Nova York tem mais de 25 mil restaurantes. Uns se destacam por seus pratos, outros pelo conceito e o Warung Selasa, pelo tamanho. Localizado no Queens, ele é considerado o menor restaurante da cidade, com apenas uma mesa. A proposta está descrita no nome em malaio: Warung significa “pop up” e Selasa, “terça-feira”. Ou seja, só funciona às terças.
Para encontrar a mesa amarela onde é servida a refeição, basta entrar no pequeno mercado de produtos da Indonésia chamado Indo Java e seguir pelos corredores com prateleiras repletas de produtos como chás, alimentos, bebidas, guloseimas e itens que eu desconheço completamente.
Tudo começou quando Dewi Tjahjadi decidiu criar um ponto de encontro para a comunidade da indonésia do bairro de Elmhurst. Em 2018, já com a turma de compatriotas unida, passou a preparar almoço um dia por semana no fundo do mercado, mas, como o espaço era limitado, o jeito foi se virar como dava: atendendo dois clientes por vez em uma única mesa dobrável.
Não existe cardápio: Dewi decide o que vai cozinhar de acordo com a oferta dos ingredientes frescos que encontra. Muitos deles vêm ali mesmo das prateleiras do Indo Java. Propaganda também não tem: sua legião de fãs foi conquistada no boca a boca e chegou na redação do New York Times, que baixou por lá não apenas uma, mas três vezes, e registrou a história.
Entre os clássicos indonésios que Dewi oferece estão o nasi campur (vegetais com curry de tamarindo, arroz e proteína), nasi gudeg (jaca cozida em leite de coco com arroz, frango, carne picante e ovo) e soto ayam (canja de galinha com cúrcuma, crackers de camarão e macarrão). Ela serve um único prato por dia e para saber qual vai ser a pedida da semana, basta consultar sua página no Instagram @warungselasa.
No dia em que visitei a adorável Dewi, conheci sua diminuta cozinha onde cabe apenas ela e pude acompanhá-la montando o meu pedido. Perguntei a razão de não ampliar os dias de atendimento e ela me contou que faz tudo sozinha e cada prato leva cerca de três dias na preparação. É tudo bem artesanal.
Minha refeição chegou à mesa – a única, você já sabe – num prato de plástico delicadamente decorado com um pedaço de folha de bananeira. Segundo a antenada Dewi, a mesa amarela deixa o prato mais fotogênico e faz a alegria de quem, como eu, quer fazer uma bela foto.
A especialidade do dia era o Soto Betawi, uma espécie de ensopado com carne bovina, tripa e legumes cozidos no leite de coco, acompanhado de arroz branco e crackers de alho. E estava realmente muito saboroso, com jeito de comida caseira (mesmo que eu nunca tenha pisado na Indonésia, acredito que seja assim por lá). Foi no mínimo curioso comer cercada por pessoas que estavam ali fazendo compras em meio a caixas e prateleiras repletas de produtos indonésios, como pacotes de macarrão instantâneo, temperos e quetais.
Enquanto eu comia, outros clientes chegaram para buscar seus pratos que Dewi também oferece na versão “to go”. Caso haja uma ocasião especial, ela também pode ser contratada para cozinhar na casa do cliente.
Em cima de uma pilha de caixas, reparei que havia embalagens plásticas com doces, bolos e outras comidas. Dewi me contou que elas são produzidas por imigrantes indonésias, a maioria mães de famílias que não têm emprego fixo, e que ela vende para dar aquela força para as amigas.
Os pratos do Warung Selasa são servidos a partir das 11h até o fim do estoque, que costuma acabar lá pelo meio meio da tarde. E se você perder, já sabe: só na próxima terça.
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