As histórias de três cidades do Brasil que têm origens europeias
Conheça três lugares que conservam as raízes e peculiaridades dos seus antepassados imigrantes
A cultura brasileira é maravilhosa e muito preciosa. É uma mistura de diferentes costumes provenientes de várias partes do mundo. É a pluralidade que enriquece o nosso país.
Porém, há cantinhos por aí que ainda guardam suas culturas originais com muito carinho. Para esses imigrantes é importante preservar a memória de antepassados, não perder suas raízes e conservar as peculiaridades que fazem esses lugares serem tão apreciados e únicos no território brasileiro.
A emigração europeia – a que ocorreu durante os séculos 19 e 20 – para o Brasil foi marcada pela fuga de guerras e conflitos que aconteciam no velho continente. As famílias fugiam, chegavam aqui aos montes e acabaram por criar verdadeiras colônias. Hoje, os locais que esses grupos escolheram para se estabelecerem possuem uma atmosfera campestre, gostosa e relaxante, graças à alta qualidade de vida. Aqui vão as histórias de algumas dessas cidadezinhas, para você se encantar e querer ir visitar no próximo feriado.
1. Holambra (SP)
Essa cidade já começa curiosa no nome. Holambra é uma palavra que junta as sílabas de outras três: “hol” de Holanda, “am” de América e “bra” de Brasil. Localizada bem pertinho de Campinas, foi fundada oficialmente em 1991, mas sua raiz holandesa data do final da década de 1940, após a fuga em massa de uma Holanda destruída pela Segunda Guerra Mundial.
Cerca de 500 imigrantes neerlandeses aportaram em terras brazucas. Logo começaram a trabalhar com a produção de laticínios com gados holandeses que trouxeram para o país, mas foi com as flores que a cidade floresceu.
Na própria Holanda, o hábito de cultivar flores, principalmente tulipas, é muito forte, – como no Parque Keukenhof em Lisse, que conta com mais de sete milhões exemplares. Assim como o país é conhecido como “o jardim do mundo”, Holambra quis ser o jardim do Brasil e, em 1970, passou a cultivar, produzir e vender flores e plantas. Atualmente, é o maior exportador do produto em toda a América Latina, além de ser responsável por 40% da produção nacional.
É possível visitar floriculturas o ano inteiro, mas é em setembro que o maior evento da cidade acontece. O Expoflora junta exposições das famosas tulipas e outras plantas, além de realizar uma parada, com direito a chuva de pétalas e muita música, artesanato e danças típicas dos Países Baixos.
2. Blumenau (SC)
Casinhas enxaimel e cervejarias já dão uma dica sobre a origem da cidade. Mas, é quando os habitantes abrem a boca que tudo realmente fica claro. Em Blumenau, 53% das pessoas declaram o alemão como a sua língua materna – o restante se divide entre o português (28%) e o italiano (16%).
A imigração de alemães para Blumenau começou graças a Hermann Blumeunau – daí o nome da cidade – que povoou a região com 17 imigrantes que ele trouxe diretamente da Alemanha, em 1850. Esses germânicos enfrentaram muitas dificuldades. Para começo de conversa, a região que eles tomaram pertencia aos índios xoclengues, o que gerou diversos conflitos. Além disso, graças à proximidade com o rio Itajaí, enchentes eram muito comuns na área, o que dificultava a construção de casas.
Com a ajuda do imperador Pedro II, eles conseguiram fazer a cidade crescer. Hoje, Blumenau é um dos principais pontos econômicos do estado de Santa Catarina, devido à grande produção da indústria têxtil que se estabeleceu por lá.
Cervejarias artesanais também são muito comuns e um mercado amplamente explorado. A Oktoberfest de Blumenau é a segunda maior festa da cerveja do mundo, perdendo somente para a edição do evento em Munique. A gastronomia fica por conta de comidas típicas, como o marreco recheado, o joelho de porco (eisbein) e a bisteca defumada (kassler). Grupos de danças e de música animam essa que é uma das maiores festas populares do país. Se passar por lá, não deixe de apreciar o Concurso de Chope em Metro!
3. Bento Gonçalves (RS)
Durante a unificação que definiu a Itália como país, vários camponeses perderam suas terras para o Estado graças aos altos impostos do governo. Isso deu início a uma grande debandada de italianos para o exterior. Boa parte deles veio para o Brasil devido à demanda de mão-de-obra livre (ou seja, não escrava) para trabalhar nas lavouras e em fazendas.
Foi em 1875 que a região de Bento Gonçalves foi ocupada por italianos. Ali, eles receberam terras, onde podiam morar e plantar tanto para consumo, como para venda. Assim, a economia da área cresceu.
Juntando imigrantes italianos e uma região serrana, não poderia dar em nada se não em bons vinhos! Vinícolas como as grandes Casa Valduga e Miolo promovem degustações e atraem o turismo para a cidade. Os turistas também costumam frequentar o Vale dos Vinhedos, as antigas casas italianas dos Caminhos de Pedra e fazer o passeio de Maria-Fumaça.
Hoje, é a viticultura é a principal atividade econômica da região. Bento Gonçalves leva o título de maior produtora de vinhos de toda a Serra Gaúcha – a qual já é maior área vinífera do Brasil – com cerca de 60% da produção.
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