Angra dos Reis
Existe uma ilha para cada dia do ano em Angra dos Reis – isso mesmo, são nada menos que 365 pedaços de Mata Atlântica com areia branquinha e circundados por um calmo mar verde-água. Não à toa, a cidade (e o turismo) se adequaram a uma vida insular e os principais programas são os passeios de lancha, escuna e táxi-boat, adaptáveis ao tempo disponível e ao bolso do visitante.
É possível ainda mergulhar com cilindro – a região, que inclui a ilustre Ilha Grande, está entre os melhores picos para a prática do Brasil – ou simplesmente se render ao prazer de fazer nada nos resorts.
No continente, o cenário é menos paradisíaco. Em um eventual passeio pelo Centro, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de 1750, a Praça Zumbi dos Palmares, onde fica o Mercado do Peixe, e alguns prédios históricos valem a visita. Um deles é o Museu de Arte Sacra, com acervo de mais de 100 peças dentro da Igreja de Nossa Senhora da Lapa e Boa Morte, construída no século 18 e tombada pelo Iphan.
QUANDO IR
Quem conhece a extensão que vai do Litoral Norte paulista até o Litoral Sul do Rio de Janeiro, onde fica Angra dos Reis, já sabe: os meses de verão são também os mais chuvosos. Nos feriados e em julho, mês de férias escolares, os pacotes nos resorts tendem a subir. No dia 1º de janeiro, a Procissão Marítima de Ano Novo acontece desde 978 e está mais para micareta que para festa religiosa. Os barcos são enfeitados e os foliões vestem abadás e fantasias ao som de funk, axé e música eletrônica. A festa, com direito a open bar e prêmio para a embarcação mais animada, começa e termina no Centro, com trajeto que leva até a Ilha da Gipoia.
ONDE FICAR
As pousadas ficam na Estrada do Contorno, próximas ao Centro, e na Ponta Leste, com acesso pelo distrito de Monsuaba. Já os resorts estão distribuídos ao sul do município, nos distritos de Bracuí, Mambucaba e Frade.
Nesse último, o Fasano Angra dos Reis reúne todos os predicados da rede de luxo: decoração contemporânea apurada, equipe bem-treinada e alta gastronomia – o endereço de Angra conta ainda com marina e campo de golfe.
No município de Mangaratiba, mas quase em Angra, o all-inclusive ClubMed Rio das Pedras tem conjuntos de quartos em estilo colonial voltados para o mar e se diferencia dos outros resorts pelos esportes náuticos (esqui aquático e wakeboard), sem custo. Há ainda uma piscina menor e mais reservada, com bar, para quem não quiser participar das atividades com monitores.
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Refeições e bebidas também estão incluídas na diária no Vila Galé Eco Resort Angra. Nos quesitos lazer e relax há piscina, trilhas, kids club e área de spa. O Hotel do Bosque Eco Resort tem quartos amplos e uma charmosa área próxima ao Rio Mambucaba, com bar e piscina. Em uma construção com piscina na cobertura, o Angra Beach Hotel tem quartos com minicozinha decorados com tons neutros – a quatro quilômetros dali, uma área privativa com deque sobre o mar pode ser usada pelos hóspedes (o traslado é pago à parte).
A Pousada Casa do Bicho Preguiça tem uma proposta intimista. Bem-decorada, a antiga casa de veraneio fica debruçada sobre o mar, assim como o deque de madeira de onde saem passeios de barco. Também com jeito de casa de praia, a Pousada Mestre Augusto se distribui em um gostoso gramado com espreguiçadeiras e redário. Branco, fibras naturais e peças de decoração coloridas dão charme à área social e aos quartos.
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A piscina com borda infinita da Pousada Jamanta fica em um agradável deque de madeira de cara com o mar. O lazer inclui ainda sauna e área de churrasqueira. É possível reservar atividades como mergulho com cilindro, snorkelling, caiaque e stand-up paddle.
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Em frente ao canal de barcos de um condomínio, com saída fácil para passeios, o Angra Boutique Hotel oferece bicicletas para empréstimo. A vistosa piscina tem espelho d’água com espreguiçadeiras, bar molhado e passagem interna para a sauna.
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ONDE COMER
Apesar de ser uma cidade mais estruturada, Angra concentra menos opções gastronômicas que Ilha Grande, por exemplo – os visitantes costumam comer durante os passeios, por indicação dos barqueiros, na própria pousada (muitas têm restaurante) ou sem custo adicional nos resorts all inclusive.
Para um jantar especial (e com preços acima da média), considere o restaurante do Hotel Fasano Angra dos Reis, aberto a não-hóspedes com reserva. Banhado por luz natural, o salão ganha toques praianos graças às cortinas que reproduzem redes de pesca – o menu privilegia os pescados sazonais e lista, por exemplo, fettuccine com lagostim e robalo grelhado com espinafre e palmito grelhado.
Peixes e frutos do mar também são a especialidade do Samburá, que serve especialidades como feijoada de frutos do mar e risoto de polvo.
Na ativa desde 1983, o Bar do Chuveiro ganhou fama graças ao pastel de camarão. Nas duas unidades são servidos ainda PFs de carne, peixe e frango, bobó e espaguete com camarão. Na Ilha da Gipoia, o Bar do Luiz funciona em um gostoso deque sobre a areia desde 1966 – o cardápio também privilegia porções e pratos principais com peixes e frutos do mar.
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O QUE FAZER
Em Angra dos Reis, o mar continua sendo protagonista, mas não está sozinho no roteiro. A cidade reserva histórias contadas por igrejas coloniais e casarões antigos, programas surpreendentes como uma visita a um observatório nuclear e, para os mais aventureiros, mergulhos em meio à vida marinha abundante.
