Além-mar
Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
Tia Alice, em Fátima: o melhor restaurante de Portugal?
Uma peregrinação ao santuário só fica completa com uma romaria à casa mais famosa da região
Qual o melhor restaurante do país? Tia Alice, em Fátima.
Quem disse foi o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista concedida ao Jornal Sol (leia na íntegra aqui). E, a julgar pela multidão que peregrina em romaria à casa aberta pela dona Alice Marto quase 30 anos atrás, ele não está sozinho. Tony Ramos, Ana Maria Braga, Xororó… difícil haver um brasileiro famoso que vá à cidade e não bata ponto no Tia Alice. Não famosos então…
Quase tão conhecido quanto o próprio Santuário de Fátima, o restaurante faz jus aos elogios que recebe dos quatro cantos. O menu é curto e certeiro. Tia Alice gosta de dizer que só serve o que sabe fazer melhor.
E o que ela sabe fazer melhor ela faz realmente bem. Depois de provar o bacalhau gratinado com camarão a vontade é de voltar simplesmente todos os dias da vida para repetir o prato.
E ainda teve mais. A gula apontou para o “arroz de pato do campo” que demora meia hora para chegar à mesa (o aviso está no menu!). Ele chega soltinho, levemente defumado, coroado por generosas fatias de bacon.
A lista das especialidades da Tia Alice, que ainda dá expediente na cozinha todos os dias, inclui belos nacos de vitela assada em forno a lenha, açorda (espécie de creme à base de miolo de pão) de camarão ou bacalhau e um famoso arroz de robalo e tamboril.
E quando você acha que nada mais é capaz de surpreender, vem a carta de sobremesas, junto com a recomendação da casa: bolo do convento acompanhado por uma tacinha de vinho do Porto Vintage.
Só tenho uma palavra para descrever: SAUDADE. À base de doce de ovos, a torta chega com a casquinha crocante e o recheio macio e generoso, coberta de açúcar e escoltada por uma singela framboesa.
Quem ousar escolher outro doce provavelmente não vai se decepcionar. O leite-creme (como os portugueses chamam o crème brûlée) que desfila pelos salões com paredes de pedra à vista e luminárias de linho é dos mais bonitos que já vi.
Depois da orgia, a culpa pode ser confessada logo ali em frente, na Paróquia de Fátima 
. Ou amenizada em uma volta a pé ao centro da cidade, distante cerca de 3 quilômetros. 
Em tempo: uma refeição completa para duas pessoas custa entre € 60 e € 70. E inclui as saudades que você vai sentir depois.
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