Santiago do Chile
Escoltada pelos picos da Cordilheira dos Andes, Santiago é uma capital limpa, ordeira e arborizada. Seus múltiplos parques e ruas planas convidam a passear a pé, seu metrô eficiente remete ao primeiro mundo, seus museus recheados propõem ver desde arte pré-colombiana até memórias da ditadura militar. E há ainda o observatório Sky Costanera, ótimos restaurantes e lugares agradáveis para fazer compras. Seja para uma viagem curtinha com passeios bate e volta (há muitos, de vinícolas a estações de esqui), seja para uma primeira parada de um rolê maior pelo Chile, Santiago promete te impressionar – e dar vontade de voltar.
QUANDO IR
Santiago é destino para o ano todo. O verão, mais seco, tem temperaturas mínimas de 12ºC e máximas de 30ºC – em janeiro e abril você consegue ver vinhedos verdinhos e carregados de uvas. Primavera e outono têm tempo ameno; já no inverno as temperaturas ficam entre 3ºC e 14ºC e chove mais, com chance da neblina atrapalhar o visual da Cordilheira dos Andes. Quem quer ver neve nas montanhas próximas da cidade deve ir entre julho e setembro.
ONDE FICAR
Lastarria
Pode parecer uma boa se hospedar no Centro de Santiago, mas o lugar tem muito movimento durante o dia e fica praticamente deserto à noite, quando aumenta também a sensação de insegurança. A melhor opção é eleger Lastarria: ao mesmo tempo que desfruta de localização central, o bairro tem mais agito e hotéis charmosos.
Para pagar pouco, o Mito Casa Hotel tem décor simpático. Já o Luciano K fica em um edifício histórico com detalhes conservados e tem quartos equipados com camas king-size e banheiras.
Colado no Cerro Santa Lucía, o Hotel Magnolia conta com decoração quase escandinava, com tons neutros e madeira clara. Seu restaurante serve vinhos de pequenos produtores e pratos feitos com ingredientes locais. Já o Cumbres Lastarria, com fachada arrojada, tem 70 quatros confortáveis e bem decorados.
Um dos mais sofisticados não só de Lastarria como de toda Santiago é o The Singular. Além do spa, um dos destaques é o badalado rooftop, onde ficam o bar e a piscina, que tem vista para o Parque Florestal.
Bellavista
Colado em Lastarria, Bellavista é um bairro jovem e boêmio graças à presença de muitos bares e do shopping a céu aberto Patio Bellavista. Há uma porção de albergues como o Guanako Hostel, decorado com referências ao universo musical do pop e do rock.
O Loreto é um charme só: ocupa um casarão histórico com instalações novas e um jardim central. Para um grau a mais de conforto, o Aubrey tem apenas 15 quartos, a maioria deles com varanda ou pátio privativo.
Providencia
Com prédios de escritórios, galerias comerciais e muita gente nas calçadas, Providencia concentra hotéis de rede funcionais como o NH Collection Plaza e o Ibis Providencia.
Para pagar pouquinho em uma hospedagem menos impessoal, veja a Casa de Todos, simples, mas bem cuidada. O Orly Suites tem vibe de Paris dos anos 1920 e apartamentos com cozinha. Para um toque a mais de sofisticação, o Ladera Hotel exibe um rooftop imbatível com uma piscina de borda infinita que contrasta com as montanhas da Cordilheira.
No Carménère Eco Hotel, são apenas cinco quartos dispostos em uma mansão histórica. Hóspedes são convidados a conhecer a adega do hotel, com uma coleção de vinhos orgânicos locais, e a curtir o serviço personalizado que pode organizar tours insiders pela região.
Las Condes
Em Las Condes está o centro financeiro da capital chilena, conhecido pelos prédios modernos e pela horda de executivos que enche as ruas na hora do almoço. Mas também é uma região aprazível de se hospedar, com boa oferta gastronômica e próximo de atrações como o Sky Costanera.
A melhor opção por lá é o Ritz-Carlton, que desfruta de uma localização privilegiada em Las Condes: fica em plena Avenida Apoquindo, praticamente do lado da estação de metrô El Golfe, e a uma quadra da Avenida Isidora Goyeneche, repleta de restaurantes. O lobby, decorado ao estilo “english country house”, tem piano ao vivo à noite e um bar nos fundos com um menu todo dedicado ao pisco. A piscina, na cobertura do prédio, é envolta por uma cúpula de vidro.
