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5 lições de casa que os aeroportos brasileiros precisam fazer

Estudo da consultoria A.T. Kearney destaca questões que devem ser ponderadas para que os aeroportos virem plataformas de crescimento econômico para o país

Por Daniela Moreira, da Exame.com
Atualizado em 16 dez 2016, 00h42 - Publicado em 29 mar 2012, 17h18

A concessão dos aeroportos de Viracopos, Guarulhos e Brasília à iniciativa privada foi um passo importante rumo ao desenvolvimento do sistema aeroportuário brasileiro, mas há ainda muito o que fazer, na opinião da consultoria A.T. Kearney.

O estudo traz algumas recomendações da consultoria para que os aeroportos cumpram um papel estratégico no desenvolvimento econômico do país.

“O debate ficou muito focado na licitação, mas o grande momento é daqui para frente. É preciso enxergar os aeroportos como plataformas de crescimento econômico”, opina Tiago Monteiro, diretor da consultoria.

Questões como o esgotamento na capacidade para atender o aumento no número de passageiros e os atrasos e cancelamentos de voo devem ser debatidas, mas o planejamento estratégico das concessionárias deve ir além, na avaliação da consultoria.

Veja quais são os pontos considerados estratégicos pelo estudo para que os aeroportos brasileiros realmente decolem:

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1. Definir o modelo de negócio

Cada aeroporto deve ter um modelo de negócios diferente, dependendo de fatores como localização geográfica, proximidade a centros urbanos, atratividade turística, complementaridade e concorrência com outras opções de transporte locais, entre outros. Compreender e definir a vocação ideal do aeroporto é um ponto crítico, segundo o estudo. “O potencial comercial de Brasília não é o mesmo do Rio ou de São Paulo”, diz Monteiro.

O modelo de negócios deverá ser definido em função das possíveis fontes de receita – parcerias com lojas e outros prestadores de serviços devem entrar na conta, por exemplo. O foco de atuação – será transporte de passageiros ou carga? é possível atuar como plataforma de apoio à exploração? – também deve entrar na conta e influenciar o perfil dos investimentos – por exemplo, a dimensão e as características dos terminais.

2.Tornar o negócio rentável

Para a consultoria, a diversificação das fontes de receita é um fator determinante para o sucesso dos aeroportos. No Brasil, as receitas não-aeronáuticas – ligadas a lojas, hospedagem, estacionamentos e publicidade – ainda são pouco exploradas, na avaliação da consultoria. “Mesmo os aeroportos mais completos, como o de Guarulhos, ainda deixam muito a dever a aeroportos de padrão internacional”, avalia Monteiro. A A.T. Kearney calcula que há um potencial de crescimento de 22% nestas receitas para todo o sistema aeroportuário brasileiro – que inclui 66 aeroportos.

A otimização na gestão das operações, com ajuste de recursos e melhoria da produtividade, também é um caminho para a rentabilidade, segundo o relatório. “Tendo por base o número de movimentos de aeronaves por pista, o potencial de melhoria pode atingir os 20% na média de todo o sistema”, diz o documento.

3. Fazer parcerias

Estabelecer uma rede de alianças estratégicas é outro requisito para o sucesso dos aeroportos, segundo a consultoria. O relatório recomenda parcerias com marcas (desde o segmento de varejo até o de alto luxo) e empresas de referência – incluindo companhias aéreas – que contribuam para atrair e reter tráfego e fluxo de passageiros. Contratos com empresas com experiência privada na gestão de aeroportos e prestadores de serviços especializados – como transfer, hospedagem, concierge, etc. – também são recomendados.

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4. Adotar uma boa governança

O equilíbrio de interesses entre os membros dos consórcios devem ser assegurados através de regras e mecanismos de decisão eficazes e transparência quanto aos objetivos de cada parte, segundo o relatório. A presença da Infraero como sócia deve ser usada a favor do negócio, recomenda a consultoria. “[A Infraero deve] facilitar a regulação e equilíbrio no sistema aeroportuário e facilitar o relacionamento com os stakeholders e agentes (controladores aéreos, sindicatos de funcionários) do foro público”, diz o documento.

5. Reconhecer o potencial econômico indutor dos aeroportos

“Reconhecidamente em muitos países e regiões, os aeroportos são importantes motores de desenvolvimento econômico nacional, regional e urbano, cumprindo uma função importante no crescimento econômico”, destaca o relatório. É com esse olhar que a consultoria recomenda que as concessionárias olhem para os aeroportos brasileiros. “[O aeroporto de] Schiphol é considerado o principal porto da economia holandesa, pelo seu papel como plataforma de comércio internacional”, exemplifica o relatório.

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Para que isso aconteça no Brasil, é preciso que os gestores dos aeroportos, em conjunto com outros atores da indústria, do comércio e do governo, se articulem e façam planejamentos de longo prazo, segundo a consultoria. Estruturas como parques industriais, conjuntos de escritórios e centros logísticos podem ser planejados em função da existência do aeroporto no local.

“No caso de Dubai, o setor da aviação é reconhecido com um motor primordial para a emergência do emirado como um centro global de negócios, comércio e turismo, diz o estudo. Segundo um levantamento da Oxford Economics, o setor suporta direta e indiretamente mais de 250 mil empregos (19% da população ativa do emirado), movimentando mais de 22 bilhões de dólares anuais (28% do PIB de Dubai).

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