Corriam os anos 20 na tradicional Lisboa. Não havia quem quisesse estar elegante e na moda que não usasse luvas – de verão, de inverno, leves e rendadas, pesadas contra o frio… A pequena portinha no número 87A da Rua do Carmo, estrategicamente localizada entre a Baixa e o Chiado, chegava a formar longas filas na porta. Pudera: ali dentro, em um espaço de não mais que 4 metros quadrados com toques art deco, faziam-se as mais finas luvas da cidade, sob medida, à mão.
Passaram-se décadas e o ritual na Luvaria Ulisses continua o mesmo. É só chegar ao balcão que o Sr. Carlos Carvalho, um dos sócios e funcionário da casa desde os idos de 1974, tira logo as medidas e traz o par escolhido para ser experimentado (para se ter uma ideia do preciosismo, existem sete diferentes tamanhos oficiais só para as mulheres – e, entre um e outro, eles variam em 1/4 de polegada para que fique perfeito).
O cliente pousa então o cotovelo na almofadinha do balcão, o especialista abre cada dedo com uma longa pinça de madeira, borrifa talco e pronto. É praticamente garantido que vai cair… (perdoem-me o trocadilho) como uma luva. O grand finale é ter a mão escovada com um delicado pincel.
No estoque há sempre dezenas de modelos à disposição, de diferentes cores e acabamentos, mas é possível encomendar modelos exclusivos. Já foram desenhados exatos 108. O material pode ser pelica de cabra ou de ovelha, couro de veado ou de pecari (animal que lembra um javali) e nobuck de vitela. Para forrar, as opções são seda, cashmere, pele de coelho…
Ao que interessa: ter uma preciosidade da única luvaria remanescente em Portugal custa entre € 49 e € 180. A viagem no tempo vem com garantia: em caso de qualquer defeito ou desgaste com o tempo, basta enviar o par pelo correio que a reparação é por conta da casa – e sem data de validade!
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