Praias e ilhas
Em primeiro lugar, vale o aviso: para conhecer as belezas de Angra é preciso zarpar. As praias paradisíacas da cidade não ficam no continente, mas nas ilhas. As mais visitadas são as de Cataguás, Gipoia e Botinas. Cataguás, a mais próxima do continente, tem areia branca e mar transparente. A da Gipoia abriga enseadas boas para o surfe e a linda Praia do Dentista e a Praia das Flechas, com alguns restaurantes. Já as belas Ilhas Botinas são mais resguardada dos passeios de barco.
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A melhor forma de conhecê-las é no passeio de lancha – apesar do preço mais alto, as vantagens estão em poder decidir a hora da partida, as paradas e o tempo em cada uma delas. Também é possível escolher um dos roteiros fechados, como os que percorrem, em seis horas, a Praia da Fazenda e as ilhas Botinas e da Gipoia (para conhecer a Ponta da Piedade e as praias das Flechas e do Dentista) ou a Ilha Grande.
Entre as agências que operam os passeios estão a Ilhastur, Oceânica Turismo Náutico, Angra dos Reis Turismo, Doce Angra e Angra Way. As quatro últimas, tal como a Angra Ocean, promovem ainda roteiros de escuna – válidos para viajantes mais animados, os passeios têm mais gente na embarcação, som alto e paradas pré-definidas (por outro lado, são bem mais baratos).
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No continente, a Praia da Figueira tem mar calmo e boa sombra e pode ser acessada por escada na altura da Estrada do Contorno, 6097. Uma das mais visitadas, a Praia Grande (não confunda com a homônima na Ilha da Gipoia) tem casas de veraneio, bares e quiosques, além de píer e subsede do Iate Clube do Rio de Janeiro. No chamado Corredor Turístico da Ponta Leste vale conhecer as praias da Fazenda e dos Maciéis, essa última acessada por trilha de 40 minutos no fim da via. Cercada por costões de Mata Atlântica preservada, a enseada tem mar esverdeado com bonito visual da Ilha Grande.
A Praia do Laboratório, na região oeste de Angra dos Reis, fica encostada à usina nuclear. A água é uma surpresa: morna. A razão? A água usada para o resfriamento das turbinas da usina é canalizada para o mar, que vira quase uma banheira. A piscina natural que se forma é propícia para a prática de snorkel e stand-up paddle. É longe da cidade. São 43 quilômetros de carro do Centro até chegar no acesso pela BR-101. Como o trajeto é mal sinalizado, vale usar o Waze ou o Google Maps.
Mergulho
Angra é um dos melhores lugares para mergulho no país. O mar está repleto de naufrágios, a temperatura da água é amena (entre 15 °C e 20 °C) e há boa visibilidade o ano todo. Só na região da Ilha Grande, que concentra a maioria das agências, vivem mais de 900 espécies marinhas, algumas ameaçadas de extinção. No continente, a Pousada Jamanta é uma das mais tradicionais operadoras de mergulho da cidade.
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Centro Histórico
O centro de Angra dos Reis guarda construções coloniais que atravessaram séculos e ajudam a contar a história do Brasil. Entre igrejas barrocas, praças com chafarizes e casarões preservados, a região convida a uma caminhada sem pressa por ruas que misturam patrimônio arquitetônico e vida local.
É nesse cenário que se revelam joias como o Convento do Carmo, fundado em 1625, a delicada Igreja de Santa Luzia e a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, com fachada simples e interior detalhado.
Na Praça General Osório, o Chafariz dos Dragões, de 1881, virou um dos cartões-postais do centro. Já a Rua do Comércio, é um dos principais endereços para fazer compras.
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O conjunto se completa com espaços como a Casa de Cultura e o Mercado do Peixe. Na Praça Nilo Peçanha estão os prédios históricos da Prefeitura e da Câmara Municipal.
O trajeto pode ser feito por conta própria, já que há placas que indicam os atrativos, mas ganha mais camadas quando guiado por profissionais credenciados, que conhecem bem as histórias por trás das fachadas.
Observatório nuclear
Famílias com crianças e entusiastas de ciência e geração de energia podem fazer uma parada interessante no km 521 da Rio-Santos. Lá fica o Observatório Nuclear da Eletronuclear, de onde é possível avistar Angra I e II, as duas únicas usinas de geração de energia nuclear do Brasil (a primeira está em atividade desde 1985 e a segunda, desde 2001). O observatório e o centro de visitantes são mais recentes, de 2019. A visita é gratuita e percorre painéis interativos sobre o tema, além de réplicas de um reator e de uma usina. O lugar tem estacionamento, banheiros, água e café, também sem custo.
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Como chegar
A partir do Rio de Janeiro, a saída é pela Avenida Brasil – no fim da via, acesse a Rio-Santos (BR-101) e rume até Angra. Quem vem de São Paulo tem três caminhos: o primeiro é pelo Sistema Ayrton Senna/Carvalho Pinto até São José dos Campos, entrando à direita na Rodovia dos Tamoios, ou até Taubaté, pela sinuosa Rodovia Oswaldo Cruz (SP-125), ambas com acesso à Rio-Santos. Outra opção é pegar Ayrton Senna/Carvalho Pinto até o fim e, depois, a Via Dutra até Barra Mansa. De lá, desça na RJ-155, que passa por Rio Claro e Lídice.
Como circular
A circulação entre as ilhas pode ser feita de lancha, por um valor mais alto e com roteiros personalizados, ou de táxi-boats (também chamados de botes). Mais baratas e menos confortáveis, essas embarcações realizam um serviço de táxi no mar, isto é, transportam os turistas de um local para o outro e cobram por esse percurso específico em vez de passar o dia à disposição deles (hotéis e pousadas indicam barqueiros).
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