Outra opção é o W Santiago, da marca mais cool da rede Marriot, com decoração arrojada e rooftop com piscina. Próximo do metrô, o Icon Hotel tem quartos com vista para a Cordilheira dos Andes de suas janelas, que vão do chão ao teto.
Vitacura
Bem aos pés da montanha, Vitacura é uma das regiões mais nobres de Santiago, com ruas arborizadas e majoritariamente residenciais e concentração de restaurante de alta gastronomia. O Renaissance Santiago by Mariott fica bem no meio do caminho entre a CV Galeria e o Shopping Parque Arauco, ambos a menos de dez minutos a pé. Os quartos são espaçosos e têm janelões do chão ao teto que emolduram vistas para as montanhas.
Bem em frente ao Renaissance está o sofisticado Mandarin Oriental, que tem jeito de resort devido à enorme piscina em formato de lagoa, cercada por um jardim. Já o NOI Vitacura fica a poucos metros do bonito Parque Bicentenario e tem acomodações espaçosas.
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ONDE COMER
Centro e Lastarria
Clássico é clássico por um motivo, e aqui vão alguns imperdíveis: o Emporio Zunino, aberto desde 1930, é conhecido pelas melhores empanadas da cidade, queimadinhas por fora e bem recheadas. Quase ao lado do Mercado Central, o boteco centenário La Piojera é famoso pelo pernil feito na parrilla e o pelo drinque “terremoto”, de vinho branco e sorvete de abacaxi.
O bar e restaurante Chipe Libre tem o maior cardápio de pisco de Santiago e um staff pronto para te explicar as diferenças entre as bebidas produzidas no Chile e no Peru.
Já o Bocanáriz é o bar de vinhos mais conhecido da cidade, com centenas de garrafas – para ajudar os indecisos, pode-se pedir para provar uma seleção de três taças selecionadas por temas (região, uva, estilo, etc).
Bellavista
Menos turístico, o Galindo é um point agradável para um almoço com comida caseira local (porotos, lomo a lo povre, cazuela…).
Para ir mais a fundos nas raízes do país, o restaurante Peumayén tem a interessante proposta de resgatar a gastronomia pré-colombiana; bom para quem gosta de se aventurar por sabores novos.
Outra experiência inusitada é no Sarita Colonia, um restaurante enorme com decoração kitsch cujo menu é uma homenagem à cozinha peruana “esquecida” com o passar das décadas.
Barrio Italia (Providencia)
No descolado Barrio Italia, vegetarianos podem se esbaldar no Vegan Bunker, que tem “menus do dia” com preços modestos.
Mais sofisticado, o Casaluz possui uma encantadora área externa, com varal de luzinhas e lanternas coloridas e menu com boas preparações de peixes e frutos do mar locais.
O café mais fotogênico do bairro é o Café de la Candelaria, cujo adorável pátio externo tem piso xadrez e plantinhas por toda parte – peça um café e um cheesecake de maracujá.
Las Condes
O Bar Liguria, com três unidades na cidade, é um clássico. O menu traz pratos do dia a dia do chileno, como o nhoque ao molho de tomate acompanhado de filé à milanesa coberto por uma fatia de queijo – simples e com gostinho de comida caseira. A decoração é interessante, com quadros e pôsters cobrindo as paredes.
O Fuente Chilena é especializado em sanduíches, sendo um dos mais tradicionais o lomito (carne de porco assada no forno e cortada em fatias finas) com tomate, chucrute, maionese e molho verde.
O La Cabrera, por sua vez, foca nas carnes, que chegam à mesa acompanhada de vários molhinhos, incluindo chimichurri. As empanadas fritas são uma entrada irresistível. Quase vizinho, o Tiramisù, de ambiente escurinho, serve tradicionais pizzas italianas individuais que são de comer rezando.
Outras opções incluem o italiano Le Due Torri, o brunch do La Panera Rosa e os gelatos do El Toldo Azul.
