Lençóis Maranhenses
Existem três bases para conhecer o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses: Barreirinhas, Santo Amaro e Atins. A primeira é a mais famosa e estruturada, mas não significa que seja a melhor. Antes de definir a sua viagem, considere os prós e contras das outras duas, que vêm crescendo nos últimos anos e preservam um ar mais roots:
Barreirinhas
Possui uma boa variedade de pousadas, restaurantes e agências de passeios, o que faz com que seja conveniente para quem viaja de pacote ou busca opções mais econômicas.
O burburinho é na Avenida Beira-Rio, que à noite tem a sua graça com músicos tocando na calçada e mesas espalhadas de frente para o Rio Preguiças. Fora dali, o município é composto por ruas pouco charmosas e movimentadas, principalmente de motos.
Apesar da maioria dos viajantes se hospedar em Barreirinhas para conhecer os Lençóis Maranhenses, essa é na verdade a base que fica mais distante do parque nacional: é preciso pegar uma balsa para atravessar o Rio Preguiças e encarar um trajeto de mais de uma hora por uma estrada de areia e mata fechada até chegar às lagoas mais próximas.
Por outro lado, Barreirinhas oferece uma variedade maior de atividades para além das lagoas e que são ótimas, como os passeios de voadeira pelo Rio Preguiças até Caburé e o bóia-cross no Rio Formigas.

Santo Amaro
Por anos, o difícil acesso manteve Santo Amaro fora do radar. Graças ao asfaltamento da estrada e a construção de uma ponte sobre o Rio Alegre, agora qualquer carro consegue chegar ao centrinho da vila. Mas pelo visto a notícia ainda não se espalhou: suas dunas e lagoas continuam recebendo poucos visitantes, que aproveitam a paisagem em silêncio.
Santo Amaro está bem na entrada do parque nacional – sair da pousada e, em questão de minutos, já estar mergulhando na primeira lagoa do dia foi a cereja do bolo para mim. Com mais ruas de areia do que asfaltadas, o povoado de pouco mais de 16 mil habitantes tem casas simples, pequenas mercearias, uma praça central com igrejinha e só.
Ou seja, é preciso ir ciente que dá para contar na mão as opções de bons restaurantes e que a vida noturna é inexistente. A oferta de hospedagem melhorou nos últimos tempos, com pousadas charmosas, mas que continuam passando longe de qualquer luxo.
Cá entre nós, um preço pequeno a se pagar diante de um fato: em Santo Amaro estão as paisagens mais bonitas dos Lençóis Maranhenses. As dunas por lá são mais altas, as areias são mais brancas e, de quebra, as lagoas em tons de azul e verde costumam durar mais tempo. Mas não espalhe.

Atins
No encontro do Rio Preguiças com o mar, Atins é a base praiana e badalada dos Lençóis Maranhenses. Além de estar colado no parque nacional, o vilarejo também é um dos hotspots do kitesurfe no Brasil.
No radar dos velejadores do mundo todo, Atins ganhou pousadas e restaurantes sofisticados nos últimos tempos. Mas sua atmosfera rústica segue firme e forte, a começar pelas ruas de areia fofa, que vão fazer você exercitar as panturrilhas, fazer malabarismos para não queimar o pé a caminho da praia – e desejar um quadriciclo de vez em quando, o “Uber” local.

QUANDO IR
Os Lençóis Maranhenses possuem duas estações bem demarcadas: quando chove e quando não chove. É durante o primeiro semestre do ano, chamado de “inverno”, que as chuvas caem e preenchem os lençóis freáticos, que acabam transbordando e formando lagoas entre as dunas. O tempo firma no segundo semestre, quando o “verão” vai gradualmente secando as lagoas.
O momento ideal para conhecer o parque nacional é quando as chuvas já foram embora, mas as lagoas estão cheias, uma janela curta de tempo que dura cerca de quatro meses. Isso geralmente acontece entre junho e setembro, mas há variações dependendo do quanto choveu naquele ano.
Uma das vantagens de eleger Santo Amaro como base é que por lá as lagoas costumam durar um pouco mais do que em Barreirinhas e Atins. Fui testemunha disso: apesar da pouca chuva no primeiro semestre de 2023, as lagoas ainda estavam lindíssimas na segunda metade de agosto, quando estive em Santo Amaro.
