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A rota da cerveja artesanal no Vale do Itajaí

Blumenau, Brusque, Gaspar, Pomerode, Timbó, Jaraguá do Sul e Joinville guardam 15 microcervejarias de primeira! Veja o roteiro completo pela região

por Jeferson de Sousa Atualizado em 25 set 2019, 17h46 - Publicado em
25 set 2019
17h43

O sonho de todo apreciador de cerveja é ir à Europa e conhecer países como Alemanha, Bélgica e Tchecoslováquia, onde são produzidas as melhores stouts, bocks, weisses e pilsens do mundo. Bem, temos uma boa e uma má notícia a respeito.

A má (primeiro, claro) é que, para fazer o roteiro europeu, o entusiasta das fermentadas desembolsará uma quantia nada desprezível – e em euro. Agora, a boa: sem sair do Brasil, é possível degustar excelentes cervejas enquanto se conhece belos lugares.

Onde? Em Santa Catarina, mais especificamente em Blumenau e arredores, no Vale do Itajaí. Ali, há alguns anos, tem se formado um circuito de microcervejarias que elevou a qualidade da bebida brasileira, inclusive ao patamar internacional.

Tanques de fermentação
Tanques de fermentação (Divulgação/Divulgação)

O boom dessas microprodutoras no estado tem raízes na colonização alemã. A primeira cervejaria da região é de 1860, e, até a Primeira Guerra Mundial, houve uma expansão natural de marcas artesanais.

Com o passar dos anos, e a dificuldade de adquirir insumos (lúpulo, por exemplo), elas foram fechando. Começaram a voltar na década de 90 e, nos últimos anos, o crescimento foi exponencial: só no vale, são 15 cervejarias, em um raio de 70 quilômetros.

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No início desse boom, as cervejarias seguiam estritamente a Reinheitsgebot, a Lei da Pureza da Cerveja. Criada em 1516 na Alemanha, ela proíbe o uso de conservantes e limita sua produção à utilização de apenas quatro ingredientes: água, lúpulo, malte e fermento.

Antiga estação ferroviária de Jaraguá do Sul
Antiga estação ferroviária de Jaraguá do Sul (Zé Paiva/Pulsar/Reprodução)

Mas a nova geração de cervejeiros passou a ampliar os horizontes. “De uns seis anos para cá surgiu a escola americana, que trabalha com bebidas lupuladas, mais amargas, frutadas e aromáticas; isso foi essencial para o desenvolvimento”, explica Ulysses Kreutzfeld, sócio da Bier Vila, um dos principais estabelecimentos dedicados à cerveja em Blumenau, com mais de 400 rótulos em sua carta.

Kreutzfeld, também sócio da premiada Cervejaria Blumenau, salienta que o caminho foi árduo e que, entre os percalços, estava a resistência aos novos paladares e aromas por parte do consumidor. “O brasileiro não estava acostumado a tomar cervejas diferenciadas; para criar esse conceito, foram muitos anos”, diz.

Salsichão
Salsichão (Divulgação/Divulgação)

Cerca de 10% dos municípios de Santa Catarina têm empresas ligadas ao segmento. São quase meia centena de microcervejarias, outras duas dezenas de marcas terceirizadas e brewpubs – bares que produzem cervejas de marca própria.

É justamente no Vale do Itajaí que essa produção se concentra. Além de Blumenau, há municípios como Gaspar, Pomerode, Jaraguá do Sul, Brusque, Timbó e Joinville, que fica na fronteira com o vale.

Uma das responsáveis pela qualidade técnica dessas microcervejarias, a Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM) ajudou a criar o Festival Brasileiro da Cerveja (uma alternativa à Oktoberfest, em março) e a Rota do Vale da Cerveja, que oferece vários roteiros.

O principal deles é o do Vale Europeu, que inclui cinco cidades. Aqui, apresentamos a nossa sugestão de rota – contempla cidades em um raio relativamente próximo e pode ser traçada de carro (com motorista sóbrio, claro). Boa degustação!