Vale ainda dar uma espiada no Mercado Urbano Tobalaba, popularmente conhecido pela sigla MUT, que possui um mercado no subsolo e restaurantes espalhados por cinco andares.
Vitacura
Entrando no campo da alta gastronomia, os quatro restaurantes de Santiago que figuraram na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina em 2025 ficam em Vitacura. O Boragó propõe uma viagem pelo Chile, do Atacama à Patagônia, por um menu-degustação inesquecível.
O Osaka é expoente da cozinha nikkei e o Ambrosia propõe uma fusão das culinárias chilena e francesa – sua chef, Carolina Bazán, foi eleita a melhor da América Latina em 2019.
O 99 Restaurante, por fim, usa ingredientes locais e bem selecionados em pratos minimalistas num ambiente descontraído.
O 99 fica na CV Galeria, que reúne outros restaurantes e tem certa badalação à noite. Ali também estão o La Dicha, com um salão lindíssimo e menu variado; e o mexicano Lolita Jones, que recebe DJs em algumas noites.
Endereço famoso no bairro, o Mestizo tem vista privilegiada para o Parque Bicentenario e se propõe a servir uma culinária que mescla pratos de influência chilena e espanhola.
O QUE FAZER
O fato de Santiago ser compacta e plana facilita a vida do turista, que está apenas algumas passadas das principais atrações em praticamente todos os bairros, com exceção da elegante Vitacura, terra de automóveis. O mais divertido para quem está de visita é tentar desvendar a personalidade de cada bairro. Porque Santiago não é uma só. São várias. E é exatamente essa multiplicidade de personalidades que a torna tão interessante.
Centro e Lastarria
A Plaza das Armas é o marco zero da cidade. Cercada de casarões coloniais, ganhou o nome ameaçador para inibir o ataque de índios, que arrasaram a vila de Santiago del Nuevo Extremo seis meses após sua fundação, em fevereiro de 1541. Sinta a atmosfera entre palmeiras centenárias, dançarinos de rua e velhinhos jogando xadrez, e contemple o belo prédio do Correo Central, de 1882. Entre na Catedral Metropolitana, cuja fachada neoclássica data de 1789 e, depois, conheça a história chilena em vinte minutos no pequeno Museo Histórico Nacional, em um prédio de 1808.
Na Calle Bandera, o Museo Chileno de Arte Precolombino guarda múmias chinchorro, povo de pescadores que viveu há mais de 7 mil anos no norte do Chile e sul do Peru. Trata-se da forma mais antiga de preservação de cadáveres humanos conhecida. A coleção também tem esculturas maias, tecidos andinos, chapéus, vasos e outras peças de arte pré-hispânica de todo o continente americano, inclusive de astecas e incas.
Quatro quadras ao norte da Plaza de Armas, o Mercado Central é a típica atração ame-ou-odeie, onde vendedores gritam a plenos pulmões pra te convencer a levar moluscos, crustáceos e peixes ainda agonizando e garçons disputam os fregueses a tapa na porta. Evite os restaurantes mais turísticos da parte da frente e rume àqueles que ficam nos fundos, que servem pratos como o típico caldillo de congrio (sopa de peixe) e a centolla, o famoso caranguejo gigante. Mas é bom lembrar que o trunfo do lugar não são os pratos elaborados, mas o frescor do produto.
Se preferir pular o Mercado Central, da Plaza de Armas basta caminhar por três quadras ao sul para chegar no Palacio de La Moneda, uma das poucas sedes de governo no mundo abertas para visita. Inaugurado em 1805 como Casa da Moeda, o edifício exibe um lindo estilo neoclássico e é cercado por uma praça florida. Foi neste prédio onde morreu o presidente socialista Salvador Allende, em setembro de 1973, deposto por um golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet. Nos dois pátios internos, dá para ver canhões, fontes e dezenas de laranjeiras. A cerimônia da troca da guarda presidencial dura 40 minutos e começa às 9h50 em dias de semana e às 10h50 em feriados e fins de semana.
La City é o nome popular do coração financeiro de Santiago, nas proximidades da esquina da Calle Moneda com a Paseo Bandera. Ali nasce uma estreita rua de pedestres onde fica o prédio da Bolsa de Comercio, a Bolsa de Valores chilena: de 1917, também em estilo francês, tem uma charmosa torre com relógio e se tornou um dos pontos mais fotografados de Santiago. O asfalto da rua em frente tem uma pintura colorida, que anda um tanto desgastada, mas também compõe o clique.