No caso específico de Atins, quem viaja com a intenção de velejar deve ter em mente que a temporada de kitesurfe acontece entre agosto e dezembro, sendo que de outubro em diante há poucas chances de ver as lagoas cheias.
ONDE FICAR
Barreirinhas
A melhor opção de hospedagem em Barreirinhas é o Porto Preguiças Resort, que se destaca pela área de lazer com duas piscinas, quadras de tênis, academia e restaurante. Há também caiaques à disposição para remar no Rio Preguiças, logo em frente. Fica afastado do centrinho, mas próximo da fila da balsa.
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O Porto Preguiças é vizinho do Orla Náutica, onde me hospedei, composto por chalés simples para até quatro pessoas. Há piscina, redário e um deck que dá acesso ao Rio Preguiças.
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Do lado oposto de Barreirinhas, também afastado do centro e à beira do Rio Preguiças, está a Encantes do Nordeste. Destaque para a categoria “suíte”, que tem cama king-size, sala de estar separada do dormitório e banheira de hidromassagem.
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A Encantes do Nordeste é praticamente vizinha do Gran Lençóis Flat Residence, que chama atenção ao longe pelo tamanho: é uma construção de seis andares, algo praticamente inexistente em Barreirinhas. Tem piscinona e sala de jogos.
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A Pousada Murici une o melhor dos dois mundos: fica no centrinho e tem praia de rio. A decoração das áreas sociais é composta por peças de cerâmica, figuras religiosas e artesanato sob o tema do bumba-meu-boi.
A Pousada do Buriti é uma das melhores opções no centrinho e serve um café da manhã elogiado. Fica a cerca de cinco minutos da Avenida Beira-Rio. A Pousada Lins está ainda mais próxima, a 200 metros, e possui quartos para até quatro pessoas.
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Uma opção econômica na região é o Hostel Em Boas Mãos, com dormitórios compartilhados e privativos – alguns possuem ar condicionado e outros, ventilador (consulte antes de reservar).
Santo Amaro
Santo Amaro é um vilarejo pequeno que recebe todos os visitantes em uma temporada de apenas quatro meses ao ano. Por isso, planeje-se com antecedência para garantir disponibilidade na pousada de sua preferência.
A Pousada Lençóis Maranhenses, inaugurada em 2022, é a maior do município e foi onde me hospedei. São 56 quartos novinhos e bem confortáveis, distribuídos em quatro prédios de dois andares. A pintura nas laterais imitando pedras não faz minha cabeça, mas as fachadas coloridas tinham sua graça. Para completar, a pousada tem piscina: era a gente chegar do passeio para pular na água e ficar por lá até escurecer.
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Como estávamos de carro alugado, veio bem a calhar o fato de todo o caminho ser asfaltado até a Pousada Lençóis Maranhenses, o que é mais exceção do que regra em Santo Amaro. Outra opção para quem está em veículo comum é a Pousada Rancho das Dunas, com chalés independentes espalhados por um jardim onde também há redes sob a sombra de um cajueiro. A categoria “quarto deluxe” é especialmente charmosa, com acabamentos em madeira e palha e uma piscina privativa.
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A econômica Pousada Paraíso recebe grupos de até cinco pessoas e tem como trunfo a localização, a cinco minutos a pé da praça central – o caminho até ela também é pavimentado.
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A partir daqui, todas as pousadas mencionadas têm acesso por rua de areia. A dez minutos de caminhada da praça central, a Vila do Junco tem atmosfera rústica e cheia de charme. É composta por bangalôs de madeira e palha (nem todos com ar condicionado) e possui uma piscina de água natural, sem cloro.
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O Quintal de Areias, a quinze minutos a pé do centrinho, é muito elogiada pelo atendimento, mas também muito disputada: são apenas quatro quartos.
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A agência Ciamat, com quem eu fiz os passeios, possui uma pousada chamada Ciamat Camp, à beira do rio: há uma prainha de água doce privativa com caiaques à disposição. A hospedagem pode ser em chalés de madeira, que lembram muito os lodges de selva na Amazônia, ou em quartos de alvenaria, com ar condicionado. A questão é que a pousada fica na margem do rio oposta ao centrinho, o que torna mais difícil circular pela cidade: para chegar à praça central, é preciso dar uma volta e atravessar a ponte, o que leva cerca de 15 minutos de carro. Mas dentro da pousada há um restaurante com opções de massas e risotos – os donos são italianos.