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(Estúdio Espaço Ilusório/Viagem e Turismo)
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Blumenau

A terceira cidade mais populosa de Santa Catarina (357 mil habitantes, segundo o IBGE em 2019) tem o título oficial de Capital Nacional da Cerveja, por obra de um projeto de lei sancionado pelo presidente Michel Temer. Ali, como em boa parte do Vale do Itajaí, a herança alemã evidencia-se na arquitetura e nas ruas margeadas pelo Rio Itajaí-Açu.

A cidade continua muito associada às confecções, uma de suas principais atividades, e à Oktoberfest, a festa da cerveja que ocorre anualmente em outubro. Mas aos poucos vai virando também uma cidade moderna, cheia de boas surpresas.

Museu da cerveja

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(Divulgação/Divulgação)

Fundado em 1996, fica no circuito histórico de Blumenau e aproveita as antigas instalações da cervejaria Fieldman – boa parte do acervo, inclusive, pertence à antiga fábrica. O museu é ponto estratégico para planejar a visita às cervejarias da cidade. Entre as atrações estão um vídeo (breve) no qual se narra a história da bebida, peças das primeiras fábricas e explicações dos processos utilizados pelos primeiros colonizadores.

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Praça Hercílio Luz, s/nº, Boa Vista; (47) 3326-6791. De segunda a sexta, das 10h às 17h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 16h. Grátis.

Bierland

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(Divulgação/Divulgação)

Fundada em 2003, a Bierland é uma das maiores cervejarias da cidade. A fábrica possui um agradável bar anexo, com capacidade para 100 pessoas, que serve petiscos variados para acompanhar cervejas do tipo weizen, witbier, english pale ale, bock e american IPA, entre outras. 

Rua Gustavo Zimmermann, 5361, Itoupava Central; De segunda a sexta, das 8h às 12h às 21h; sábado, 8h às 17h; não abre aos domingos.

Escola Superior de Cerveja e Malte

Criada em 2014, a primeira faculdade de cerveja e malte da América Latina é responsável pela formação de mão de obra na região. De lá pode-se sair com um diploma de mestre cervejeiro ou técnico. A escola promove passeio pelas suas dependências – dos laboratórios ao processo de fabricação em uma nanofábrica. Há também aulas, laboratório de degustação e Biergarten – área de convivência comum na Alemanha onde as pessoas se reúnem para beber cerveja.

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Visitas com degustação ocorrem de segunda a sábado, às 10h30 e devem ser agendadas pelo telefone (47) 3380-5200 com um grupo mínimo de 5 pessoas. As visitas guiadas simples (sem degustação) são gratuitas e não necessitam de agendamento. Elas acontecem de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h e de sábado, das 9h às 17h. Menores de 18 anos só podem fazer o passeio com acompanhamento de responsáveis e, claro, não têm direito à degustação

Rua Elsbeth Feddersen, 72, Salto do Norte; De terça a sábado, das 11h às 17h. 

Eisenbahn

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É a outra grande (dentro das proporções de uma fábrica de cerveja artesanal) cervejaria de Blumenau. Em 2002, quando foi criada, tinha três tipos de chope – pilsen, dunkel e pale ale. Hoje fabrica 15 tipos de cerveja, fora as edições especiais. Assim como a Bierland, há um bar anexo, que vende produtos da marca e cervejas importadas a bom preço. Um diferencial é o serviço gratuito, em que um motorista da Eisenbahn dirige o carro do cliente na volta – é recomendado agendar com antecedência.

Rua Bahia, 5181, Salto Weissbach; Segunda e terça, das 17h às 23h; quarta, das 17h à meia-noite; de quinta a sábado, das 17h à 1h.