Caminhe pela Paseo Ahumada, uma via comercial por onde só circulam pedestres, e siga em direção à Igreja de São Francisco, uma das construções mais antigas de todo Chile. A igreja foi consagrada em 1622 e, ainda que a sua torre tenha sido destruída por um terremoto em 1647, o restante da estrutura resistiu.
Bem ao lado, o Barrio Paris Londres é composto de duas ruas estreitas – a Paris e a Londres. O nome vem a calhar. Dos paralelepípedos que cobrem ruas e calçadas às charmosas mansões de três andares, tudo remete à Europa do século passado. Nos anos 1920, vários arquitetos fizeram essas fachadas: uma de tijolos, outra com sacada ajardinada, uma terceira adornada com mosaicos e várias com torres circulares. O cenário rende belas fotos, mas falta um pouco de “vida” na região. O passeio fica mais interessante quando está acontecendo o Mercado Paris Londres: realizado em um final de semana a cada mês, o evento reúne barracas vendendo artesanatos, antiguidades e discos de vinil.
No bairro também está o cênico parque Cerro Santa Lucía. Subindo por suas alamedas, entre murais, estátuas e até de uma fonte inspirada na romana Fontana di Trevi, chega-se a mirante com vista panorâmica para Santiago.
Dali, faça uma visita ao Museo de Bellas Artes, um edifício de estilo neoclássico com detalhes em art nouveau. O museu guarda 5 600 pinturas e esculturas de artistas europeus e chilenos e ainda é rodeado pelo Parque Florestal – um lugar agradável, com árvores altas e frondosas, cheio de banquinhos.
O bairro vizinho Lastarria está cada vez mais charmoso. Passeie pelas ruas Merced, Rosal e José Victorino Lastarria, onde estão boutiques, cafés, bares, restaurantes, uma feirinha com produtos de designers locais e o bom Museo de Artes Visuales (MAVI). O adjacente Centro Gabriela Mistral também vale uma passada: no prédio onde já ficou uma junta militar do general Augusto Pinochet, o centro de 22 mil metros quadrados de arquitetura arrojada acomoda café, lojas e salas para exposições, peças, shows e concertos.
Do Centro, vale esticar o passeio até o Barrio Brasil só para conhecer o Museo de la Memoria y los Derechos Humanos (a linha 5-Verde do metrô deixa na porta). Hoje um dos mais interessantes da cidade, exibe murais, vídeos e documentos que destrincham a ditadura militar no Chile, do golpe aos anos que se sucederam, quando mais de 3 mil pessoas foram mortas e cerca de 30 mil foram presas e torturadas, além dos milhares de exilados.
Bellavista e Providencia
Bellavista é o bairro tradicionalmente cult e boêmio da cidade, com ruas tomadas por bares que montam mesas nas calçadas. Turistas adoram o Patio Bellavista, um complexo com lojinhas, restaurantes e bares de música ao vivo.
Ali também está La Chascona, uma das três casas do escritor chileno Pablo Neruda, erguida em 1953 para sua terceira mulher, Matilde Urrutia, dona de abundantes cabelos avermelhados e apelidada de “La Chascona” (a descabelada). Estão expostos os antigos ambientes da casa, com móveis e objetos da época, uma pinacoteca e uma coleção de objetos africanos – o áudio-guia é essencial para tentar compreender o brilhante poeta.
Da Calle Pio Nono sai um funicular que leva ao topo do Cerro San Cristóbal. Os dez minutos de subida garantem uma vista privilegiada da cidade, e no cume está a estátua da Virgen de La Inmaculada Concepción, com catorze metros de altura. Abaixo dela, o pessoal se senta nas escadas para contemplar a vista. O cerro fica no Parque Metropolitano, que tem mais de 700 hectares e conta com jardim japonês, com direito a um belo lago com pedras, lanternas orientais e dezenas de cerejeiras.
Em outra das encostas da montanha, já no bairro de Providencia, está o Jardin Botânico Mapumelu. Dividido em regiões do Chile, é casa de cerca de 80 espécies nativas.