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Já a Vila Capininga Ecopousada, aberta em 2019, tem chalés de alvenaria que acomodam até quatro pessoas e rede na sombra. A hospedagem fica a mais de 20 minutos de caminhada da praça central, mas oferece transporte até lá por uma taxa.
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Santo Amaro também possui algumas casas para aluguel de temporada. A Casa Lençóis é tão luxuosa que chega a ser difícil acreditar que fica mesmo na vila. Até 14 pessoas podem desfrutar da mansão com piscina no terraço e dois funcionários à disposição. Fica dentro de um condomínio fechado com outra piscina, quadra poliesportiva e até heliponto.
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Já a Oiá vai além da hospedagem: a casa com projeto assinado por Marina Linhares fica em uma propriedade mais afastada do centro, cercada por vegetação e a estadia inclui alimentação completa e passeios. É o rústico-chique fincando bases em Santo Amaro. São apenas cinco suítes e, na casa principal, fica a cozinha e uma área de convivência formada por sala e um grande terraço. Perto da casa, dois outros bangalôs de 31 metros quadrados primam por delicadezas na decoração. Existe também a possibilidade de reservar a acomodação por inteiro para grupos de até 17 pessoas; saiba mais.
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Atins
Às portas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, em um canto afastado do agito do vilarejo, La Ferme de Georges tem bangalôs amplos com ênfase materiais naturais, que passaram por uma reforma recente e ganharam ar-condicionado. Leva a sério a sustentabilidade — tem horta orgânica, aquecimento solar e arquitetura coerente com o vilarejo —, conta com piscina e dispõe de uma simpática base na praia, instalada em uma antiga casa de pescador.
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Para se hospedar pertinho do mar, com o pé na areia, a Vila Vento é uma boa pedida, com bangalôs de madeira e piscina. Também fica em frente ao oceano o Santa María Atins, elogiado pelas redes espalhadas por uma agradável área comum.
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Outras opções próximas à praia incluem a Vila Aty Lodge, que dobrou de tamanho após uma expansão em 2023 e tem até quadra de beach tennis; e a Rancharia Charm Beach, nova no pedaço, que possui quartos em estilo rústico e uma bela piscina.
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No centrino do vilarejo, o Anacardier é um hotel de luxo intimista. Já a Lagoa do Vento possui, além de restaurante, a sua própria padaria.
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ONDE COMER
Barreirinhas
O centrinho de Barreirinhas está assistindo a chegada de grandes redes: agora há uma loja d’O Boticário e uma unidade do fast food de sanduíches Subway.
Mas na Avenida Beira-Rio ainda predominam dois restaurantes das antigas com música ao vivo e cardápios que têm de tudo um pouco: O Jacaré e A Canoa. Nesse último, almocei um bom prato de peixe ao som de um forrozinho.
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Por ali também fica O Bambu, que serve sushis e yakissobas. Para a sobremesa, vá à Sorveteria Frutos de Goiás – o de cupuaçu é uma delícia.
Em uma travessa da Avenida Beira-Rio, o Nautz foi um achado. Comemos bons hambúrgueres nas mesinhas de madeira espalhadas pela calçada enquanto assistimos um músico arrasar no violão.
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Faltou conhecer o elogiado Bambaê, que fica afastado no centro, mas ainda à beira do Rio Preguiças. Quem vai de dia consegue dar um mergulho antes ou depois do almoço. À noite, o cardápio inclui pizzas.
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Santo Amaro
A cena gastronômica de Santo Amaro ainda engatinha. Em geral, paga-se caro por pratos muito simples. Na dúvida, os PFs de peixe costumam ser uma opção sem erro. Além disso, as pousadas costumam ter seus próprios restaurantes.
O restaurante com o ambiente mais bonito – instagramável, até – é o Dunas Bistrô, mas os preços são altos.
Bom que estão surgindo novas opções em torno da pracinha, que fica bem gostosa à noite com as mesinhas – uma pena serem de plástico – espalhadas pela calçada. É o caso do Jordan Burger, onde comemos um bom hambúrguer, e do Farol Bistrô, que tem carnes, risotos e massas no cardápio. Por ali, também fica a Casa do Picolé, com sorvetes feitos de frutas regionais.
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Caminhando por uns dez minutos a partir da praça, descobrimos dois restaurantes vizinhos com ambiente bem agradável à beira do rio. No Cajueiro (dentro da pousada de mesmo nome) provamos a pizza, simples e gostosa. Já o Rota do Sabor serve vários pratos de peixe e camarão, mas o carro-chefe da casa é mesmo a carne de sol com batata frita.