Container British Beer

Sabe aquela parte sobre Blumenau ser moderna e cheia de surpresas? Pois o pessoal da Container é um dos responsáveis por isso. Embora siga a tradição cervejeira da região, a Container foi por um caminho completamente diferente ao adotar os conceitos da escola britânica. Seu portfólio é formado por cervejas inusitadas e criativas, como a Bakerloo, a Wembley, a Joke e a Black Sheep. Vale uma visita ao seu pub, com decoração caprichada no melhor estilo inglês e programação musical voltada ao rock.

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Rua Gustavo Zimmermann, 4764, Itoupava Central; De quarta a sexta, das 18h à 1h; sábado, das 10h30 à 1h. De segunda a sexta, atende com agendamento entre as 13h e as 18h.

Bier Vila Blumenau

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Fica dentro da Vila Germânica, no mesmo lugar em que acontece a Oktoberfest, e o restaurante é o local ideal para conhecer vários rótulos locais e internacionais – há mais de 400 deles em sua carta. O melhor é que se pode degustar pelo menos 30 delas em forma de chope. Para acompanhar, porções e pratos alemães típicos, como eisbein, kassler e salsichas, e regionais, como o marreco recheado. Tem música ao vivo, mas não se preocupe: é repertório de bar.

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Empório Vila Germânica: Rua Alberto Stein, 199, Velha; Diariamente, das 10h às 23h.

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Gaspar

A 20 minutos de Blumenau, Gaspar é uma pequena cidade de 70 mil habitantes e uma das grandes produtoras de arroz do estado. Com acentuada colonização italiana, tem área rural com sítios, nos quais são vendidos produtos coloniais. Também é uma região propícia a esportes como o motocross e o salto de parapente, feito no Morro da Cruz. Na cidade mesmo, a principal atração é a Igreja Matriz São Pedro Apóstolo, de estilo gótico.

Das bier

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A cervejaria fica em um pesqueiro, o Schmitt Pesca e Lazer. O restaurante tem um deque com bela vista panorâmica e um playground. Durante o passeio é possível conhecer as dependências da fábrica e a cave onde as cervejas são guardadas. A carta de chopes próprios conta com 11 variedades, como a braunes ale, a stark bier e a wein mit bier (o chope de vinho). É também uma boa opção para almoço e jantar, com um cardápio que varia entre petiscos, carnes e peixe (filé de tilápia).

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Rua Bonifácio Haendchen, 531, Belchior Alto; sexta, das 17h à meia noite; sábado, das 11 à meia noite; e domingo, das 11h às 19h.

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Brusque

Cortada pelo Rio Itajaí-Mirim e a cerca de uma hora de Blumenau, a cidade é simpática – e é berço da indústria têxtil catarinense. Além da colonização alemã, ali se veem também influências italiana e polonesa. Com muitas lojas e confecções, tem turismo principalmente de compras.

Zehn bier

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A cervejaria é uma das que seguem à risca a Reinheitsgebot, a Lei de Pureza da Cerveja. A ZeHn (pronuncia-se “tzén”) produz chopes tipo pilsen e porter e cervejas pilsen, pilsen extra, weizen, porter e heller bock.

As visitas à fábrica duram cerca de 30 minutos e não precisam ser agendadas de segunda a sexta. Aos finais de semana devem ser reservadas pelo (47) 3351 6685. Em seu anexo fica o ZeHn Bier German Pub, que serve os rótulos da marca. No cardápio, petiscos de boteco, pratos alemães e hambúrgueres.

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Rua Benjamin Constant, 26, São Luiz; De segunda a sexta, das 9h às 11h e das 14h às 17h. O Zehn Bier German Pub funciona de terça a sábado das 17h à meia-noite.

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Timbó

A 30 quilômetros de Blumenau (cerca de uma hora), a cidadezinha foi erguida na confluência dos rios Benedito e dos Cedros. Com um jeitão bucólico, algumas ruas cobertas por paralelepípedo e pontes com cara retrô, a “Pérola do Vale”, como é conhecida, é habitada por 40 mil felizardos.