Providencia é um bairro central com ares de Avenida Paulista. Ali tem de tudo: hotéis, restaurantes, comércio trivial, shoppings. Em um dia de sol, vale conhecer o Parque de las Esculturas, uma área de 21 mil metros quadrados com esculturas de diferentes tamanhos, formas e materiais assinadas por artistas como Marta Colvin, Claudio Girola e Federico Assle.
De lá, entre no shopping Costanera Center para subir ao Sky Costanera, um observatório a 300 metros de altura com um salão envidraçado e vistas 360 graus de Santiago. Se possível, deixe para visitar o mirante mais alto da América Latina em um dia de céu aberto, quando é possível ter uma visão melhor da Cordilheira dos Andes.
Santiago é uma das cidades mais poluídas da América do Sul. Presa em um vale cercado pela Cordilheira dos Andes, a capital sofre todos os anos com a inversão termal durante os meses de inverno, de maio a setembro, que não deixa os poluentes se dissiparem. O mesmo acontece quando há muitos dias seguidos em chuva. O resultado é o smog, palavra esquisita que mistura os termos em inglês “smoke” (fumaça) e “fog” (neblina).
Ao sul de Providencia, está o Barrio Italia. Esse bairro de classe média ocupado por imigrantes italianos e espanhóis no início do século 20 tem se transformado na última década. Ao redor de sua artéria principal, a Avenida Italia (desça na estação de metrô Santa Isabel), pipocam lojinhas independentes, cafés charmosos e restaurantes bacanas – de preferência, vá em um sábado, quando a coisa ferve. Não perca a Estación Italia, uma galeria que congrega várias pequenas lojinhas de designers locais, de livros infantis a mochilas, de louças a almofadas, de brincos a quadros ilustrados. Veja também os antiquários da Calle Caupolicán, que tem uma quadra inteira tomada por pequenas oficinas de restauro de móveis antigos.
Las Condes e Vitacura
Centro financeiro da capital chilena, Las Condes tem como artéria a Avenida Apoquindo, que pode remeter a uma mistura entre a Avenida Paulista e a Avenida Faria Lima pelos prédios de escritórios, calçadas largas e o vai e vem de pessoas caminhando rumo ao metrô. A diferença é que os prédios não são muito altos, para suportar melhor os terremotos frequentes no Chile.
Um dos redutos de calma na avenida é o Mercado Urbano Tobalaba, ou MUT. Inaugurado parcialmente em 2023, o empreendimento está sendo gradualmente expandido, com mercado no subsolo e lojas e restaurantes espalhados por mais cinco andares. O destaque é o jardim urbano no terceiro piso, com vista para o prédio do Sky Costanera.
Mas outra importante via de Las Condes é a Avenida Isidora Goyenechea, onde se enfileiram ótimos restaurantes. Se estiver por lá em um domingo, dê um pulo na feira de antiguidades que acontece na Plaza Perú. O Museu Interativo de Las Condes, por fim, fica em uma mansão dos anos 1940 convertida no primeiro museu completamente audiovisual do Chile.
Já colado em Vitacura, ainda que pertença oficialmente à Las Condes, o Parque Araucano tem pista de skate, parquinho com chão de areia e um roseiral que fica todo florido na primavera. Atrás dele está o enorme Shopping Parque Arauco, que chama atenção pela área ao ar livre onde estão concentradas grifes e restaurantes.
Bairro mais endinheirado da cidade, Vitacura tem ruas largas e arborizadas que dispõem uma coleção de lojas de design, galerias de arte e restaurantes premiados. O metrô não chega até ali – desça na estação Tobalaba e pegue um Uber ou táxi para cumprir os 3 km restantes.
Ali fica o Parque Bicentenario, que é o mais gostoso da cidade, com gramados e canteiros bem cuidados e um laguinho com flamingos.
Outro espaço interessante é a CV Galeria, onde lojas e restaurantes descolados se espalham por dois andares abaixo do nível da rua. À medida que cai a noite, o lugar vai ficando mais badalado.
Vale ainda explorar o pedaço entre as avenidas Nueva Costanera e Alonso de Córdoba, onde há uma galeria de arte atrás da outra.