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Ainda na beira do rio, o Sol de Amaro serve um famoso arroz de cuxá (arroz branco cozido no molho de vinagreira com camarão seco e farinha de mandioca), entre outros pratos típicos maranhenses.
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Atins
O melhor restaurante do vilarejo é o do hotel La Ferme de Georges, que segue o conceito garden-to-plate (do jardim ao prato). Não é só papo: boa parte dos vegetais saem diretamente da horta cuidada com esmero por seu Osmar, que fica logo ao lado do bar, onde vale tomar um drink antes de jantar.
Com receitas elaboradas, o Pininga muda o cardápio todo dia, de acordo com os ingredientes frescos.
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Para comer uma boa moqueca e outros pratos de frutos do mar, o Casa de Juja é um clássico. Para pizzas, vá à Pousada Maresias, cujo restaurante prepara as redondas com massa de fermentação natural, assadas no forno a lenha.
O camarão de Atins é um assunto à parte. E, nesse território, o da Luzia, no Canto do Atins, é quase uma lenda. Com o passar do tempo, a cozinheira ganhou concorrentes na vizinhança e, hoje em dia, cada restaurante tem os seus fãs.
Outra boa opção é a singelíssima Barraca do Pescador, na praia de Atins. Discretíssimo, o lugar é pilotado pela genial Mãzinha, que domina a arte do camarão e também faz uma cocada com calda de “chocolate” (que, na verdade, é de maracujá). A família também tem uma agência de passeios, a Mano Tour.
O QUE FAZER
Apenas veículos 4×4 autorizados podem adentrar o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, de forma que é preciso contratar uma agência de passeios para conhecer as dunas e lagoas. A Taguatur e a São Paulo Ecoturismo opera passeios em Barreirinhas e Atins. Em Santo Amaro, a Ciamat é uma das melhores. Já a Caetés atua nas três bases.
Passeios em Santo Amaro
De todas as memórias que guardo dos Lençóis Maranhenses, a mais impactante foi a do meu primeiro passeio em Santo Amaro. Depois que a jardineira me buscou na pousada, rodamos por menos de dez minutos até alcançar a entrada do parque nacional. Dali, foi só subir a primeira duna para dar de cara com uma lagoa maravilhosa. A rapidez me pegou de surpresa e meus olhos marejaram diante de tanta beleza. A proximidade é apenas um dos luxos embutidos nos passeios em Santo Amaro.
Outra comodidade é o fato dos carros pararem pertinho das lagoas, de forma que você não precisa caminhar por muito tempo pela areia fofa, o que às vezes envolve afundar a perna até o joelho. Não é questão de preguiça: esse pode ser um baita diferencial para pessoas de mais idade ou que têm dificuldades de locomoção. De quebra, os guias ainda montam cadeiras e guarda-sóis à beira da água, que em algumas lagoas é povoada de peixinhos devido à proximidade com o Rio Alegre.

Os passeios podem durar meio dia ou um dia inteiro e, em alguns casos, incluem paradas para almoço nos “oásis”, que são pequenos vilarejos em meio ao areal. Em geral, os tours terminam no alto de uma duna para assistir ao pôr do sol, um espetáculo que você vai querer repetir dia após dia.
Confira, a seguir, os principais passeios por Santo Amaro:
Circuito Andorinhas
O passeio visita as lagoas mais próximas, com paradas para banho na Lagoa do Recanto e na Lagoa das Andorinhas. Fiz esse circuito logo no dia que cheguei a Santo Amaro, o que foi uma decisão acertada porque passa-se pouco tempo no carro e mais tempo relaxando nas lagoas. Caso você opte pela saída no período da tarde, o passeio termina com o pôr do sol no alto de uma duna.
Duração: Meio dia

Circuito Betânia
O passeio é um dos mais populares porque passa por diferentes e belíssimas lagoas. De fato, foi meu favorito. O roteiro pode variar, mas no meu caso começou com banhos na Lagoa do Cajueirinho e na Lagoa da Mochila. Depois, trocamos a jardineira por um barco para atravessar o Rio Alegre e percorrer uma curta trilha pela mata até chegar ao oásis de Betânia, onde almoçamos um ótimo PF de peixe (refeição paga à parte). De volta à jardineira, fizemos mais uma parada para banho na Lagoa do Lavado e terminamos assistindo ao pôr do sol.