Borck

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Fundada em 1996, é uma das cervejarias mais antigas de Santa Catarina. Não tem restaurante em sua fábrica, mas conhecê-la vale a pena por uma razão: a produção, que compreende quatro tipos de cerveja – red lager, pilsen, malzbier, weizenbier e IPA –, é distribuída apenas na região.

Rua Pomeranos, 1963, Pomeranos; De terça a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h; sábado, das 8h às 12h.

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Pomerode

A cerca de 40 minutos de Blumenau, Pomerode orgulha-se de ser “a cidade mais alemã do Brasil”. A região foi ocupada por colonos vindos da Pomerânia, e as evidências estão nas ruas, em seus habitantes (não é raro ouvir alemão entre os moradores mais velhos) e na arquitetura – são mais de 100 casas no estilo pomerano tombadas. Se você procura aquele estilo folclórico alemão, com roupas, danças e músicas típicas, esse é o lugar.

Schornstein

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(Divulgação/Divulgação)

Fundada em 2006, a cervejaria fica em um dos prédios tombados, no qual se destaca uma chaminé (schornstein, em alemão) de 30 metros. Anexo à fábrica está o bar Schornstein Kneipe. O cardápio privilegia a culinária alemã que, claro, pode ser harmonizada com seis tipos de chope: pilsen natural, pilsen cristal, pale ale, bock, weiss e imperial stout.

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Rua Hermann Weege, 60, Centro; As visitas devem ser agendadas pelo site conforme a disponibilidade.

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Jaraguá do Sul

Uma das cidades com melhor qualidade de vida do país, Jaraguá do Sul fica a cerca de uma hora e meia de Blumenau e a uma hora de Joinville. Com um entorno dominado pela Mata Atlântica remanescente, a região tem se transformado em um dos destinos dos praticantes de voo livre.

Stannis pub

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Charmoso, o bar fica num subsolo sem janelas que lembra bastante os pubs britânicos. No cardápio, alguns dos melhores hambúrgueres da região e cervejas de seis tipos: blond marilyn, dark molly, red sonja, doppel nataly, gold amélia e white renate – todas servidas na pressão e em copos, ao melhor estilo pub. O bar tem também uma área de vendas de sua produção. Chegue cedo, porque lota.

 Av. Marechal Deodoro da Fonseca, 104U, Centro; De terça a sábado, das 18h à 0h30.

Cervejaria Karsten

Com uma pequena produção de 2 500 litros por mês, a fábrica não tem bar, mas agenda visitas (para até 20 pessoas), monitoradas por um mestre cervejeiro com direito à degustação de chope acompanhado de frios – salame, copa, lombo defumados, linguiças, queijos, azeitonas, patês e pães.

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Rua 1097, nº 11, Três Rios do Sul; De segunda a sexta, das 8h às 17h30.

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Joinville

Distante duas horas de Blumenau, Joinville é a maior cidade de Santa Catarina (590 mil habitantes, segundo o IBGE em 2019) e a terceira maior da Região Sul. Possui uma vida cultural intensa e um dos índices de desenvolvimento humano (IDH) mais altos do Brasil. Tem apelidos como “Manchester Catarinense” e “Cidade da Dança”, porque também abriga um dos mais importantes festivais de dança do Brasil.

Opa Bier

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(Divulgação/Divulgação)

A Opa está inserida na tradição cervejeira da cidade e, como tal, segue a Reinheitsgebot. Tem um portfólio formado por nove tipos de cerveja, com variações tchecas, inglesas e alemãs. Não será por falta de endereços da marca que você deixará de conhecer a Opa: entre lojas e bares, são 12. Um deles, o Pórtico Opa Bier, tem um amplo deck com vista para o lago da Expoville, perfeito para tomar um chope ao ar livre apreciando uma bela paisagem.

Rua Dona Francisca, 13700, Pirabeiraba; O bar abre de terça a sexta, das 17h à 0h; de sábado, das 16h à 0h; de domingo das 15h à 0h. Fica fechado às segundas.

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