ao aparecimento de eritema migrans (lesão cutânea característica), febre, dores de cabeça, dores musculares ou articulares, fadiga e inchaço dos gânglios. Caso esses sinais apareçam, procure um médico, preferencialmente um infectologista ou especialista em doenças transmitidas por carrapatos, para avaliar a necessidade de profilaxia com antibiótico preventivo. 

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É preciso ter atenção com os exames: imediatamente após a picada, os testes sorológicos para a Doença de Lyme costumam apresentar falsos negativos, pois a infecção precisa evoluir para que o organismo produza anticorpos detectáveis, o que pode levar algumas semanas. O diagnóstico é baseado principalmente na história da picada, no quadro clínico e, quando indicado, na confirmação laboratorial. 

7. Como é o tratamento para a Doença de Lyme?

Nos casos confirmados ou altamente sugestivos, o tratamento é feito com antibióticos administrados por via oral. Em casos mais graves, pode ser necessária a aplicação endovenosa.

Iniciar o tratamento de forma precoce é fundamental para evitar a evolução para quadros mais severos, que podem envolver comprometimento neurológico (como meningite, neuropatias e paralisia facial periférica), artrite de Lyme (inflamação articular recorrente, principalmente nos joelhos), cardite de Lyme (alterações na condução elétrica do coração) e sintomas crônicos, como fadiga persistente e dores difusas.

Ou seja é essencial manter atenção continuada e acompanhar os sintomas por algumas semanas (ou mais, nos casos mais severos). Se surgirem manifestações tardias, como artrite ou sintomas neurológicos e cardíacos, é fundamental informar o profissional de saúde responsável.

Leia mais dicas em Manual do Viajante

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