Duração: Dia inteiro

Circuito Emendadas
O circuito ficou de fora do meu roteiro porque envolve caminhadas mais longas, o que não empolgou meu marido e meus pais, com quem eu estava viajando. A jardineira roda por mais de meia hora até chegar ao limite do parque nacional. A partir daí, é preciso caminhar por cerca de uma hora e meia até o topo de uma duna, para ver de cima o visual das Lagoa das Emendadas, que dizem ser a mais bonita de todo Lençóis Maranhenses. Depois do pôr do sol, é preciso andar por mais cerca de 40 minutos de volta para o 4×4: a caminhada é feita já ao anoitecer, de forma que a recompensa é admirar o céu estrelado.
Duração: Dia inteiro

Circuito América
Muita gente deixa esse circuito de fora, mas ele me surpreendeu muito positivamente: foi o passeio em que mais relaxamos e tivemos tempo de curtir as lagoas. Além disso, ele se diferencia dos outros porque não envolve atravessar as dunas de jardineira. Um carro comum nos levou até a beira do Rio Alegre, onde pegamos barcos do tipo voadeira. No trecho final, fomos caminhando por águas rasas até chegar a uma duna. Bastou escalar para ver que ela escondia a Lagoa do Toco e, logo atrás, a Lagoa da América. Passamos horas nos revezando entre uma e outra até chegar o pôr do sol, que assistimos do alto da duna. Das poucas pessoas que compartilhavam o lugar conosco, a maioria era local. A volta de voadeira, já com o céu mais escuro, foi quase uma epifania.
Duração: Meio dia

Passeios em Atins
Enquanto em Barreirinhas e Santo Amaro não há muito o que fazer para além dos passeios, em Atins é possível intercalar as saídas para explorar o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses com dias de descanso na praia: para isso, os beach bars Lar Doce Mar e Estresse Zero são boas opções.
Entre agosto e dezembro, temporada dos ventos, também é possível se aventurar no kitesurf e wing foil. Centros como Atins Kite Boarding e Lençóis Kiteboarding ensinam essas e outras modalidades, além de alugar equipamento.
Assim como em Santo Amaro, em Atins as jardineiras circulam pelas dunas e deixam bem pertinho das lagoas, onde são colocadas cadeiras de praia. O porém é que por lá as lagoas costumam secar mais cedo.
Circuito Ponta do Mangue
O passeio leva para ver as lagoas que estiverem mais cheias no momento, localizadas na região chamada de Ponta do Mangue. As mais famosas são a Lagoa da Esmeralda, Lagoa Gorjeta e a Lagoa Tropical. O tour, que pode ser de meio dia ou dia inteiro, geralmente inclui almoço com camarões grelhados – pode ser no Restaurante da Luzia ou em outro da região.
Duração: Meio dia
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Circuito Canto do Atins
Funciona de modo parecido ao Circuito Ponta do Mangue, com a diferença de que o destino é Canto do Atins, onde algumas das lagoas mais famosas são Lagoa do Gavião, Lagoa da Gaivota, Lagoa do Kite e Lagoa das Sete Mulheres.
Duração: Meio dia
Revoada dos Guarás
Realizado sempre no final da tarde, com saída por volta das 16h30, o passeio de voadeira leva para a confluência entre o mar, os manguezais e Rio Preguiças para ver o pôr do sol. Com sorte, é possível admirar a revoada dos guarás, à medida que esses pássaros vermelhos voam para dormir nas árvores.
Duração: Meio dia
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Plânctons luminescentes
O passeio, que só pode ser realizado em noites com pouca luz lunar (geralmente durante a Lua Nova), permite observar plânctons luminescentes em um banco de areia no meio do Rio Preguiças. Ao sacudir as mãos ou os pés na água, pontinhos brilhantes se acendem como mágica, mas nem adianta tentar filmar ou fotografar: as câmeras comuns não captam o fenômeno.
Duração: Meio dia
Como chegar
Barreirinhas
Da capital São Luís leva-se cerca de quatro horas de carro até Barreirinhas. Todo asfaltado, o trajeto começa na BR-135, segue pela BR-402 e termina na MA-225, que dá acesso a Barreirinhas. Fiz o percurso com tranquilidade com um carro Volkswagen Voyage alugado no aeroporto de São Luís.