Bate e voltas
Por mais que Santiago conte com atrativos suficientes por si só, quem chega geralmente fica curioso com as possibilidades de passeios bate e volta. Para os brasileiros, não poderia ser diferente. Com poucas horas de viagem, achamos atrações inéditas para nós: neve, o Oceano Pacífico e quilômetros de vinhedos.
Mas, para não perder tempo, é bom ficar de olho no calendário. Nos meses das férias de verão, as praias ficam lotadas. Entre junho e setembro, o mar vira um gelo, mas aí a dica é ir para as montanhas e se aventurar nas pistas de esqui. O inverno chileno pode se estender do fim de maio a meados de outubro. Na primavera e no verão, vale dar uma passada nos vinhedos, que ficam carregados nessa época. A festa da vindima e a colheita das uvas chegam ao auge em março.
Valparaíso e Viña del Mar
A 115 km, Valparaíso tem suas ladeiras repletas de murais de arte urbana, cafés e lojas bacanas (a área turística está centrada nos Cerros Alegre e Concepción), além de outra casa-museu de Neruda, a La Sebastiana. Sua vizinha Viña del Mar vale a visita para almoçar em alguns dos restaurantes de frutos do mar fresquíssimo como o Cap Ducal e o Donde Willy.
Se não quiser comprar um tour, é fácil ir por conta própria de ônibus: a Turbus e a Condor fazem o trajeto do Terminal Pajaritos (acessado pelo metrô Pajaritos) e do Terminal Sur ou Alameda (acessado pelo metrô Universidad de Santiago) e têm diversas saídas por dia; veja os horários no site. Comece o dia em Viña del Mar e depois vá a “Valpo” de metrô – são apenas 15 minutos entre a estação Miramar e a Bellavista. Para voltar a Santiago, é só tomar o ônibus do Terminal Rodoviário de Valparaíso.
Cajón del Maipo
A cerca de 100 km de Santiago está o Cajón del Maipo, uma bela região de montanhas banhada pelo rio de Maipo. Agências vendem tours diversos que podem incluir esportes de aventura como trekking e cavalgadas e visitas a lugares como o Embalse El Yeso, uma represa de águas azuladas entre montanhas nevadas, e as piscinas termais de Baños Colina. O passeio não acontece no inverno, quando a estrada para essa região é fechada devido ao risco de deslizamentos.
Vinícolas
Também há uma série de vinícolas próximas que dispõem tours guiados com degustação. A gigante Concha Y Toro oferece várias opções de passeio e pode incluir visita aos jardins e à casa de verão da família. É possível chegar por conta própria: desça na estação de metrô Las Mercedes e pegue a saída “Concha y Toro Ocidente”. De lá você pode tomar um Uber, táxi ou ônibus (números 73, 80 e 81) até a vinícola.
A Cousiño Macul, que leva até para passeios de bicicleta pelos vinhedos, também tem fácil acesso: desça na na estação Quilin e dali um Uber, táxi ou ônibus (o D17) levam até a vinícola em 10 minutos. Também aceitam visitas a Santa Carolina (colada no metrô Rodrigo de Araya), a Undurraga (pegue um ônibus para Talagante no Terminal San Borja e peça para o motorista te deixar na vinícola) e a Santa Rita (desça no metrô Las Mercedes e tome um Uber ou táxi). Agências organizam tours com transporte.
Neve
Quem vai durante a temporada de neve pode curtir as estações de esqui em funcionamento. As três mais próximas de Santiago, Valle Nevado (67 km), El Colorado (60 km) e Farellones (70 km), podem ser visitadas em tours de um dia e também têm atrações para não-esquiadores, como tirolesa e tubing (tobogãs com boias na neve). A estrada até elas é desafiadora e ir de carro alugado não é boa opção – melhor contratar o passeio com uma agência, como a Snowtur. O bate e volta para Portillo, que fica na frente da bonita Laguna del Inca, é mais cansativo pela distância: são 130 km, passando pela famosa estrada Los Caracoles.