Santo Amaro
Enquanto Barreirinhas e Atins ficam no lado leste do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Santo Amaro está no lado oeste e por isso geograficamente mais perto de São Luís. Porém, o tempo que se leva para ir da capital maranhense para Santo Amaro é o mesmo que para Barreirinhas: cerca de quatro horas.
O percurso começa na BR-135, segue pela BR-402 e termina na MA-320, que dá acesso a Santo Amaro. A MA-320 é asfaltada desde 2018, mas ainda faltava a construção de uma ponte sobre o Rio Alegre, que finalmente foi inaugurada em 2021. Até então, a viagem era a bordo de 4x4s que atravessavam o curso d’água pela parte mais rasa.
Com a conclusão das obras, agora é possível chegar até o centro do vilarejo em carro comum. Tirando um buraco aqui e outro ali que obrigavam a desacelerar, fiz o trajeto sem problemas com um sedan, mais exatamente um Volkswagen Voyage, alugado no aeroporto de São Luís.

Atins
Para chegar em Atins, é preciso ir primeiro para Barreirinhas (leia acima). De lá partem barcos que fazem o trajeto pelo Rio Preguiças. Isso pode ser feito em lancha regular, que segue sem paradas até o destino final, ou em um agradável passeio de dia inteiro.
Trata-se de um passeio bastante popular para quem se hospeda em Barreirinhas (leia mais em “Passeios em Barreirinhas”). A voadeira passa pela vegetação de mangue em torno do rio e faz paradas em Vassouras, que tem algumas dunas, uma lagoa e um parque eólico; no povoado de Mandacaru, onde a atração principal é o Farol Preguiças; e em Caburé, que tem praia de rio de um lado e praia de mar do outro.
De Caburé, os grupos se dividem: parte retorno para Barreirinhas e outra parte segue para Atins, que está a só dez minutos de distância. Caso opte por fazer o trajeto de Barreirinhas e Atins em um passeio, é preciso combinar isso com antecedência com a agência, que cobrará um valor adicional pelo trecho final.
Como circular
Barreirinhas
Estar motorizado pode ser útil para circular por Barreirinhas caso você esteja hospedado longe da Avenida Beira-Rio, onde se concentram os restaurantes.
Quem prefere não alugar carro pode contratar um traslado saindo de São Luís e usar os táxis e mototáxis, onipresentes nas ruas de Barreirinhas. Estando hospedado no centro, dá para fazer quase tudo a pé
Santo Amaro
Ainda que o asfalto tenha chegado até o centro de Santo Amaro, muitas ruas do município são de areia. Ou seja, uma vez dentro do vilarejo, existem trajetos que você consegue fazer em carro comum e outros em que só um 4×4 dá conta.
A dica de sobrevivência número um é perguntar de antemão se é possível chegar no hotel onde você está hospedado em carro comum. A número dois é dar a volta assim que se deparar com uma rua de areia pelo caminho.
Uma noite, indo da pousada até um restaurante, encontramos um trecho bem curto de areia. Meu pai, que estava ao volante, teimou que conseguiríamos passar. Resultado: o sedan atolou e o pneu patinava, jogando areia para tudo quanto é lado enquanto a gente tentava empurrar o carro. A sorte foi que em determinado momento passou um guia local, na verdade um anjo, que tinha as manhas e deu a força que faltava para gente sair daquele aperto. Lição aprendida.
Quem prefere não alugar carro pode contratar um traslado saindo de São Luís. A maioria das agências de passeios também oferece o serviço de transfer.
A contrapartida de estar a pé é que a maioria das pousadas fica distante da praça central, onde estão os restaurantes. A caminhada passa por ruas com pouca ou nenhuma iluminação e pode levar até 20 minutos, dependendo de onde você estiver hospedado. Se isso for um problema para você, peça na recepção para chamarem um moto-táxi. Além disso, a maioria das pousadas tem restaurantes próprios.

Atins
Como o acesso a Atins é feito de barco, todos os visitantes obrigatoriamente circulam a pé pela vila, que é relativamente pequena. As ruas são de areia de fofa, que exigem bastante das panturrilhas e queimam o pé quando o sol está forte. Vale ter isso em mente na hora de escolher a localização da sua hospedagem. Para trajetos mais longos, é possível chamar quadriciclos, que funcionam como o “Uber” local (peça indicação na sua pousada).
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