Como chegar
O Aeroporto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez, também conhecido como Pudahuel, fica a aproximadamente 20 km do centro. A Latam, a SKY e a Jetsmart operam voos diretos do Brasil para lá. Empresas de ônibus como a Tur-Bus e a Centropuerto levam até estações de metrô em cerca de 40 minutos com diversas saídas por dia. Para ser deixado na porta do hotel, veja transfers privativos ou compartilhados como a Transvip. Se preferir táxi, peça com a Taxi Oficial, que tem guichê no aeroporto – não é recomendado tomar táxi na rua; golpes e roubos com turistas são comuns.
Como circular
Quem se hospeda em regiões centrais consegue fazer muita coisa a pé. O Centro, que concentra a maioria das atrações, é perfeito para caminhar – tudo ficar perto. Em Lastarria e Bellavista, não há porque fazer diferente. Providencia e Las Condes já são mais espaçadas, mas cabe em suas pernadas. O bairro mais elegante, Vitacura, é exceção: cortados por avenidões e viadutos, é território de automóveis.
Em geral, as seis linhas do metrô dão conta do recado (dá até para chegar perto de algumas vinícolas) e ainda evitam o trânsito, que não é pouco. O sistema de ônibus também é eficiente. Para consultar as linhas, baixe o aplicativo do Metrô de Santiago (disponível para iOS e Android) e da Rede de Mobilidade Metropolitana (disponível para iOS e Android). O transporte público é acessado com o cartão BIP, que pode ser adquirido nas estações de metrô (ônibus não aceitam dinheiro). Também existe um aplicativo para consultar o saldo do cartão (disponível para iOS e Android).
Apesar de não serem propriamente regulamentos, aplicativos como o Uber e o Cabify são amplamente usados e são baratos. Para chamar um táxi, prefira usar aplicativos como o Easy Taxi, já que golpes contra turistas são comuns.
Não há motivo para alugar um carro em uma viagem a Santiago: o trânsito é complicado e só vale a pena se for viajar pelos arredores. Além disso, os estacionamentos cobram por minuto e são caros.
Documentos
Brasileiros podem entrar no Chile com o RG ou com o passaporte, com validade para duração da estadia. A CNH não serve como documento de identidade para entrar no Chile, mas será necessária caso você pretenda dirigir no país.
Também é preciso preencher online a Declaração Jurada – SAG, indicando caso você esteja entrando no país com algum produto de origem vegetal ou animal. Ao passar pela imigração, você receberá a Tarjeta Única Migratoria (TUM). É preciso guardar o papel durante toda a viagem, porque ele será solicitado na saída do Chile.
Dinheiro
A moeda oficial é o peso chileno (consulte a cotação do dia). O mais recomendado é fazer o câmbio no Chile, onde a cotação costuma ser mais favorável (evite apenas trocar dinheiro no aeroporto). A grande maioria das casas de câmbio de Santiago troca o real pelo peso. Há muitas delas na Calle Agustinas, no Centro, mas a região não anda tão segura. Existem outras opções na Calle Pedro de Valdivia, em Providencia, e na Calle El Bosque, em Las Condes. Outra opção vantajosa é usar o cartão multimoeda da Wise, que tem conta em pesos chilenos e funciona bem no país.
Língua
O idioma é o espanhol. Para os brasileiros que não falam a língua, é mais simples se comunicar em português do que em inglês. Como o turismo de brasileiros só cresce, os santiaguinos já arriscam um “portunhol”. Mas o espanhol que se ouve nas ruas é complicado: o chileno, em seu dia a dia, fala rápido e usa muitas gírias.
Segurança
A capital chilena é uma das cidades mais seguras da América do Sul, embora o aumento da criminalidade venha chamando atenção de uns tempos para cá. Ainda assim, é uma violência ainda incipiente se comparada ao que acontece nas grandes cidades brasileiras.
Em áreas mais movimentadas e no transporte público, os crimes mais comuns são os furtos de celulares, bolsas e sacolas de compras. Furtos em estacionamentos também podem acontecer e, por isso, o ideal é preferir estacionamentos privados.
Em Providencia, Las Condes e Vitacura, é grande a sensação de segurança nas ruas. É preciso ter mais cuidado no Centro e evitar a região à noite – depois das 19h, tudo fica deserto. Nos bairros Lastarria, Brasil e Bellavista, não custa evitar percursos mais longos durante a noite.
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